novembro 15, 2009

Medo de se enredar


10 Games We're Scared to Play
We check out 10 games we're terrified to play, for fear that they'll ruin our social lives.

novembro 14, 2009

Pintar com vídeo

O que se pode apreciar no vídeo abaixo é fascinante. Fica no entanto um sabor amargo porque apesar de ter procurado, não consegui encontrar suficiente detalhe para explicar melhor o que está por detrás da tecnologia. Deixo aqui o que encontrei num texto do Wooster Collective.
Multimedia performers Sweatshoppe have been wheat pasting buildings with moving images all over New York. Mapping video projections to LED-lit paint rollers, Sweatshoppe lay their projections on a surface, paint-stroke by paint stroke. They call new digital performance style "Video Painting".

How it works: The software controlling the video was written in Max. The paint roller does not use any sort of paint, it simply contains green LEDs. The software tracks the color green and outputs the x y position which are sent to drawing commands and the strokes are textured with video.

Sweatshoppe is video artists Bruno Levy and Blake Shaw. They plan on eventually releasing the software, but only after it is much more refined, buffed up with features and is user-friendly.



UPDATE 24 Novembro 2009

Afinal não vi com suficiente atenção o vídeo e pensei que a tecnologia em uso era mais avançada. Explico porquê. Há dois anos tivemos um trabalho no Mestrado em Tecnologia e Arte Digital chamado Virtually Painting realizado por três alunos nossos - Heduino Rodrigues, Jorge Sousa e Nuno Nogueira. Que fazia uso de rolos de tinta para pintar paredes com fotografias utilizando a visão por computador.

Virtually Painting (2008) de Heduino Rodrigues, Jorge Sousa e Nuno Nogueira

Entretanto quando vi este trabalho não me apercebi de imediato que também usavam a projecção e pensei que havia algo mais físico na tinta. Assim sendo o projecto continua a ter interesse, até porque aqui trabalham com vídeo e em ambiente exterior, mas na verdade o trabalho dos nossos alunos continua a estar na vanguarda. Aliás o mesmo foi galardoado com um Vale Inovação de 25 mil euros para ser aplicado em ambientes publicitários e esteve recentemente em exibição nos Açores tendo a RTP feito uma reportagem sobre o mesmo.

novembro 12, 2009

Pré-história e mortalidade, quem somos no Facebook

Como partilhar online com os outros informação sobre quem somos. Esta não é uma questão de hoje, é uma questão que nasceu com a criação de comunidades de seres humanos nos tempos das cavernas ainda e nos quais era necessário, ou melhor, uma condição de sobrevivência, realizar uma boa gestão da informação partilhada com o grupo para poder manter-se no seio da comunidade. O facto de um dos elementos não gostar do líder, ou de ter uma paixão pela mulher do líder, se partilhada poderia gerar em pouco tempo, num efeito de boomerang, uma resposta que poderia ter implicações muito nefastas sobre a sua permanência no grupo. Não podemos esquecer que sem o grupo dificilmente um individuo sobreviveria sozinho, é essa a condição mamífera.

Ora o que temos hoje é por um lado o abandono completo destas formas comunitárias no plano físico. Ou seja as pessoas vivem cada vez mais apenas com a família nuclear (pais e filhos) num apartamento/moradia numa cidade onde não conhecem os vizinhos do prédio ou da casa ao lado. No emprego falam de trabalho e banalidades evitando a partilha do íntimo, restringindo os relacionamentos. As crianças/adolescentes chegam à escola pela manhã e socializam até ao meio da tarde, depois começam as actividades de aprendizagem "forçada" e no final voltam para a concha familiar.

Assim o que nos resta? As comunidade virtuais. São o grande escape para esta avassaladora necessidade de contacto, partilha e socialização que nos é inerente como humanos, e como espécie mamífera. Não conseguimos (salvo raríssimas excepções) viver sozinhos, sequer estar sozinhos. O grupo, a comunidade e a tribo foram e são vitais para a manutenção da sobrevivência da espécie, para a sobrevivência do indivíduo (arranjar comida e proteger-se dos perigos). Como tal isso tem fortes implicações sobre a cognição e emoção que operam um constante desejo de proximidade e companhia dos da mesma espécie. É inata a condição de criação de vínculos, de afectos e consequentemente de socialização

Assim e no contexto actual de vivência enclausurada entre paredes com trincos à porta, porque vivemos um medo constante, medos dos Outros, um medo fortemente fomentado pela partilha de informação à escala global. Temos um rapto de uma criança em Portugal e isso tem implicações directas sobre as vivências das comunidades no interior do estado do Utah, ou num bairro de São Paulo, ou nas brincadeiras das crianças das ruas de Praga. E esquecemos que a nossa espécie popula o planeta com cerca de 6,8 mil milhões (6 800 000 000) de seres, algo já de si inatingível para a nossa compreensão da espécie. Mas se acrescentarmos a isto o facto de por ano morrerem no nosso planeta 55 milhões de pessoas, ou seja quase duas pessoas por segundo, julgo que as coisas se tornam mais claras para todos nós. Sobre o real valor de uma morte para o planeta em que vivemos.

Destes desaparecimentos as causas estão praticamente todas ligadas a condições fisiológicas (a saúde) sendo que os acidentes de actos resultantes de actos não intencionais (aparecem apenas em nona posição). Aparecendo as causas intencionais como guerra, assassínios, suicídios e violência apenas em 15º. A possibilidade de morrermos de ataque cardíaco é 5 vezes superior a morrer num acidente fruto do acaso, e 10 vezes superior a morrermos por uma causa violenta intencional. Nunca vivemos tempos de tanta paz, tranquilidade e calma em toda a história da humanidade. Evoluímos muito, aprendemos a controlar os ímpetos, a saciedade das necessidades básica (Pirâmide Maslow, com tudo o que ela tenha de suspeito, continua a ser um bom macro-indicador) elevou-nos para outra condição. A este propósito veja-se a conferência de Steven Pinker sobre o Mito da Violência na TED.


Assim a informação global desenvolveu aos poucos uma corrente retro-alimentada de Medo que nos vai empurrando para o aprisionamento dentro de nós, para o mascarar de si, que nos impede de partilhar quem somos. Que nos impede de sermos nós próprios. Por outro lado as comunidades virtuais vieram preencher esse vazio criado pelo medo. A partilha que fazemos enquanto utilizadores nestas comunidades raramente é consciente, porque é uma necessidade absoluta que temos enquanto sujeitos. Claro que podemos usar a informação em nosso proveito, mentindo, etc. Mas isso é o que sempre fizemos. Sempre utilizámos a mensagem em função do meio para condicionar, manipular o próximo.

Ora o que está em jogo nas actuais comunidades virtuais e difere das anteriores está relacionado com o controlo da recepção. Agora não podemos controlar quem receberá a informação, sendo publicada em meio aberto fica à disposição de qualquer um para poder fazer o que bem entender com ela. Por outro lado tem uma enorme vantagem face ao modelo anterior, a diminuição do boato ou do diz que disse. Porque qualquer receptor pode dirigir-se à fonte da informação sem ficar limitado ao que o mensageiro lhe traz e assim confirmar ou não a informação. Ou seja o agente, nós, tem de aprender a lidar neste novo modelo, saber que pode potenciar a comunicação para muitos, e que isso joga em favor da comunicação da sua mensagem, do quem ele é realmente. Mas como tal corre mais riscos porque muito mais exposto e como tal terá de usar de toda a arte de gestão e manipulação da informação para que esta não crie efeitos de boomerang. Exemplos como a perda de emprego após a empresa ter tomado conhecimento das ideias do seu empregado publicadas num blog, facebook, etc. é cada vez mais uma realidade. Faça-se uma busca no google por "How to Lose Your Job on facebook" e veja-se como assunto prolifera.

Mas não é só uma questão de gestão de informação para muitos receptores que está em causa. O facto de passarmos a depender de uma estrutura externa (ex. Facebook) para afirmar quem somos, em vez de nos afirmarmos pela nossa pessoa presencialmente e fisicamente levanta outros problemas mais complexos. A identidade presente no facebook adquire assim um novo estatuto, um estatuto que lhe permite servir de indicador sobre o que é real ou não é. Como diria o nosso Baudrillard, passámos então a viver numa hiperrealidade em que a imagem (profile Facebook) é a realidade, e em que o real já pouco ou nenhum valor assume. Assim sendo criámos um problema e que reside no facto de precisarmos de manter um controlo apertado dessa identidade virtual, de outro modo poderemos sofrer consequências reais. Assim já não precisamos apenas de cortar a barba, tomar banho, vestir roupa lavada para socializar mas precisamos de manter a nossa presença virtual como algo capaz de representar-nos, de representar os nossos objectivos. E aqui corremos alguns perigos, perigos esses que são directamente proporcionais à quantidade de informação partilhada pela identidade virtual.

Um filme de 1995, The Net, vendia-nos esta história. E naquela altura pareceu-nos apenas mais um filme sobre geeks e computadores muito longe da realidade. Mas hoje não falamos de controlos de bases de dados governamentais, dos registos de saude ou de IRS, embora lá chegaremos em breve. Mas falamos de uma identidade virtual que se espalhou a um ritmo estonteante e no qual simplesmente as pessoas se dão a conhecer, como querem que os outros os vejam. E é aí que reside a questão, se enquanto comunidade acreditarmos naqueles perfis, e acreditamos, então a usurpação de um destes perfis por parte de alguém menos bem intencionado pode ter vários efeitos de boomerang sobre a pessoa a quem a identidade virtual foi assaltada. E é sobre isto que nos fala o grupo Control Your Info. Com várias acções de intervenção no Facebook já o demonstraram e estão a fazer um trabalho no mínimo formativo no sentido de ajudar as pessoas a reflectir sobre o real potencial de uma identidade virtual, e sobre os seus impactos.

Dou-me conta que este é mais um perigo que nos vem afastar da partilha e do espirito comunitário. Como tal julgo que o perigo deve ser visto antes como algo que nos deve ajudar a reflectir sobre o a importancia eo alcance destes meios. Nos deve ajudar a tomar medidas no sentido de proteger o que é nosso, e não descuidar. Casos como os colegas que deixam facebooks abertos nos empregos e permitem que colegas usurpem passwords são o mais comum método de conseguir acesso. Não pensem que falamos de grande programadores que penetram as redes por meio de conhecimentos muito elaborados. Um dos maiores hackers da história e que esteve preso por vários anos, não era grande programador e considerava-se antes de mais um perito em engenharia social. Na maior parte das vezes o nosso maior problema está por perto e como tal o que interessa é que devemos pensar em proteger essa informação.

Por outro lado e tão importante é que devemos parar e reflectir seriamente sobre o que queremos que os outros vejam em nós e não recorrer à partilha por impulso, tão banalizada por ferramentas como o Twitter ou os comentários rápidos no Facebook "What's in Your Mind" no qual expressamos o que nos passa pela cabeça num determinado minuto ou momento, porque estamos chateados ou alterados, porque alguém nos incomodou, ou porque não gostamos de uma determinada atitude. No mundo real uma frase destas é transmitida pela ar e desaparece nos ouvidos dos poucos que estão por perto que dificilmente poderão provar o acontecido. Aqui ficam registos de tudo, é uma extensão de nós que nos vai registando e catalogando...

novembro 11, 2009

CFP: Screens and Sociotechnical Attachments

Call for papers: Journal Comunicação e Sociedade
Communication and Society Research Centre, University of Minho, Portugal

Special Issue: Screens and Sociotechnical Attachments

Screens as designed interfaces play a central role in the 21st century digital era: they mediate our daily activities, shape our cultural and technological imagination, and have an undeniable human significance. In this issue of Communication and Society on ‘Screens and sociotechnical attachments”, we are especially interested in computer screens, cinema and video screens, screens incorporated in urban spaces, as well as on those that are wearable. We focus on these kinds of screens and related information technologies and ask what its implications might be for the way people communicate and interact in private and public spaces.

Areas that might be explored under this general concern include, but are by no means limited to, the following:

- the many different roles of “screen”,
- the changing concepts of the screen or its social history;
- the presence of screens in the urban landscape, their implications for shared engagement and social experience;
- the interactions between “old” semiotic resources and new technologies;
- the way screens shape perception and the logic of visual reading:
- the play out between visibility and invisibility;
- the discourses that are a part of screens experiences;
- the embodied and social nature of pleasures, as well as of the “pains” associated with screens.

In this issue we especially encourage essays, but empirically-based papers will be accepted as long as their results are considered theoretically relevant.

Comunicação e Sociedade is a peer reviewed journal and operates a double-blind reviewing process. Once a paper has been submitted it is distributed to two reviewers who are asked to assess it on its individual merits according to academic quality, originality and relevance to the aims and scope of this issue.

Manuscripts should be sent by email as a Word attachment to j.pinheiro.neves@gmail.com by the 31st January 2010. Notification of acceptance decisions will be communicated via email by the beginning of March 2010.

See editorial and Manuscript Submission Guidelines.

Working languages: Portuguese, Spanish and English

This issue on ‘Screens and Sociotechnical Attachments” will be published by July 2010.

Trem de carros

Está aí um novo projecto europeu (FP7) que deverá revolucionar o futuro da paisagem nas estradas Safe Road Trains for the Environment coordenado pela Ricardo UK Ltd. É um projecto que pretende libertar os condutors da tarefa de condução, podendo dedicar-se a fazer qualquer outra coisa no interior do seu carro. Nada de novo quanto aos objectivos, andamos nisto há décadas, mas aqui temos um novo elemento que acredito poderá mudar radicalmente o estado actual, e passa pela inserção da componente humana na equação. Ou seja o processo baseia-se na existência de um carro de fila que funciona como locomotiva guia e esta é conduzida por um humano. Para perceber como funcionará este novo modo de conduzir, veja-se as imagens abaixo retiradas da BBC, que conseguem traduzir visualmente a ideia de forma perfeitamente clara (excelente trabalho de infografia).

How a road train could work

The driver's sat-nav indicates that there is a road train ahead that is following some of his/her planned journey.

The driver approaches the road train, which is controlled by a professional driver at the front, and indicates that he/she wishes to join.

The road train takes control of the extra car, pulling it close to cut air drag and save about 20% in fuel consumption.

The drivers can relax until they wish to leave the road train, at which point they signal their intention to the driver at the front.

A bigger gap will be made to allow the car to leave and control of the vehicle will be returned to that driver.

Digo-vos, esta é a reposta ao meu sonho, para quem tem de fazer várias vezes por semana o percurso Aveiro-Braga-Aveiro por auto-estrada, isto é a resposta que poderia ajudar-me a traduzir as 3 horas de percurso perdidas, em tempo de trabalho útil ou até lazer.
Estive envolvido em tempos no desenho de uma proposta de sistemas inteligentes e de companheiros virtuais para carros e desde então e porque realizo estas viagens perco imenso tempo a pensar nisto. Sem dúvida que enquanto eu tiver de manter o controlo do volante nada mais além do Audio é possivel de ser equacionado. A conjunção da necessidade visual com necessidade de interacção humana é fatal. A simples escrita de SMS ou consulta de informação visual interactiva (consultar e-mail, ver o tempo) produz demasiado desequilíbrio na Atenção, sendo que o canal menos perturbador continua a ser o audio (rádio, música e audiobooks).

novembro 10, 2009

Curso XNA na Videojogos2009

Passatempo: Curso XNA com SPCV e Hotel As Américas

A TakeitGame alia-se à Sociedade Portuguesa de Ciências dos Videojogos (SPCV) para poderes usufruir das últimas vagas no curso de XNA, ferramenta de produção de jogos para Xbox 360, com a garantia da Microsoft. O curso realizar-se-à nos dias 24 e 25 de Novembro e serve como abertura ao evento Videojogos2009, evento em que a TakeitGame é o parceiro media oficial.

Além disso, e como o curso tem a duração de dois dias, e em estrita parceria com o Hotel As Américas****, tens uma noite gratuita no hotel mais luxuoso da cidade de Aveiro, em quarto duplo, em regime de alojamento e pequeno-almoço. Este hotel moderno situa-se a escassa distância da Universidade de Aveiro, onde decorrerá o curso XNA.

Aos três participantes mais originais, a TakeitGame tem para oferecer uma vaga no curso XNA e, destes, o mais original terá estadia gratuita no hotel As Américas****.

novembro 09, 2009

curta: Un tour de Manège

Uma animação impressionista desenvolvida por 5 alunos, Nicolas Anthanè, Brice Chevillard, Alexis Liddell, Francoise Losito, e Mai Nguyen, da Gobelins, l'école de l'image. Funciona o movimento tonal da cor e a narrativa esboroada que requer a nossa atenção e o seu preenchimento mental.
Saying so much by doing so little, Un tour de Manège gets it right. It’s tactile: full of tonal and shading effects, chalky, and sprinkled in baby-powder. It’s innocent: tapping into the existential dramas of childhood, and like many works from the Gobelins school, crystallizing emotions like fear and loneliness in graphical simplicity. These moments are brief, but define a coming of age for the character, and help to humanize the inherent flaw by providing an escape from reality. Liberation by imagination. [Motionographer]

5th Internacional Conference of Digital Arts



ARTECH 2010, 5th Internacional Conference of Digital Arts
22 & 23 April, 2010 - Guimarães, Portugal

Full papers submission: 27 November 2009
Installations and short papers: 04 December 2009

curta: Ataque de Pánico!

Mais uma curta de efeitos visuais comparáveis a grandes produções de Hollywood criada praticamente apenas por duas pessoas Federico Alvarez e Mauro Rondan, em 6 meses e com apenas 300 dólares, da Aparato na Argentina no Uruguay. Acredito que os desenvolvimento trazidos pelas novas técnicas de iluminação 3d potenciadas pelo HDR vieram criar um novo limiar para o que é possível no que toca à cruzamento 3d e real. Vale a pena ser visto.

sítio da semana #1

É o primeiro sítio web de uma celebridade, Jim Carrey, que referencio como visita obrigatória. Utilizando um paradigma de interacção assente na metáfora, utiliza depois de forma muito eficaz a navegação em profundidade para atribuir uma dimensão escalável ao site. Para além das questões técnicas é de grande qualidade visual e dinâmica. Um site muito rico na representação e no detalhe que ajuda a transportar o experienciador para o lado de lá muito facilmente. Cada área possui uma dimensão própria da representação e a passagem entre cada dimensão é um verdadeiro deleite de movimento gráfico. Nota máxima.

[a partir de UNT]

novembro 06, 2009

Freakonomics

Hoje foi um dia para esquecer nas auto-estradas. Quando saí de Aveiro estavam 3 mais 3 carros acidentados na entrada para a A25, pela A29 encontrei mais uns 4 acidentados, ao chegar à entrada do Porto apanhei uma fila ainda na A29 que me fez estar mais de uma hora em pára arranca até chegar ao corte para a A3, com mais uns dois carros acidentados entre o Freixo e as Antas, e na A3 até Braga vi mais um carro acidentado e dois parados.

No meio de tudo isto valeu-me o audiobook Freakonomics (2005) de Steven Levitt, que acabei de ler/ouvir. É um livro impressionante não pelas interpretações polémicas e conhecidas, mas pela forma intuitiva e rigor científico que Levitt fala dos dados. É um livro a ler por qualquer aluno das ciências sociais e a ler por quem se interesse um mínimo pela análise do social a partir dos números e das estatísticas. Abre-nos a mente e os horizontes a forma como podemos ler a vida, distanciando-nos de todas as questões morais e olhando exclusivamente para os números, pedindo-lhes respostas. Ajuda também a perceber o que está por detrás do trabalho de investigação nas ciências sociais e o quão difícil é o trabalho de obtenção dos dados necessários.

Para além das ilações sobre o impacto do aborto sobre as taxas de crime, julgo que as interpretações sobre o papel dos pais nos resultados dos filhos, sobre as questões eternas da natureza ou cultura, assim como as constatações sobre a "batota" nas relações humanas e o controlo de informação e o seu declínio com a web são motivos mais do que suficientes para tornar este livro uma leitura obrigatória.

Mais
Análise de SuperFreakonomics (2009).

O presente de natal perfeito

Excelente trabalho de motion grahics surpreende-nos pela originalidade e criatividade do movimento e da sua relação com a constante mutação entre forma e o fundo. Filme criado pelos Communication Design alumnus Tom Theall (BFA'09) para a Cruz Vermelha Americana.



[a partir de UNT]

novembro 05, 2009

Prince of Persia, o filme


Visualmente assombroso, Prince of Persia: The Sands of Time (2010), com um bom actor, Jake Gyllenhaal (Donnie Darko, Borkeback Mountain, Zodiac), parecido com o personagem da encarnação 3d e ainda com Alfred Molina e Ben Kingsley. A realização será de Mike Newell, mas tendo em conta que é uma produção de Jerry Bruckheimer isso definirá muito mais o filme, e o trailer reflecte isso mesmo, uma estética decalcada do sucesso Pirates of the Caribbean.

novembro 02, 2009

Dexter comic e animado

A narrativa de Dexter sofre uma nova mutação agora será a vez de comic animado. Early Cuts é uma série animada de 12 episódios exclusivos para a web e focados sobre os anos de juventude de Dexter. Ridiculamente e porque falamos de web, os episódios publicados pela Showtime, só serão acessiveis a utilizadores nos EUA.
No vídeo abaixo é possível ver o processo de criação da série animada numa apresentação bastante interessante e informativa. A composição foi toda realizada com recurso so After Effects.


Gripes e suicídos

Sendo algo off-topic parece-me importante deixar aqui esta nota a bem de todos. Aliás estive para falar do assunto quando regressei de Bolonha na semana passada, onde não encontrei desinfectantes por todo lado, nem nos aeroportos de Frankfurt nem de Bolonha. Mas também não na Universidade de Bolonha nem em qualquer outro local. Nos media também pouco ou nada, e a única coisa que me chegou de gripe A aos ouvidos e olhos em 5 dias fora de Portugal (na Europa) foi a notícia de que o Obama preparava um plano para enfrentar a gripe A nos EUA. Isto poderá dizer-nos muito sobre a permeabilidade do jornalismo nacional e não só...

Mas hoje deixo aqui uma mensagem porque encontrei algo que procurava, dados científicos sobre o real potencial da chamada Gripe A e a sua relação com a gripe sazonal que nos afecta desde que nascemos. Coloco aqui apenas um excerto que em minha opinião mostra tudo a nu, e deixo o resto para lerem no sítio original de publicação. O texto vem assinado por Teresa Forcades i Vila, médica especialista em Medicina Interna e Doutorada em Saúde em Pública.
Desde su inicio hasta el 15 de septiembre del 2009, han muerto de esta gripe 137 personas en Europa y 3.559 en todo el mundo [6]; hay que tener en cuenta que cada año mueren en Europa entre 40.000 y 220.000 personas a causa de la gripe [7]
UPDATE:
Para quem questiona a autenticidade do texto desta senhora e da sua boa-vontade deixo aqui a ligação para os números oficiais que podem ser obtidos publicamente através de um organismo Europeu pago pelos impostos de todos nós o European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC) e o excerto concreto onde os números aparecem.
Applying the range to the EU population as a whole (around 500 million in 2008) would result in between 40,000 excess death in a moderate season and 220,000 in a bad season, though Europe has not seen a bad season for some years.
Mas se não for suficiente podemos ainda comparar os mesmos com os números dos EUA mesmo devidamente tratados com métricas de redução de outras prováveis variáveis em vários artigos como este do Journal of Epidemiology que apontam para os 40,000/ano num período 1979-2001. Se tivermos em conta uma população similar à Europeia os números equivalem-se.

E finalmente os números de mortalidade da Gripe A, actualizados para 2 de Novembro 2009,

Europa: 317 casos fatais
Mundo: 6153 casos fatais

Dados retirados da Influenza A(H1N1)v Outbreak Table constantemente actualizada pela ECDC.


Este é sem dúvida um fenómeno da modernidade em que as "narrativas globais" proliferam à velocidade dos media omnipresentes, em que a pós-modernidade sofre o seu retrocesso. Veja-se o recente fenómeno dos chamados "suícidos na France Telecom". Mais um caso alimentado pelos media de forma totalmente passiva e sem o mínimo esforço de análise da autenticidade do epifenómeno. Bastava aos jornalistas um simples exercício de matemática para saber como tratar o assunto, mas não, interessa muito mais a NARRATIVA. Na verdade o jornalismo é hoje muito mais drama do que facto. Além de que sabe bem ter o poder para linchar um CEO de uma grande empresa como acabou por acontecer.

Édouard Manet, Le Suicidé, 1877-81, oil on canvas, 38 x 46 cm.

Neste caso veja-se que segundo a OMS, a França apresenta uma taxa de suicídio relativamente a 2006, de 25,5 por cada 100,000 homens, e 9,0 por cada 100,000 mulheres. Agora verifique-se que o número de suicídios na France Telecom foi de 25,0 em 18 meses (quase todos, ou todos homens). Isto dá-nos um número de 16,6 por ano. Se tivermos em linha de conta que a France Telecom tem entre 100,000 a 120,000 funcionários, retirem-se as devidas conclusões.

novembro 01, 2009

Doubt (2008)


Aqui ficam as minhas impressões em jeito de memória escrita do filme Doubt (2008) de John Patrick Shanley com Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman. Tinha o filme em agenda há bastante tempo, acabei por o ver agora que passou no TVCine. Os actores são de grande relevo, o realizador tem como vantagem o facto de ter escrito e dirigido a peça homónima para teatro, e aqui ter feito a sua adaptação e realização. Tudo bons ingredientes, para além disso a crítica foi unânime, o público e os festivais também em considerar este um bom filme. Ou seja seria difícil não nos agradar.

Mas na verdade, posso dizer-vos que a primeira sensação com que fiquei foi de algum desagrado. Claramente que o que está aqui em causa é a dramatização de cada personagem e isso em Teatro funciona de forma muito mais saliente que no cinema. Mesmo que aqui tenhamos excelentes actores não só os dois principais Streep e Hoffman mas também a deliciosa interpretação de Viola Davis como mãe do pequeno rapaz negro, e ainda a deslumbrante transformação de Amy Adams.
A base do filme é usar o artifício da Dúvida para nos questionar sobre outras matérias. Julgo que o problema aqui está na forma como Shanley representa a dúvida que em meu parecer é demasiado superficial, sendo que opta por a enquadrar na forma como a trata na encenação e não tanto no tema em discussão. Tratando-se de religião, a dúvida deveria ser algo de mais elevado, espiritual. Mas claro, o problema é que estamos em 1964 e as questões então eram bem diferentes assim como o peso da religião na sociedade. Ter dúvidas, era visto como uma fraqueza e não como um virtude.


Shanley opta por encenar a dúvida e depois deixa-nos pendurados sob ela, não nos aliviando com uma resposta clara, em jeito de simulação e de experienciação dada a tomar ao espectador. É bom porque nos obriga a pensar, é mau porque nos deixa com um travo na garganta, queremos respostas. Mas na verdade, é essa a condição da dúvida, não ter resposta. E é por isso que Doubt segundo o bom principio Brechtiano se eleva e passa de uma resposta visceral de desgrado a uma resposta reflexiva de pleno agrado.

memórias

Dou-me conta de algo que vem acontecendo com a minha memória, a sua infalibilidade, já não é a mesma de antigamente, nomeadamente no que se refere a conhecer e lembrar o que já vi e não vi, o que li e não, o que joguei e não, o que apreciei e não. Por isso e depois de ver e adicionar Doubt (do qual falarei já a seguir) à minha listagem de filmes, parei um pouco para olhar para os mais recentes títulos e dou-me conta que parte deles tenho dificuldade em saber do que tratam. Nunca tive memória para decorar deixas, aliás não consigo cantar qualquer canção de cor ao contrário da minha filha que pode passar uma tarde inteira a debitar o seu reportório.


Mas isto vem agravando-se, a razão é evidente, o excesso de informação que nos dá menos espaço/tempo para a necessária "rehearsal" por um lado e o aparecimento de momentos da vida que se sobrepõem em termos de importância na nossa memória de longo-prazo e por isso descartam ou melhor desligam anteriores memórias. Deste modo vejo-me obrigado a adicionar a data de visualização à minha lista e para aumentar as hipoteses de reconhecimento vou tentar deixar sempre uma pequena nota aqui no blog sobre o filme visto, na esperança de que a sua leitura possa evocar elementos perdidos na minha memória do filme em causa.

outubro 31, 2009

referências

Trata-se, isso sim, de observar que vivemos num país católico em que este tipo de mercantilismo dos livros, da cultura, da relação dos criadores com os leitores, não suscita a mais pequena reacção (já não digo de indignação, mas apenas de dúvida metódica). E, no entanto, um escritor como José Saramago escreve um livro e tanto basta para que os vigilantes dos bons costumes nos venham alertar para as ameaças que pairam sobre a nossa civilização. Portugal, hello...
Dan Brown contra Saramago, João Lopes in Sound + Vision, 30 Outubro 2009

outubro 28, 2009

Literacias, discussão pós-congresso

Estive na semana passada no Second European Congress on Media Literacy em Itália onde apresentei e moderei várias sessões e que me permitiram reflectir sobre o que está em causa e o que se move por detrás de tudo isto.

Na verdade nunca consigo deixar de pensar que as questões de literacia são algo que vem de há muitos anos, essencialmente todos os que se interessam pelo estudo do cinema e trabalham na academia sempre tiveram este desejo secreto, de criar uma sociedade "letrada" em imagens visuais e sonoras. Mesmo em Portugal nos anos 70 e 80 assistimos a muita discussão sobre o potencial uso ou criação de currículos para as escolas assentes no vídeo e/ou cinema que nunca deram em nada. E se olharmos para o que ainda temos é ridícula e insustentável a manutenção daquelas disciplinas que dão pelo nome de Educação Musical e Educação Visual que não são mais do que um embuste, um acto deliberado de faz de conta. Devemos ser das sociedades da Europa que apesar de apresentar uma taxa de alfabetismo de quase 100% apresentamos uma ausência gritante de conhecimentos mínimos sobre arte (pintura, escultura, arquitectura, música, cinema, etc.). Esta ausência tem impactos claros e profundos sobre tudo o que poderemos chamar de literacia mínima para lidar com a sociedade actual. Assim não está em causa apenas uma literacia dos Media, e nem uma literacia Digital, antes disso precisamos de uma Literacia Artísitca sem a qual as anteriores ficam coxas.

O que é a Literacia? De uma forma simplificada e dirigida ao primeiro nível de literacia que conhecemos a do texto, a literacia é tradicionalmente definida como um saber "ler e escrever". Para completar este binómio e em consonância com as reais expectativas de um letrado devemos acrescentar uma terceira dimensão a da "interpretação" sem a qual o saber ler “não funciona”. Assim e tendo em conta este triângulo de partida temos que a aplicação de Literacia a qualquer outra dimensão do saber terá de implicar sempre estas componentes, sem as quais não haverá um domínio da literacia desse campo. A proposta apresentada pela Carta Europeia para uma Literacia dos Media , vai nesse mesmo sentido e apresenta os chamados “Três Cs” – “Cultura, Critíca e Criatividade”
Cultura - “Alargar a sua experiência sobre diferentes tipos de conteúdos e formas mediáticas”
Crítica - "Desenvolver capacidades criticas de análise e apreciação dos media”
Criatividade - “Desenvolver capacidades criativas na utilização dos media como formas de expressão, comunicação e participação no debate público”
O que nos parece genericamente bem embora se sinta algum desacordo entre os dois primeiros pontos e dessa forma julgamos que poderemos ser mais específicos e directos ainda. Se olharmos para cima, temos “ler”, “interpretar”, e “escrever”, assim poderíamos ter de uma forma mais genérica:

“Acesso” – “Interpretação” – “Criação”

A este assunto voltarei nos próximos meses com a escrita de um artigo alargado para uma revista científica.

outubro 19, 2009

Idents do Telejornal

A partir do Mediascópio, aqui ficam alguns idents (genéricos ou vinhetas de identificação corporativa) do Telejornal do primeiro canal da RTP dos últimos 25 anos. Vale a pena avaliar a evolução.

1986


1989


1996


2007

Comunicação Sonora

Trago aqui uma comunicação de Julian Treasure, presidente da Sound Agency, especialista no design de som nomeadamente para a optimização de espaços de produtividade - escritórios, hotéis, etc. Treasure fala sobre a relevância e impacto do som sobre nós, e apresenta as quatro formas como o som nos afecta. Para entrar no detalhe aconselha-se o livro do autor Sound Business (2007).



"Physiological" (Fisiológico) - O som tem impactos sobre o nosso corpo. As sirenes provocam choques de cortisol que nos alertam. As ondas do mar relaxam pela frequência e ritmo. O som afecta a respiração, batimentos cardiacos e as ondas cerebrais.

"Psychological" (Emocional)- A música e canto dos pássaros têm impactos sobre as nossas emoções.
"Over hundreds of thousands of years we've learned that when the birds are singing, things are safe. It's when they stop you need to be worried."
"Cognitively" (Cognitivo) - Quando temos duas pessoas a falar em simultâneo para nós, temos dificuldade em compreender ambas. Isto explica porque a nossa produtividade baixa quando existem sons concorrentes.
"If you have to work in an open-plan office like this, your productivity is greatly reduced. And whatever number you're thinking of, it probably isn't as bad as this. (Ominous music) You are one third as productive in open-plan offices as in quiet rooms. And I have a tip for you. If you have to work in spaces like that, carry headphones with you, with a soothing sound like birdsong. Put them on and your productivity goes back up to triple what it would be."
"Behavioural" (Comportamental) - Movemo-nos em função do som, e em busca do som que nos dá prazer.


"The 4 ways sound affects us" (2009) por Julian Treasure

outubro 15, 2009

A História

E depois de vários posts exclusivamente sobre alta tecnologia trago algo tecnologicamente mais primitivo, mas do ponto de vista significativo bem mais importante, um pequeno documentário, Birth of Cinema (2009). É um pequeno filme de 9m40s que faz mais pela história do cinema do que vários livros escritos nos últimos anos. Nomeadamente esclarecer com imagens de facto e em concreto: o quê, quem, como e quando. Julgo que este filme pode ajudar, também porque se socorre das imagens factuais, à discussão Edison (1894) ou Lumiere (1895), adicionando e muito bem Muybridge (1878) e Augustin (1888). É um filme a ver obrigatoriamente por todos os alunos de cinema, audiovisual, vídeo e televisão mas também por todos os outros estudantes e não estudantes, amantes da 7ªarte. Isto é, ou pelo menos devia ser, cultura geral.
É Cinema, e após todos estes anos, continua a ser a máquina de emoções e de sonhos mais eficaz de toda a palete de media à nossa disposição, em pleno século XXI.



Em jeito de crítica acredito que Messimer teria ficado com um documento mais forte porque coeso e harmonioso se terminasse em Le Voyage dans la Lune ou nas fotos do primeiro filme pornográfico da história. A entrada da corrente "Slapstick Style" aparece de forma verdadeiramente redundante um vez que o primeiro filme cómico é apresentado previamente. Para além disso se falamos desta, porque não de todas as outras...

100% Tempo Real, 100% Belo

O novo game engine da Crytek aqui está, CryEngine3. Parece que vamos começar a ver o real poder gráfico da actual geração de consolas em acção.



[a partir de Kotaku]

outubro 12, 2009

Avatar, conteúdo e Fx

Porquê Avatar?
"Jake Sully is a former Marine who was wounded and paralyzed from the waist down in combat on Earth...
Pandora a lush jungle-covered extraterrestrial moon filled with incredible life forms, some beautiful, many terrifying. Pandora is also home to the Na’vi, a sentient humanoid race, who are considered primitive, yet are more physically capable than humans...
Since humans are unable to breathe the air on Pandora, they have created genetically-bred human-Na’vi hybrids known as Avatars. On Pandora, through his Avatar body, Jake can be whole once again."
Ou seja, o filme retrata os anseios de muitos dos seguidores de Descartes e das suas Meditações Metafísicas, na tentativa de separação da mente do corpo e na possibilidade de injecção da mente em outro corpo. Avatar é o sonho tornado realidade. Uma perspectiva da filosofia da consciência com frutos recentes no cinema em filmes como Ghost in the Shell (1995), Dark City (1998), Matrix (1999), Existenz (1999) ou The Thirteenth Floor (1999).

Do lado dos Fx, Cameron não se poupou a investir na produção das mais avançadas tecnologias para concretizar o seu sonho. Em Avatar é utilizado um sistema de Camara Virtual que permite durante a rodagem com os actores, ver em tempo real as suas performances já incrustadas nos cenários CGI, ajustando as cenas, os actores e a câmara em função dos seus objectivos.
"It’s like a big, powerful game engine. If I want to fly through space, or change my perspective, I can. I can turn the whole scene into a living miniature and go through it on a 50 to 1 scale. It’s pretty exciting." Cameron no NYT
Ou seja Cameron detém um controlo sobre a cena CGI que lhe permite ali em plena rodagem dirigir a câmara virtual e ajustar toda a cena preparando-a para alterações que decorram no set real.
“ This film is a true hybrid — a full live-action shoot, with CG characters in CG and live environments.” Cameron no NYT



Em estreia a 18 de Dezembro 2009

outubro 11, 2009

100 anos de Inspiração

Visual Effects: 100 Years of Inspiration é um pequeno filme criado por bengraphics como forma de introdução às suas aulas de efeitos visuais. Um filme constituído por uma colecção de pequenos clips e making-of de filmes notáveis no domínio dos Efeitos Visuais de entre os anos 1900 a 2008. O autor teve o cuidado de editar os filmes por ordem cronológica e como tal podem ser seguidos pela listagem abaixo.
Falta nesta montagem muita coisa a começar por Méliès, passando por 2001 ou Blade Runner, até por exemplo a Lord of the Rings ou Matrix. Contudo este é um trabalho bem diferente de fazer uma lista, o trabalho aqui apresentado implica muitas horas/dias de trabalho de investimento na procura e selecção das imagens. Como tal bengraphics está de parabéns por ter conseguido realizar 5 minutos representativos dos últimos cem anos de efeitos visuais que são uma verdadeira motivação para todos os que trabalham nestas áreas. Para quem quiser ver uma listagem eleita por peritos veja o o meu post sobre os VES 50 ou ainda o outro post sobre o Top 100 3d.




1900 - The Enchanted Drawing
1903 - The Great Train Robbery
1923 - The Ten Commandments (Silent)
1927 - Sunrise
1933 - King Kong
1939 - The Wizard of Oz
1940 - The Thief of Bagdad
1954 - 20,000 Leagues Under the Sea
1956 - Forbidden Planet
1963 - Jason and the Argonauts
1964 - Mary Poppins
1977 - Star Wars
1982 - Tron
1985 - Back to the Future
1988 - Who Framed Roger Rabbit
1989 - The Abyss
1991 - Terminator 2: Judgement Day
1992 - The Young Indiana Jones Chronicles
1993 - Jurassic Park
2004 - Spider-Man 2
2005 - King Kong
2006 - Pirates of the Caribbean: Dead Man's Chest
2007 - Pirates of the Caribbean: At World's End
2007 - The Golden Compass
2008 - The Spiderwick Chronicles
2008 - The Curious Case of Benjamin Button

(para o caso de estarem curiosos sobre a música de fundo é Rods and Cones do album Audio dos Blue Man Group.)

outubro 10, 2009

Fatale dos Tale of Tales

Aí está o novo jogo do colectivo Tale of Tales, Fatale (2009). Um jogo realizado em 3d realtime com pano de fundo da princesa Salomé depois explorada por Oscar Wilde e aqui revitalizada em videojogo. Desta vez o duo belga, Auriea e Michael, socorreram-se de uma equipa mais alargada perfazendo um total de oito pessoas envolvidas na implementação do jogo. Uma primeira review por Mike Treanor pode ser lida no EIS.
Fatale is an interactive vignette in realtime 3D inspired by the story of Salome. Explore a living tableau filled with references to the legendary tale and enjoy the moonlit serenity of a fatal night in the orient. Fatale offers an experimental play experience that stimulates the imagination and encourages multiple interpretations and personal associations.


O trailer é apenas audio.

Sketch2Photo e a comunicação audiovisual

Surpreendente por duas razões: a aplicação em si e a comunicação criada para a apresentação na Siggraph Asia 2009. Sketch2Photo é um sistema de edição e composição de imagem digital desenvolvido por uma equipa de investigadores, Tao Chen, Ming-Ming Cheng, Ping Tan, Ariel Shamir, Shi-Min Hu, do Departmento de Ciência da Computação e Tecnologia da Universidade de Tsinghua na China.
Começando pelo software é algo que há muito se espera, pelo vídeo parece-nos que estamos perante muito bons resultados, contudo não seria tão optimista como Devin Coldewey ao ponto de dizer que "I don’t want to be premature here, but I’d say tentatively that this does appear to be the greatest thing of all time".

Sistema de pipeline

Claramente que é uma ferramenta de grande importância e que poderá ter um grande impacto na composição de imagens, no modo como as pessoas poderão começar a comunicar visualmente, uma espécie de novo avanço para a Web2.0 na área da imagem digital. Mas estamos apenas ainda a ver os exemplos que a equipa nos ofereceu a ver, vamos ter de ver a ferramenta a funcionar de modo efectivo.

Resultados

Agora o segundo motivo do meu entusiasmo está relacionado com o vídeo montado por estes investigadores para darem a conhecer numa conferência científica o modo de funcionamento da sua aplicação. Veja-se o regular abstract típico de um paper académico, aqui abaixo e compare-se o seu efeito com o vídeo. Facilmente se percebe que o alcance da mensagem será muito diferente e até podemos perceber porque de repente uma pequena aplicação desenvolvida com tecnologias que muitos outros grupos de investigação estão a utilizar têm tanto buzz na web.
We present a system that composes a realistic picture from a simple freehand sketch annotated with text labels. The composed picture is generated by seamlessly stitching several photographs in agreement with the sketch and text labels; these are found by searching the Internet. Although online image search generates many inappropriate results, our system is able to automatically select suitable photographs to generate a high quality composition, using a filtering scheme to exclude undesirable images. We also provide a novel image blending algorithm to allow seamless image composition. Each blending result is given a numeric score, allowing us to find an optimal combination of discovered images. Experimental results show the method is very successful; we also evaluate our system using the results from two user studies.

outubro 09, 2009

Outstanding Main Title Design 2009 - Tara...

No mês passado Jamie Caliri e os seus colegas ganharam o Emmy para Outstanding Main Title Design (Design de Melhor Genérico). Com menos de um minuto inteiramente produzidas em stop motion com recurso a uma Canon 40D e uma Nikon D300, depois foi utilizado o Dragon Stop Motion para a captura e finalmente o After Effects para a composição final.

United States Of Tara (Showtime)

480p | 720p

Title Director: Jamie Caliri, Animation: Anthony Scott, Illustration: Alex Juhasz, Production Company (titles): DUCK, Client: Showtime

making of Tara...



Os outros nomeados eram,

Storymakers (AMC)

James Spindler, Creative Director; Mike Wasilewski, Designer; Ahmet Ahmet, Art Director; Grant Lau, Art Director

Taking Chance (HBO)

Michael Riley, Title Designer; Dru Nget, Title Designer; Dan Meehan, Animator; Bob Swensen, Main Title Producer

True Blood (HBO)

Rama Allen, Designer; Shawn Fedorchuk, Editor; Matthew Mulder, Creative Director; Morgan Henry, Main Title Producer; Camm Rowland, Designer; Ryan Gagnier, Designer
Making Of da Digital Kitchen

Lie To Me (FOX)

Robert Bradley, Title Designer; Thomas Cobb, Title Designer

Prémio Nobel da Paz 2009


Barack Obama, n. 1961
"for his extraordinary efforts to strengthen international diplomacy and cooperation between peoples" (Nobel Prize)

outubro 08, 2009

Total War machinima

Muito bom machinima de Robert Stoneman feito a partir de Empire: Total War (2009). Stoneman refere não ter utilizado nenhum engine mas apenas ter recorrido à gravação das sequências enquanto jogava fazendo uso do Fraps e depois do Vegas da Sony para editar.
Mas Stoneman não se limita a gravar excertos do jogo e a montá-los, existe aqui todo um trabalho de preparação das cenas que precisa, da escolha prévia dos ângulos e locais de captura e sobre estas ainda todo um trabalho de edição gráfica. Depois temos uma montagem de grande qualidade que se faz transportar sobre a música de forma perfeitamente sincronizada. Apesar de eu discordar em absoluto com o uso desta música, A Perfect Day de Lou Reed, para este filme, sou obrigado a concordar com a excelência do tratamento dado.

E claro com trabalhos destes era natural que Stoneman conseguisse chegar à grande indústria onde trabalha actualmente como Cinematic Designer ("I make the conversations and some of the cutscenes in the game look awesome!") no videojogo em produção Mass Effect 2 da Bioware.


outubro 07, 2009

Comunicação inata

Tendo defendido recentemente um artigo na ESA2009 sobre as raízes biológicas da emoção suas dependências sociais e inatas vejo agora mais um elemento que pode ajudar à discussão. Neste vídeo podemos ver como Bobby McFerrin "brinca" com uma audiência que não é letrada em música mas que consegue comunicar na perfeição com a improvisação de McFerrin sem este emitir uma sequer palavra. Uma performance realizada no World Science Festival numa palestra com a designação de "Notes & Neurons In Search of the Common Chorus" na qual pretendiam discutir exactamente,
Is our response to music hard-wired or culturally determined? Is the reaction to rhythm and melody universal or influenced by environment? Join host John Schaefer, scientist Daniel Levitin and musical artist Bobby McFerrin for live performances and cross cultural demonstrations to illustrate music’s note-worthy interaction with the brain and our emotions.



Agradeço ao Luís o envio do vídeo.

outubro 05, 2009

Rolighetsteorin

Rolighetsteorin é uma campanha da Volkswagen na Suécia que actua sobre o domínio dos ambientes públicos com o objectivo de tornar mais divertidas as actividades diárias e enfadonhas duma cidade. Da página da campanha pode retirar-se o objectivo como se segue:
This page is dedicated to the idea that something as simple as happiness is the absolute easiest way to get people to change. That it does not need to be more difficult than to make things a bit more fun to have to change for the better. Which does not matter as long as there is improvement. For yourself, the environment or whatever you want. [traduzido por Raph Koster]
Para já no site podem ser vistos duas actividades ou instalações, o Pianotrapan e o Världens djupaste soptunna.


O caso do piano de escadas oferece-nos material de reflexão para muito do que é a vida em cidade e do que lhe falta. A começar pela actividade física, passando pela descompressão do stress, desenvolvendo nova clarividência do meio envolvente, partilhando actividades com o próximo.

Este não é um passo isolado outras tentativas interactivas têm sido tentadas nos últimos anos de instalações em ambientes públicos, a denominada Interactive public art (ver ainda os exemplos da Cinimod, ou os trabalhos participativos de Helen Marshall) embora existam problemas quando comparados com os enfadonhos outdoors que ora brilham, ora rodam, mas nada permitem ao transeunte. Técnicos pelas necessidades de robustez e resposta. Tempo e investimento necessário para a criação e implementação. A rotação, tudo o que é rotina torna-se um empecilho e não um atractivo.

outubro 04, 2009

FlashForward

"If you had the ability to go back in time and change an aspect of your personal fate, would you? Canadian science fiction author Robert J. Sawyer takes that premise and flips it over in the thoroughly entertaining new novel FlashForward." — CNN on the book
As séries de televisão são cada vez mais fenómenos de culto, e os seus custos elevados levam também a que se trabalhe o seu marketing nesse sentido. O caso de FlashForward é sintomático desta era dourada da narrativa televisiva.
FlashForward conta a história de um misterioso incidente que provoca um desmaio de dois minutos e dezassete segundos a toda a Humanidade. Durante esse lapso temporal todos têm visões estranhas sobre o futuro.
Depois desse estado de caos e confusão começará um longo e perigoso caminho para descobrir se estas imagens se vão tornar realidade e se podem ou não mudar o destino do Planeta.
Uma série de FC que acaba de se estrear nos EUA (25 Setembro) e que estreia entre nós (AXN) a 7 de Outubro. Todo o pacote promete imenso, para começar a possível ligação entre esta narrativa e a de Lost. Mas depois claramente porque nunca antes se investiu tanto num produto tipicamente orientado ao nicho da FC. Aqui vê-se uma clara necessidade da televisão procurar por outros universos mais exóticos, à semelhança do que foi acontecendo com Lost, universos capazes de garantir elevados níveis de "incerteza", potenciada pelo elemento do "desconhecido". Da minha perspectiva sem dúvida que esta aposta na FC só pode enriquecer a narrativa televisiva e elevar as audiências. Só a FC se aventura por estes meandros do quase real, da simulação, um brincar com a "incerteza filosófica" capaz de nos desorientar por completo. Num ensaio do autor do livro, Sawyer diz,
The German philosopher Immanuel Kant claimed that the three fundamental problems of metaphysics are "Is there life after death?," "Does God exist?," and "Do we have free will?"
... As for Kant's third conundrum, that's the province of FlashForward. There's no doubt that here in the western world most people do believe they have free will ...
I've long been interested in classical Greek drama; Sophocles's Oedipus Rex is one of my favorite plays,... But Greek tragedy takes exactly the opposite underlying assumption: it believes that our futures are foreordained, that our destiny is unavoidable...

Which worldview is correct? That of the Greeks, who believed our destinies were inescapable, or that of people today who insist that we are the masters of our own futures? ... Is there really any valid reason to accept our belief in free will as more valid than the Greek belief in predetermination?


UPDATE 8.10.2009:

Vi ontem à noite o primeiro episódio. Para episódio piloto deixou algo a desejar, mais na forma do que no conteúdo. Ou seja tecnicamente as equipas de produção e realização não me pareceram muito eficazes. Talvez também porque lhes foi pedido para fazer ovos sem omeletes. Ou seja as cenas de perseguição e destruição das cidades necessitam de quantidades avultadas de dinheiro para funcionarem. Ora isto é uma série de TV, que terá seguramente mais de 10 horas de filme, ao passo que um filme no cinema tem não só um orçamento astronómico como este é todo investido em cerca de 1h30 de filme final apenas.
Estilisticamente mistura um pouco de 24h no movimento, com Lost no enquadramento dos ambientes exteriores e CSI nas atmosferas e ambientes interiores.
Quanto ao conteúdo funcionou dentro do expectável embora estivesse à espera de uma narrativa mais trabalhada ao nível do mistério/thriller. Julgo que o simples escurecer dos enquadramentos não é suficiente para aumentar o drama e os conflitos precisavam de ter sido mais estimulados. Mas claro também não podiam abrir tudo no primeiro episódio, vamos ver os próximos...