agosto 31, 2023
A solidão do Ser
agosto 29, 2023
A escrita de Sara Mesa
"Subitamente, Sós" de Isabelle Autissier
agosto 27, 2023
Pessoa, o professor universitário
Como diz Richard Zenith, na biografia, se Pessoa em 1905 em Durban tivesse ido estudar, com uma bolsa, para Oxford em vez de voltar para Lisboa, é provável que o maior génio das letras portuguesas se tivesse perdido, mas em seu lugar teria dado "um professor universitário brilhante".
"Sobrevivente do Gulag Chinês", por Gulbahar Haitiwaji
Em 2019 choquei de frente com imagens provenientes de Xinjiang que mostravam centenas de prisioneiros a serem encaminhados para comboios para seguirem para campos de concentração chineses que relembram as imagens reconstruídas pelo cinema do que se passou em Dachau, Treblinka e outros lugares. O livro "Sobrevivente do Gulag Chinês" foi publicado em França em 2021, e apresenta o primeiro testemunho de uma sobrevivente desses campos chineses, em pleno século XXI.
Os uigures vivem na região autónoma do Xinjiang, uma região enorme do noroeste da China, que além de funcionar como corredor central da antiga "Rota da Seda" e da atual "Belt and Road Initiative" (que procura impor a agenda chinesa no mundo), é ainda uma região rica em petróleo.
Europa: Digital Services Act (DSA)
. As plataformas digitais, com mais de 45 milhões de utilizadores, passam a ser responsabilizadas legalmente pelos conteúdos que são publicados nelas: "o que é ilegal offline, deve ser ilegal online."
. As plataformas deixam de poder apresentar anúncios com base em dados sensíveis do utilizador (ex. origem étnica, opiniões políticas, religião ou orientação sexual);. As plataformas têm de rotular todos os anúncios e informar os utilizadores sobre quem os está a promover;. As plataformas são obrigadas a dar aos utilizadores o direito de optarem por não utilizarem sistemas de recomendação (For You vs. Following). As plataformas são obrigadas a dar aos utilizadores o direito de optarem por não serem alvos de publicidade personalizada (ad targeting);. As plataformas deixam de poder classificar os seus próprios serviços ou produtos de forma mais favorável (auto-preferência) do que outros terceiros nas suas plataformas. (Ex. os posts com links ou os vídeos do YouTube, não podem ser despromovidos por apontarem para fora das plataformas);. Por outro lado, ficam obrigadas a partilhar dados essenciais com investigadores e autoridades, a cooperarem com os requisitos de resposta a crises e a realizarem auditorias externas e independentes.
- https://www.europarl.europa.eu/news/en/press-room/20220701IPR34364/digital-services-landmark-rules-adopted-for-a-safer-open-online-environment
- https://www.theverge.com/23845672/eu-digital-services-act-explained
- https://www.euractiv.com/section/law-enforcement/news/eu-digital-services-act-challenges-remain-as-enforcement-begins/
- https://cms-lawnow.com/en/ealerts/2023/05/europe-designates-19-platforms-as-gatekeepers-under-digital-services-act
agosto 25, 2023
"Filho Nativo" (1940) de Richard Wright
"Filho Nativo" (1940) é um clássico da literatura americana, um dos primeiros livros a colocar o dedo na ferida do racismo nos EUA. À altura, Richard Wright vivia sob a sedução do marxismo, que lhe serviria aqui para colocar em evidência a opressão dos valores identitários. Pouco depois haveria de abandonar a militância do comunismo por esta se recusar a sair da redoma restrita da luta de classes. Tudo isto é trabalhado segundo uma estética noir que não se coíbe de usar imagens de grande violência, a roçar o verdadeiro horror, trabalhada por uma trama repleta de surpresa capaz de envolver os mais diversos públicos. A mais recente adaptação ao cinema de 2019, por Rashid Johnson para a HBO, procura atualizar alguns dos tópicos em face da evolução da sociedade americana, mas sendo interessante diria que é menos conseguida, particularmente porque Wright impregna toda a sua escrita de uma raiva fervilhante que o filme é incapaz de atingir.
agosto 24, 2023
“Los Vencejos” de Fernando Aramburu
agosto 18, 2023
Histórias da Noite
Há algum tempo que não começava a ler um livro e a experiência não fluía tão perfeita, agarrando-me, e clamando por mim sempre que dele me desligava. A escrita de Mauvignier faz lembrar Proust no modo como estende as frases de modo lírico, mas simultaneamente causal, ativando o nosso desejo por querer saber mais, e assim não conseguir parar de ler. O tema é a narrativa clássica de crime e mistério do ataque, a meio da noite, a uma casa de família por um grupo de malfeitores. Mas a forma não segue o género, é antes literária em profundidade, com uma escrita elaborada e erudita que acaba por criar uma experiência de leitura muito particular.