julho 10, 2013

videojogos e a Apple

Muito interessante a entrevista, How Steve Wozniak’s Breakout Defined Apple’s Future da Game Informer. Ficamos compreender como é que a Apple seguiu um caminho distinto dos restantes desenvolvedores de computadores em termos de ligação ao mundo do audiovisual. Wozniak revela nesta entrevista que quando desenhou o Apple II, o fez de modo a este poder correr jogos numa televisão, e com cores.


Questiono-me se não estará aqui razão pela qual a Apple se aproximou tanto das questões relacionadas com a imagem, com a cor, com o audio, no fundo com tudo aquilo que veio a definir a Apple como a marca de computadores para designers e artistas. Fica um excerto abaixo, depois leiam a entrevista, e vejam o vídeo da mesma na Game Informer.
There was a [color] TV set on the factory floor. They only used black and white TVs for their games, and this TV set wasn’t playing a game, but it had a dot going from left to right and right to left. As it moved, it was changing colors. I’m just sitting there thinking: color. It was hypnotizing, like a psychedelic light show at a concert. An idea popped in my head: a little way to put out a digital signal with ones and zeroes...my god, I have 16 different colors. There had never been a book that talked about color digitally. It wasn’t allowed. It wasn’t done. But I designed every single thing in the Apple II [to make] it possible. One little $1 chip could generate color instead of a $1,000 color-generation board – right out of the computer memory to the display. [That] was another trick I thought of that had never been done.This stuff had never, ever been thought of for a home computer that was affordable. But I just determined that my computer had to be a game machine. I called my BASIC [a programming language – Ed.] “Game BASIC.” You could go back on every note I ever wrote; I called it Game BASIC. My whole idea was, if you write a language that can play games, it can do all the things computers do, like financial stuff. I don’t know what companies use computers for; I only know what I like to use them for, and it’s games.
I knew that I had a machine with a microprocessor that could do a million things a second, move those bits around on the screen and make things move and play games and all. I thought, “I wonder, with my slow BASIC, can I write a game that’s playable?” Breakout. I’d done Breakout for Atari. I knew Breakout.
I built paddle hardware into the Apple II deliberately for the game of Breakout. I wanted everything in there. I put in a speaker with sound so I could have beeps like games need. So, a lot of the Apple II was designed to be a game machine as well as a computer. That is the way to get it to people, to get people to start buying these machines.
I called Steve Jobs over to my apartment, and we sat down on the floor next to the cables snaking into my TV that had the back off of it so I could get wires inside, and I showed him how I could change the colors of things, change the shape of the paddle, and change the speed of the ball with an easy BASIC command. He and I looked at each other – we were both kind of shaking, because we knew that the world of games was never going to be the same. Now [games] were software. Until then, there weren’t software games in the arcades. Now that animated games were going be software – oh my god. And [the fact] that a fifth grader could program in BASIC and make games like Breakout? This was going to be a new world; we saw it right then.

julho 09, 2013

o génio criativo

Depois de ter aqui falado de emergência, trago uma TED que vai no sentido oposto, que procura a razão do sentir, não na biologia, nem na ciência, mas no esotérico, num quasi-paranormal. Admito que a meio da conferência quase desisti e desliguei, mas mantive até ao final. Acabou por ser uma palestra muito interessante, com alguns dados bastante curiosos sobre a nossa cultura (ex. Olé, vem de Ala), mas essencialmente porque nos apresenta uma perspectiva da criatividade, nada académica, mas a partir do interior do sentir de uma artista. Elizabeth Gilbert escreveu o bestseller "Eat, Pray, Love".


Na verdade, o que me entusiasmou nesta TED foi a análise que fiz do que Gilbert descreveu, como o génio. Uma personagem imaginária, externa a nós, que nos serve quando estamos inspirados e conseguimos fazer algo brilhante. O lado funcional, é que nos torna humildes, quando criamos algo genial, não fomos nós, mas o nosso génio. Por outro lado é excelente em termos terapêuticos porque quando o trabalho é menos bom, podemos dizer que não é só culpa nossa, mas do génio que não fez o seu trabalho.
"Na Grécia e Roma antigas - as pessoas não acreditavam que a criatividade vinha dos seres humanos. As pessoas acreditavam que a criatividade era um espírito divino criador que vinha para os seres humanos de uma fonte distante e desconhecida, por razões distantes e desconhecidas. Os gregos chamavam a estes espíritos divinos e assistentes da criatividade, "demónios". Sócrates acreditava que tinha um "demónio" que lhe transmitia sabedoria, a partir de longe.
Os romanos tinham a mesma ideia, mas chamavam a este tipo de espírito criativo desencarnado, génio. O que é fantástico porque os romanos na realidade não pensavam que um génio era um indivíduo particularmente esperto. Eles acreditavam que um génio era uma espécie de entidade mágica divina, que vivia literalmente nas paredes do estúdio do artista, que saía, e invisivelmente assistia o artista no seu trabalho e moldava o resultado desse trabalho.
E depois veio o Renascimento e tudo mudou, tivemos esta grande ideia, de colocar o ser humano, como indivíduo, no centro do universo, acima de todos os deuses e mistérios, não havendo mais espaço para criaturas místicas que ditavam a vontade divina. Este foi o início do humanismo racional, as pessoas começaram a acreditar que a criatividade vinha completamente do próprio indivíduo. E pela primeira vez na história, começámos a ouvir as pessoas referirem-se a este, ou aquele artista, como sendo um génio, em vez de "ter" um génio."
Pensei que a uma determinada altura Gilbert procurasse teorizar o assunto, mas esqueci-me que ela é uma criativa, não uma académica. Nesse sentido,  enquanto ela explicava a ideia de um pensamento, uma inspiração que se aproxima de nós, e que tudo tentamos fazer para agarrar, e assim criar algo único, algo surpreendente, que nos transcende, eu só pensava que isto que ela descrevia, só podia ser o momento em que o nosso cérebro está a juntar os vários pedaços de ideias dispersas no nosso cérebro. O momento em que o processo de remix se inicia, e começamos a atribuir estrutura, e a nossa consciência tenta desesperadamente dar-lhe um significando, um padrão, uma representação.
"[Tom Waits] contou-me um dia ia a conduzir na auto-estrada em Los Angeles, e foi quando tudo mudou para ele. Ele ia acelerando e, de repente, ele ouve um pequeno fragmento de melodia, que entra na sua cabeça como inspiração, que vem elusivo e tentador, e ele quere-o, sabem, é lindo, e ele procura-o mas não tem maneira de o conseguir. Não tem um papel, não tem um lápis, não tem um gravador."

julho 08, 2013

o poder da música clássica

Provavelmente já viram esta TED, The transformative power of classical music, mas eu só agora tive esse prazer, e que prazer. Benjamim Zander é um comunicador brilhante, a forma como usa toda a sua linguagem corporal conjuntamente com um perfeito sentido rítmico de storytelling, torna a sua palestra um momento inesquecível. Preparem-se para umas boas gargalhadas!


Mas como acontece sempre nas TED, não é apenas a forma, mas é o que aprendemos com estas pessoas. Zander começa por explicar como funciona a evolução do processo de aprendizagem da música. Deste modo tendo cá em casa uma pequena que vai no seu segundo ano de música, foi muito interessante compreender o que acontece.
Na realidade, o que aconteceu foi que os impulsos foram reduzidos. Vejam, na primeira vez, a criança toca com um impulso em cada nota. Depois, com um impulso a cada duas notas. A criança de 9 anos coloca um impulso a cada 4 notas. E a de 10 anos, um impulso a cada 8 notas. A de 11 anos, um impulso na frase inteira.
Depois disto, Zander discute o modo como o storytelling se constrói através de frases musicais. Em palco e juntamente com o público, vai tocando e construindo ideias, e nós vamos construindo sentidos na nossa cabeça, para aquilo que vamos ouvindo. Zander leva-nos através da música, e nós ficamos ali completamente agarrados. O melhor fica guardado para o final, quando a música de Chopin sobe ao ponto mais elevado da musicalidade e interpretação narrativa, Zander coloca toda a sala num profundo silêncio. Fica ainda a definição de sucesso de Zander, algo que vale a pena reflectirmos, e pensar todos os dias que acordamos, qual é a nossa função, qual é o nosso objectivo,
Sabem, eu tenho uma definição de sucesso. Para mim, é muito simples. Não está relacionada com riqueza, fama ou poder. Está relacionado com a quantidade de olhos brilhantes que eu tenho à minha volta.

julho 05, 2013

Shots Of Awe #06 - Life Emergence

O processo através do qual a vida emerge é algo que continuamos a admirar, que continua a surpreender-nos, sem termos ainda a menor noção sobre como acontece. A centelha que acende, que nos torna conscientes, que nos torna ligados, que nos torna "nós".



Este é o sexto episódio da série web de Jason Silva, Shots of Awe, e é dedicado ao conceito de emergência.

Shots Of Awe #06 - Life Emergence

julho 04, 2013

a empatia e a moral estão inscritas na nossa biologia

Ainda não foi há muito que aqui falei dos estudos de Paul Bloom sobre o lado negro da moral. Hoje trago a TED de Paul Zak, Confiança, Moralidade e Oxitocina, sobre o seu trabalho em redor da chamada "molécula da moral". Em ambos os casos, verifica-se que a selecção natural, dentro da espécie humana, nos tem conduzido a uma optimização biológica que tem como objectivo máximo a criação de seres profundamente sociais. A espécie tem progredido em função da sua capacidade para gerar laços, comunidade, colaboração, interdependência, entreajuda, e tudo aquilo que congrega, e une cada ser humano ao outro. Então porque raio teimamos no isolamento?


A base do nosso sistema moral, aqui defendido por Zak, assenta em duas moléculas, a Oxitocina e a Testosterona. Sendo a a Oxitocina responsável por gerar Empatia, enquanto a a Testosterna é responsável por gerar o seu contrário.
"Mostrámos que a infusão de oxitocina aumenta a generosidade em transferências monetárias unilaterais em 80 por cento. Mostrámos que aumenta os donativos para a caridade em 50 por cento. Também investigámos formas não farmacológicas de aumentar a oxitocina. Que incluem massagens, dança e orações… sempre que aumentámos a oxitocina, as pessoas abriram as suas carteiras voluntariamente e partilharam dinheiro com estranhos.
Mas porque é que fazem isso? O que é que sentem quando o cérebro é inundado de oxitocina? Para investigar esta questão, fizemos uma experiência em que as pessoas viam um vídeo de um pai e do seu filho de quatro anos, e o seu filho tem cancro terminal no cérebro. Depois de verem o vídeo, eles avaliaram as suas emoções e deram amostras de sangue antes e depois para medir a oxitocina. A mudança na oxitocina previu as suas emoções de empatia. Por isso é a empatia que nos liga às outras pessoas. É a empatia que nos faz ajudar as outras pessoas. É a empatia que nos faz morais."
Já sabíamos que aquilo que gera um psicopata é a sua incapacidade para sentir Empatia. Agora ficamos a saber que aquilo que gera um psicopata, é a sua incapacidade biológica para gerar Oxitocina.
"Descobrimos, testando milhares de indivíduos, que cinco por cento da população não liberta oxitocina quando estimulada. Se houver dinheiro na mesa, eles ficam com ele todo… Têm muitos dos atributos que têm os psicopatas."
Outra grande questão é que a Oxitocina pode ser inibida. Ou seja, não se trata de nascer apenas com um problema genético. A falta de carinho, a violência e o abuso destroem a capacidade de gerar oxitocina. Aliás, não é por acaso que uma grande parte dos psicopatas são pessoas que sofreram abusos de alguma forma.
"Há outras formas de o sistema ser inibido. Uma é através de cuidados afectivos inadequados. Estudámos mulheres abusadas sexualmente, e cerca de metade não libertam oxitocina quando estimuladas. Precisamos de cuidados afectivos suficientes para este sistema se desenvolver devidamente. Além disso, o stress elevado inibe a oxitocina." 
Finalmente o mais interessante sobre a molécula oposta, a testosterona, é que o Homem possui 10 vezes mais que a mulher, assim como a mulher possui 10 vez mais oxitocina. Ora, será preciso alguma coisa mais para se perceber, de uma vez por todas, que a forma como um Homem e uma Mulher reagem emocionalmente, e logo racionalmente, são diferentes? Depois disto ainda haverá alguém que se sinta capaz de evocar a Cultura, e a formatação da sociedade, para dizer que estes são os responsáveis pelas diferenças que existem entre género? É claro que existem variações, existem mulheres com níveis maiores de testosterona, e homens com níveis maiores de Oxitocina. Mas a realidade é que estamos perante diferenças do foro biológico, que condicionam fortemente aquilo que somos.

"Há outra forma de a oxitocina ser inibida, que é interessante através da acção da testosterona. Em experiências, administrámos testosterona a homens. E em vez de partilharem dinheiro, eles tornaram-se egoístas… Agora pensem nisto. Significa que, dentro na nossa biologia, temos o yin e o yang da moralidade. Temos a oxitocina que nos liga aos outros, que nos faz sentir o que eles sentem. E temos a testosterona. E os homens têm 10 vezes mais testosterona que as mulheres, por isso os homens fazem isto mais que as mulheres, temos testosterona que nos faz querer punir as pessoas que se comportam imoralmente. Não precisamos de Deus ou do governo para nos dizer o que fazer. Está tudo dentro de nós."
Para fechar quero apenas deixar a receita que Zak deixa, a quem quiser ser mesmo feliz nesta vida, e que consiste num acto diário simples, mas poderoso, Zak recomenda "oito abraços por dia."


É inevitável não pensar em todas aquelas campanhas que vamos vendo um pouco pelas cidades mais cosmopolitas, em que as pessoas vivem cada vez mais isoladas, de oferta de abraços grátis. É uma realidade que estes nos comovem, nos fazem sentir, mesmo quando não conhecemos o outro, porque o abraço é um elemento físico de toque, fundamental no estabelecimento de empatia.

TED Talk de Paul Zak, "Trust, morality and oxytocin" (2011)

Se preferirem ver a palestra com legendas em português, vejam directamente no site TED.

julho 03, 2013

o que nos espera...

Mais um belíssimo trabalho que nos chega da Bezalel Academy of Art and Design, Israel. O filme Happily Ever After (2013) foi criado pelos graduados Yonni Aroussi e Ben Genislaw que investiram mais dois anos depois de acabar o curso, para chegar a este trabalho final que já foi selecionado para vários festivais internacionais de animação.



Desta vez, e ao contrário dos trabalhos anteriores desta reconhecida escola, não foi a forma que me impressionou, antes o conteúdo e o storytelling. Em seis minutos, temos um jovem adulto que se prepara para ir morar com a sua companheira, e vemos passar-lhe toda uma vida futura à frente dos seus olhos. São várias as metáforas utilizadas, é verdade que praticamente todas elas negativas, mas isso faz parte do storytelling. Dessas a mais interessante é sem dúvida a do tapete rolante, em que o casal faz pela vida face aos várias dificuldades que vão surgindo, uma clara homenagem aos videojogos. Para alguns de nós, algumas das etapas metaforizadas soam a um passado muito familiar, evocando uma fácil identificação e despertando um sorriso, outras fazem-nos reflectir sobre aquilo que ainda nos aguarda.

No campo da animação, temos um trabalho extremamente cuidado, com excelentes texturas e cor, assim como cómicas caracterizações dos personagens.

Happily Ever After (2013) de Yonni Aroussi e Ben Genislaw 

julho 01, 2013

Filmes de Junho 2013

Aproveitei para ver alguns filmes que já andava para ver há algum tempo, como Carlos que me surpreendeu, não pela história do personagem, mas pela análise da política internacional que é feita, muito interessante. Por outro lado Lake of Fire leva-nos a viajar por entre argumentos pró e contra a interrupção da gravidez, sem escolher um lado, impressiona, sem respostas. Entretanto o último Pixar é interessante, as crianças adoraram, mas apesar de lhe admirar a qualidade técnica, não me trouxe nada de novo. Já Side Effects, o último de Soderbergh incomodou-me, porque depois de uma primeira parte absolutamente brilhante em termos narrativos, esfuma-se num cliché primário. Robot & Frank foi interessante pelo futuro que nos mostra, e as questões que levanta, não indo ao fundo de nada, levanta apenas a ponta do véu. The Place Beyond the Pines é maravilhoso, no sentido em que ataca questões fundamentais da sociedade, nascer num berço de ouro e o seu contrário, demonstrado por uma história que atravessa três gerações, um épico de storytelling.

xxxx The Place Beyond the Pines 2013 Derek Cianfrance USA

xxxx Carlos 2010 Olivier Assayas France

xxxx The Edge of Heaven 2007 Fatih Akin Germany/Turkey

xxxx Lake of Fire 2006 Tony Kaye USA


xxx Monsters University 2013 Dan Scanlon USA

xxx Side Effects 2013 Steven Soderbergh USA

xxx The Host 2013 Andrew Niccol USA

xxx Intouchables 2011 Olivier Nakache, Eric Toledano France

xxx The Company You Keep 2012 Robert Redford USA

xxx Robot & Frank 2012 Jake Schreier USA

xxx Spring Summer Fall Winter and Spring 2003 Ki-duk Kim South Korea


xx Sushi Girl 2012 Kern Saxton USA

xx Extremely Loud and Incredibly Close 2011 Stephen Daldry USA

junho 28, 2013

Hollow, um documentário interactivo

Foi lançado esta semana mais um documentário interactivo online, Hollow (2013) de Elaine McMillion. Este é um trabalho que interessa ver por duas razões, o seu conteúdo e a forma. Na parte do conteúdo porque dá conta de uma realidade nos EUA, que conhecemos bem em Portugal, a desertificação de cidades no interior. Na forma, interessa analisar o modo como o projeto foi desenvolvido em termos de linguagem de interactividade.




McDowell County, é um condado de Wets Virginia que perdeu ao longo dos últimos 50 anos, 4/5 da sua população, passando de 100 mil para pouco mais de 20 mil habitantes. Isto criou uma sensação de cidade fantasma, abandonada no tempo. Foi por causa disto que Elain McMillion resolveu criar este documentário. Com uma formação em Jornalismo, e um mestrado em Artes Visuais, resolveu avançar para algo que pudesse ter um maior impacto junto da comunidade, capaz de fazer mover as pessoas em redor da causa. Nesse sentido optou por um documentário em formato online, interactivo, e social. Ou seja, a sua ideia não era apenas dar a conhecer o problema, mas contribuir para gerar acção em redor do problema. Para o fazer recorreu ao Kickstarter onde conseguiu 30 mil dólares, e lança agora o documentário interactivo online para que todos possam ver, mas acima de tudo, todos se possam juntar à causa.
Our hope is that through storytelling and the creation of multidimensional images, the community members will begin to see their environments and neighbors in a new way and begin to work together to preserve the history and make positive contributions to their communities. Elaine McMillion
Posso dizer que fiquei impressionado com a componente técnica do trabalho desenvolvido. A mescla entre vídeo, imagem, música e texto, com plena interatividade, e altamente fluída, é de uma excelência enorme. Tudo feito em HTML5, o que dá bem conta do novo mundo pós-Flash. Nomeadamente a primeira parte da timeline populacional é muito boa, com uma interacção toda feita através do simples scroll, que apesar de nos permitir apenas controlar o tempo e ritmo do documentário, acaba por nos atribuir grande responsabilidade na gestão da informação e de toda experiência.

Já em termos de criação de sentido, tenho algumas dúvidas sobre o potencial deste modelo. Ou seja, adorei o que foi feito em termos técnicos, e do seu poder em termos emocionais e perceptivos, mas tenho receio que o banho de informação e de media que levamos durante a interacção com o artefacto possa impedir um acesso mais profundo ao que se quer dizer. De certo modo sinto que nossa cognição fica demasiado sobrecarregada com todo aquele banho de informação em distintos canais. Acredito que somos levados a criar imagens gerais abstractas de tudo o que vamos absorvendo, e retemos apenas sensações e impressões de tudo o que nos foi dito.

Por outro lado, este banho de media, poderá ter um efeito distinto do documentário meramente fílmico, no sentido em que pela sua imensidão de ideias e acessos distintos, pode levar as pessoas a desejarem contribuir para a sua ampliação. Isso é o melhor de toda a estratégia por detrás desta obra. Os criadores abriram as portas para que as pessoas pudessem enviar para o projeto trabalhos seus - imagens, vídeos, depoimentos - contribuindo assim para uma ampliação dos significados do projeto, mas acima de tudo contribuindo para as ligar mais intimamente ao mesmo, criando um verdadeiro espírito comunitário à volta deste.

Ficam os links para experienciar o documentário, e para obter mais informação sobre todo o projecto.

junho 26, 2013

ShotsOfAwe #04 e #05

Mais um episódio belíssimo, de #Shots of Awe, dedicado à Rendição Extática. Neste quinto episódio, Jason diz-nos que temos uma vontade de nos entregarmos completamente a algo mais significante. Ao amor, à ciência, à arte, ao outro… Concordo plenamente, vendo este vídeo podemos sentir essa vontade… de Ecstatic Surrender.


Existe claro o risco, e o medo que nos apoquenta nestes momentos. Apaixonar-nos por algo comporta essas experiências menos positivas, mas sem isso podemos muito bem correr o risco de passar pela vida, sem nos darmos conta dela.

ShotsOfAwe #05 - Rendição Extática (2013) de Jason Silva

Na semana passada não tive tempo de fazer aqui referência ao episódio #4, por isso deixo-o agora, para que possam desfrutar, depois de se renderem a esta série, que está cada vez melhor. O episódio da semana passada, "We Are Already Cyborgs", foi dedicado à discussão filosófica do conceito de Cyborg, ou à forma como temos vindo a desenvolver melhoramentos ao nosso corpo biológico, questionando-nos para onde vamos, e se é que não somos já todos ciborgues. Jason fala do super-homem de Nietzsche, fala das extensões do homem de McLuhan. No final retive esta frase, "Our second skin, is our technology, is our turtle shell", com a qual concordo, e que vem de encontro a muito daquilo para que trabalho todos os dias na minha investigação.

ShotsOfAwe #04 - We are already Cyborgs (2013) de Jason Silva