junho 09, 2013

Filmes de Maio 2013

Depois de em Abril ter visto tão pouco cinema, em Maio vi ainda menos, demasiado trabalho, cansaço, livros e comics. Do mês destaco o regresso ao fim de cinco anos de Wong Kar-Way com um objecto, com uma direcção de arte e cinematografia, absolutamente sumptuoso. O filme em si não tem o poder emocional a que nos habituou, o storytelling está muito fragmentado, tentando chegar a todo o lado, mas a estética carrega todo o filme. Depois Poetry que já tinha visto de relance em tempos, acabei por finalmente ver completo, é uma obra capaz de tocar as nossas sensibilidades sobre o sentir da vida, as decisões difíceis, e as razões porque as tomamos. Finalmente 12 Angry Man volto a vê-lo passados mais de 20 anos, agora com um olhar completamente diferente. É um trabalho admirável de Sidney Lumet mas que acusa o tempo passar, as convenções do classicismo americano precisam de um espectador que se coloque constantemente no tempo do filme, ficando a emocionalidade à porta.

xxxx The Grandmaster 2013 Wong Kar-wai Hong-Kong

xxxx Poetry 2010 Chang-dong Lee South Korea

xxxx 12 Angry Men 1957 Sidney Lumet USA


xxx Mama 2013 Andrés Muschietti Spain

xxx Upstream Color 2013 Shane Carruth USA

xxx Sightseers 2012 Ben Wheatley UK

xxx The Devils Double 2011 Lee Tamahori Belgium/Netherlands

xxx Patagonia 2010 Marc Evans Argentina


Nota: Para ver os meses anteriores basta seguir a etiqueta FilmeMês. Podem ver a listagem de todas as notas numa folha online. As notas dadas seguem os critérios: x - insuficiente; xx - a desfrutar; xxx - bom; xxxx - muito bom; xxxxx - obra prima.

junho 08, 2013

ShotsOfAwe #02: "Singularidade"

O novo "philosophical shot of espresso" de Jason Silva já chegou. Depois do primeiro episódio dedicao ao Awe (espanto), desta vez fala-nos da Singularidade. Mais uma vez Jason é fantástico, em apenas dois minutos consegue um verdadeiro efeito de arrebatamento do espectador. Um conceito de difícil definição e que levanta vários problemas morais, é explicado em dois minutos de imagens, sons e oralidade.



Para este tópico Jason convoca trabalhos como The Denial of Death (1973) de Ernest Becker, TechGnosis (1998) de Erik Davies, e The Singularity is Near (2005) de Ray Kurzweil. Jason vai para além do medo que a questão nos coloca, de nos podermos vir a encontrar face a um outro ser criado por nós, e coloca a ênfase na descoberta, na ausência de limites do ser humano, na vontade de escapar à nossa própria morte.
"desire to transcend our own limits... desire to escape the death sentence… the singularity has a mean that reflects this sort of acceleration of the human design process, to the point of achieving an infinite velocity… we're the frontal lobes of the universe, we're the eyes and hears of the universe… our desire to transcend any of previous limits… I don't think there's anything unnatural about that… the idea of singularity is awesome"

Singularity (2013) de Jason Silva

junho 07, 2013

a vida através dos livros (e do cinema)

Lisa Bu é membro da equipa que produz as conferências TED, nesse sentido foi convidada para as conferências anuais internas de colaboradores da TED. A sua conferência foi tão interessante que a convidaram a apresentar a sua palestra no palco principal da TED, tornando-se assim na primeira colaboradora a fazê-lo.


Lisa Bu nasceu na China, veio para os EUA já depois de se licenciar, fazer um MBA em Sistemas de Informação, seguido de um doutoramento em Jornalismo na Universidade de Wisconsin-Madison. Ficou na universidade a trabalhar na rádio, como directora de conteúdos digitais, até que foi trabalhar para a TED.

A mais importante mensagem desta talk é o facto de que mesmo depois de destruírem os nossos sonhos ainda podemos emergir. Que para o fazer, muitas vezes não podemos apenas basear-nos nas pessoas que nos rodeiam, precisamos de ir além disso. No caso de Bu, foram os livros. Foi através dos livros que Bu descobriu o seu novo sentir, e criou os seus novos sonhos. Depois de todos terem desistido dela, ela acreditou no poder dos livros, para crescer, para emergir.

How books can open your mind (2013) Lisa Bu na TED

Sobre isto tenho apenas a dizer que não é nenhuma possibilidade remota, é algo a que dou muita importância em termos de educação e formação de um ser humano. Não apenas a literatura mas também o cinema. Passei toda a minha adolescência longe dos meus pais, num colégio interno, só os via nas férias. Durante todos esses anos, grande parte da minha formação foi feita à base de fins de semana de cinema. As sessões começavam a seguir ao almoço e prolongavam-se até depois do jantar. Desse modo via entre 4 e 5 filmes no sábado, mais 4 ou 5 no domingo. Depois passava o resto da semana envolvido nas aulas e trabalhos de casa, na interacção com os colegas que estavam ali como eu longe dos pais, mas à espera que chegasse de novo o fim-de-semana. Isto forma e educa, mas também deixa marcas, ainda hoje se passo muitos dias sem ver cinema começo a sentir uma espécie de melancolia invadir-me.

junho 06, 2013

o culto dos amadores

The Cult of the Amateur - Como a Inter­net está a matar a nossa cul­tura e a assaltar a econo­mia (2008) de Andrew Keen fala de um assunto que me tem vindo a interessar cada vez mais, e do qual já aqui falei no texto Comunicação e as falácias da Sociedade de Informação (Copyright, MOOC, Democracia Directa, Open Access, Rankings). Nesse sentido, apesar do foco das ideias de Keen ser correcto, o livro que nos apresenta é uma desilusão.


Keen até começa muito bem, defendendo várias ideias com que me identifico plenamente, como os problemas da ausência de verificação de fontes e credibilidade da informação online versus informação de qualidade dos jornais. Ou como a autoridade da Wikipedia que é capaz de colocar ao mesmo nível especialistas reconhecidos por pares, com miúdos que leram uns livros, ou nem isso. Ou ainda sobre as questões do copyright e do acesso grátis online que estão a destruir muitas possibilidades de carreiras criativas. Mas para fazer esta defesa embarca num extremismo ideológico sobre o que pode e não pode ser, apontando o dedo a tudo o que é novo, elogiando o status quo, pregando a imobilização e a não transformação.

Na voragem da argumentação e sustentação das suas ideias Keen chega a ponto de atacar toda a ideia da própria internet. Se é evidente que a internet nos trouxe muitos novos problemas, não podemos deixar de relembrar tudo o que de bom conseguimos com esta tecnologia de comunicação em quase todos os níveis da sociedade. Temos de encontrar formas de lidar e responder aos problemas, mas isso não pode de forma nenhuma passar por erradicar o meio, ou as novas formas de interacção social que este despoleta. Temos de continuar a estudar os seus efeitos, procurar compreender o seu alcance, criar regras e leis quando for caso disso, mas não podemos ajoelhar-nos e mal-dizer o que nos trouxe a internet. É um discurso gasto, e que surge sempre que surge um novo meio.

Andrew Keen é reconhecido internacionalmente como um dos maiores atacantes da Web 2.0 e ainda no ano que passou lançou novo livro, Digital Vertigo: How Today's Online Social Revolution Is Dividing, Diminishing, and Disorienting Us (2012). Apesar de eu entender e suportar algumas das suas posições, Keen vai precisar de aprender a argumentar melhor as suas ideias e ir além do mero texto de jornal, se quiser atenção académica para o seu discurso. Keen terá de aprender que a vida não é imutável, que vamos mudar, que mudaremos sempre, e a tecnologia é apenas uma parte da equação dessa transformação. No final, é o próprio Keen quem se revela um amador da reflexão mais profunda e fundamentada.


Edição Portuguesa
Andrew Keen, O culto do amadorismo, Guerra e Paz, 2008, Trad. Susana Serrão. A primeira edição inglesa saiu em 2007.

junho 05, 2013

a cor do storytelling

If It's Purple, Someone's Gonna Die: The Power of Color in Visual Storytelling é um livro de Patti Bellantoni, ex-professora de Artes Visuais na UCLA e na School of Visual Arts, NY. É um livro de carácter técnico que nos traz resultados de mais de 25 anos de estudos sobre a cor e os seus efeitos nomeadamente na arte cinematográfica. É uma obra obrigatória para qualquer pessoa que trabalhe com artes visuais.


If It's Purple, Someone's Gonna Die é um livro de organização simples, que se divide em apenas 6 grandes capítulos, cada um dedicado a uma cor - Vermelho, Amarelo, Azul, Laranja, Verde e Púrpura. O livro é muito interessante e bem fundamentado. Bellantoni não se limita a simbolismos, mas conecta a cultura com a biologia. Nesse sentido, muito do que é aqui dito está em total sintonia com os estudos que tenho realizado ao longo dos últimos anos no campo da neurociência da emoção. Cada cor tem uma leitura simbólica, mas que é dada em função da sua acção sobre a nossa percepção, sobre o modo como nos estimula, na maior parte das vezes de forma inconsciente e automática. Existe aqui a assunção de que a ligação entre a cor e a emoção é natural, e isso fica bem patente nesta passagem do livro,
"How do you develop this facility with color?... First and most importantly, you select your left-brain and click “Quit.” You have to relinquish control of your thinking self and give it over to what you are seeing. This is not easy in a culture that prides itself on hard-nosed reason and in which our softer perceptual skills are often dismissed. Most of us love to analyze films and love to talk about what we analyze. Indeed, we are often so busy analyzing the plot points that we are unaware of how we are being affected by what we see. We’ve evolved into a generation of talkers with lazy vision. We “watch” but we don’t see. And we miss out on an experience that enriches our emotional core."
O livro está carregado de exemplos de cenas e sequências de filmes que vão ilustrando cada uma das ideias da autora, pena que o livro seja parco em imagens para relatar visualmente tudo o que se vai discutindo. Sobre as análise realizadas ao longo do livro podem ver pequenos resumos que realizei numa comunicação "Compositing and Graphics" (slide 29 a 35). Apesar de tudo isto, resta sempre a questão - será que os artistas planeiam mesmo o uso das cores? Aqui fica a resposta,
"At my seminars in Visual Storytelling, the first question often asked is, “Is all this really planned?” The answer is not a simple yes or no. Color may play a role in weeks of planning in preproduction. Sometimes, however, plans are supplanted by gut decisions forwhich a color simply “feels right” on the spot...Color-flows that track the emotional arcs of a story are appearing on walls of studio art departments [sobre isto deem uma vista de olhos no texto Animação da cor no 9/11]. More and more, colors are being digitally altered in order to emotionally emphasize a scene. So, yes, it is often planned, not just on the set but also in both preproduction and postproduction."
Hero (2002) de Yimou Zhang

Primeira edição, 2005. Edição analisada, 2012. 288 páginas. Editora Focal Press.

junho 04, 2013

Powers of Ten, uma visão cósmica

Powers of Ten (1977) é uma das mais respeitadas curtas no mundo do design gráfico. A razão para tal não se prende apenas com o facto de ter sido criada pelos designers Charles e Ray Eames para a IBM, mas antes por ser um artefacto exímio na visualização de informação complexa em movimento. Powers of Ten traduz informação altamente complexa através de uma simples regra de visualização, as potências de 10.


O filme começa com um casal deitado num relvado de Chigado, filmado a partir de cima num enquadramento que oferece a visão sobre 1 metro de espaço. A partir desse ponto na Terra, começa um afastamento da câmara para cima, ampliando a visão que temos do espaço, em potências de 10 a cada 10 segundos (101=10m; 102=100m; 103=1000m; 104=10000m). Visualmente percepcionamos o espaço real que estamos a ver a partir de um quadrado que se vai sobrepondo sobre as imagens em afastamento e que nos permite, através da afixação lateral das potências de 10 e dos metros, ganhar uma compreensão completa do que estamos a ver. Chegados ao limite da ampliação de 1024 a câmara retrocede em alta velocidade, até atingir de novo o casal, e depois faz o caminho inverso no sentido do infinitamente pequeno.


O título completo do filme reflecte exactamente isto, Powers of Ten: A Film Dealing with the Relative Size of Things in the Universe and the Effect of Adding Another Zero. A ideia base foi baseada no livro Cosmic View: The Universe in 40 Jumps (1957). O livro está esgotado há muitos anos, mas tem sido preservado online por vários académicos, podem ver a versão preservada por Mitchell Charity.


Em menos de 10 minutos o espectador ganha uma consciência singular do mundo e do seu posicionamento neste. O filme é reconhecido pelo modo como graficamente nos ajuda a compreender o espaço, mas a sua importância está longe de se fechar no reino do design, o que estamos aqui a falar é de humanidade. Por isso este devia ser um filme obrigatório nas nossas escolas. Ganhar noção do espaço que ocupamos neste universo é fundamental para compreendermos o alcance do universo, e do que somos "nós" perante este.



Tecnicamente o filme não foi fácil de criar, estamos em 1977, e a primeira versão do mesmo surgiu em 1968. Nos dias de hoje, este filme seria executado muito facilmente com as tecnologias de imagens geradas por computador, algo que não existia em 1977. Uma versão apenas pictórica do filme pode ser vista no sítio que a IBM mantém sobre o filme, e com imagens em HD. A versão do filme aqui abaixo, que está no YouTube, é autorizada pela IBM e pelos Eames Office.

Powers of Ten (1977) de Charles e Ray Eames

junho 03, 2013

tributo a Evil Dead

Daniel Kanemoto realizou uma pequena animação, Evil Dead: An Animated Tribute (2012), um tributo à série de filmes Evil Dead, com o objectivo de convencer a produtora do remake de 2013 a deixá-lo criar o genérico para o filme. Não conseguiu, apesar disso vale bem a pena ver este tributo, nomeadamente para quem conhece a série.



Kanemoto já tinha sido responsável pelo tributo a The Walking Dead (2010) que foi um enorme sucesso online. Podem ver o pequeno filme e ler uma entrevista sobre este trabalho no sítio Art of the Title. A técnica utilizada por Kanemoto, tanto em Evil Dead: An Animated Tribute como em The Walking Dead baseia-se na simples animação por corte conjuntamente com as propriedades de camadas 3d controladas a partir do After Effects, como explica o próprio abaixo. O mais interessante é o ritmo que Kanemoto imprime a animação, através da montagem e movimentos de câmara que aproximam a animação totalmente da linguagem formal presente nos filmes originais.
My concept was to take the black-and-white art from the comic and expand it into multiple layers using Photoshop. Then I’d add an extra layer of depth to these 2D illustrations by animating a 3D camera in After Effects.
Evil Dead: An Animated Tribute (2012) de Daniel Kanemoto

maio 30, 2013

Realismo 3d da nostalgia geek

Load (2013) é um filme 3d de estudante, criado por Brian Sørensen (1986) como projecto de fim de curso no 3d College em Grenaa, Dinamarca. A atenção ao detalhe e o facto de ter conseguido gerar a maior parte do dinamismo através da câmara e da luz, reduzindo assim o trabalho de animação de objectos, demonstra um sentido apurado da expressão audiovisual.



Em termos estéticos a atmosfera é brilhante. Sørensen constrói um verdadeiro palpitar dos anos 1980, não apenas no que mostra, mas na cinematografia, a cor algo esbotada, com os verdes gastos, e a música de sintetizador. A construção dos enquadramentos de câmara ajudam a criar o sentido de mistério. Claro que o conteúdo faz o resto - o gravador de cassetes, o contador das voltas da fita, o ecrã e teclado do Commodore 64, os posters, a sala de aula.

O realismo impressiona por duas razões, primeiro por estar tão conseguido, mas mais por ser tudo feito por uma única pessoa, e ainda estudante. Desde a modelação, texturização, iluminação, animação à correcção de cor e montagem, assim como o som e a própria música. Ou seja, tive dúvidas que uma pessoa sozinha se pusesse a modelar a quantidade enorme de objectos que aqui vão apenas para um pequeno filme. Pelo que entretanto percebi, a curta é apenas uma parte de um projecto, ele teria já modelado algumas destas coisas para outros projectos, e aproveitou para daqui fazer o seu filme.

Load (2013) de Brian Sorensen

O impacto do realismo funciona melhor se não soubermos que é 3d na primeira vez que vemos. Na segunda vez, começamos a encontrar os detalhes que desmascaram facilmente o trabalho. Mas como o autor diz, sendo um projecto de fim de curso, com prazo apertado e fazer tudo sozinho não dava para mais.

A Filosofia de Miyazaki

Deixo aqui um trabalho de banda desenhada de estudante absolutamente delicioso. Ashely Allis é estudante de Belas Artes na Universidade do Michigan, na área da Modelação e Animação 3d. Numa das cadeiras do curso, Visual Storytelling, o projecto final passava por criar uma banda desenhada de cinco páginas sobre a vida de uma pessoa famosa. Ela escolheu Hayao Miyazaki.


Allis diz-nos que depois de pensar sobre o assunto decidiu que em vez de tentar traçar a história de Miyazaki iria falar antes sobre a forma como o autor pensa o mundo que o rodeia e como incorpora essas ideias no seus filmes. O resultado surge quase como uma resposta a muitos dos problemas de representação de género e moral que temos no cinema ocidental, daí que o título da história seja The Flawed Concept of Good and Evil. Sobre o género falei aqui ainda há pouco tempo a propósito do Viés do Storytelling contemporâneo. Sobre o bem e o mal, para nós ocidentais a realidade tem de ser a preto ou branco, temos dificuldade em lidar com zonas cinzentas no storytelling, queremos certezas, heróis bem definidos e coerentes, queremos princípios e queremos fechamentos fortes. Isto faz parte do modo como vemos o mundo, o nosso storytelling não é indiferente às nossas concepções de realidade. Já Miyazaki autor japonês, escreve a partir da cultura envolvente japonesa, assumindo as diferentes percepções do mundo face ao ocidente. Daí que ele se surpreenda e com razão que os seus filmes sejam bem aceites no ocidente. Estas cinco belíssimas páginas sintetizam muito bem estas diferenças entre culturas, e ajudam-nos a reflectir não apenas sobre o que é o nosso cinema, mas sobre aquilo que nós próprios somos.

Allis não usou textos directos do autor, antes criou uma história em volta de entrevistas, textos e ideias que foi lendo dele e sobre ele. Ou seja, a narração que surge no comic não é uma citação directa de Miyazaki, mas antes uma adaptação do que ele diz de modo a facilitar o ficcionar da narrativa visual. Desse modo, o que temos aqui é uma reflexão de Allis sobre as ideias de Miyazaki transposta para o formato de história gráfica. Deixo a explicação da autora, e a seguir as cinco páginas.
"these are not direct quotes from Miyazaki. I read, listened to, and and watched many, many interviews of Miyazaki, and the words in my comic are paraphrases / translations / simplified summaries of all of the notes that I took on the things that he said during the interviews. Due to the constraints of the assignment, I was challenged to find a way to word and present his whole philosophy in five short pages. I took careful, and much-considered artistic liberties when creating the narrative of this comic, and all decisions were made based upon the importance of maintaining cohesiveness between statements, so that Miyazaki's message and philosophy would be well-translated, and clearly understood through my comic." [Allis]

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