setembro 12, 2008

a bem da nação

No passado dia 8 do 8 do ano 8 decorreu mais uma cerimónia dos jogos Olímpicos transmitida para todo o planeta. Para uns jogos que custaram duas vezes mais que os anteriores jogos mais caros de sempre, Atenas 2004, ou seja sete vezes mais que Sidney 2000 e 32 vezes mais que Los Angeles 1984 [1] seria de esperar uma cerimónia explosiva, perfeita, inesquecível e com um selo de autenticidade chinesa. Uma autenticidade a fazer relembrar os jogos de 1936. Desde a sua arquitectura e ideais até ás ligações que unem os seus criadores, uma espécie de afirmação completa daquilo que teriam sido os Jogos Arianos.


O arquitecto de Pequim foi Albert Speer Jr., filho de Albert Speer o "Arquitecto do Diabo" dos jogos Olímpicos de Hitler. As avenidas esculpidas do outro lado do planeta têm influências [2] dos planos desenhados para Berlim e não concretizados [3]. Planos que assumem o controlo completo do espaço e capazes de transformar ou melhor trucidar tudo em função dos designios planeados, chamada de "arquitectura totalitarista".

Tudo nestes jogos olímpicos de 2008 tem a marca da Grande China, e o espírito nacionalista dos seus cidadãos é levado ao rubro. Desde a construção do mais belo estádio ao mais eficiente complexo de natação; o controlo da pluviosidade com bombas de hidrogénio; a necessidade de ganhar mais medalhas que todos os outros países; a destruição de milhares de lares com fins estéticos; e no final o mais belo fogo de artificio lançado ao som de uma sublime voz.


Nestes últimos dois casos, foi recentemente noticiado que afinal nem tudo o que parece é. Nem o fogo de artificio visto na TV no mundo inteiro nem a miúda que ouvimos cantar na cerimónia são reais, são ambos fruto desta necessidade ou maquinação de projecção de uma determinada estética. Uma estética altamente politizada que busca exprimir a perfeição, ou melhor a superioridade de uma nação e com isso alimentar a sua força interna.

Se para o espectáculo visual criado pelo fogo de artificio se utilizaram efeitos especiais que segundo "Gao Xiaolong, head of the visual effects team for the ceremony, said it had taken almost a year to create the 55-second sequence" [4]. Já para a belissima voz ouvida no Ninho e difundida por todo o mundo, os responsáveis chineses preferiram não arriscar na tecnologia e colocar antes uma menina bonita a fazer playback.


Yang Peiyi (em cima à direita) foi impedida de actuar no Ninho, mas apenas fisicamente e devido aos dentes tortos, uma vez que a sua voz foi escolhida e utilizada. Para tornar presente a voz, foi escolhida uma outra menina, Lin Miaoke (em cima à esquerda), mais perfeitinha para aparecer e apenas sorrir em playback. A explicação dada ilumnia bem tudo o que foi dito aqui atrás:
The reason why little Peiyi was not chosen to appear was because we wanted to project the right image. The reason was for the national interest. [5]


[1] About.com
[2] Daily Times
[3] TimesOnline
[4] Telegraph
[5] TimesOnline2

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