dezembro 16, 2012

narrativas do indeterminismo

A Separation (2011) ganhou o Oscar para melhor filme estrangeiro deste ano, e o Urso de Ouro em Berlim. Realizado por Asghar Farhadi o realizador iraniano de About Elly de que aqui falei no mês passado. Depois de About Elly era difícil surpreender, ambos os filmes trabalham a dramaturgia das relações humanas a um nível raramente visto no cinema, apesar de neste blog ter falado recentemente de outros dois filmes neste mesmo nível de registo, Amour (2012) de Michael Haneke e Sangue do meu Sangue (2011) de João Canijo.


A Separation obriga-me a questionar a ideia de Amour ser um filme genuinamente Europeu. É verdade que sentimos aqui a religiosidade de uma forma impossível na Europa de Haneke, mas os problemas micro-analisados por Farhadi são tão próximos da realidade Europeia. O divórcio, os filhos, a velhice mostrados a partir de uma geração com níveis altos de educação à prova de qualquer religião e que os aproxima tanto daquilo que pudemos ver em Amour. A vida acelerada, os telefones, os carros, o Alzheimer, o "stalking", é tudo tão ocidental que dá vontade de questionar os media ocidentais sobre a realidade que todos os dias nos mostram do chamado Médio Oriente. Existem alguns dados que seria ainda preciso aferir porque este discurso é cerceado de limitações no campo da crítica social, já que o realizador chegou a ser banido recentemente no Irão por ter defendido alguns dos seus colegas mais radicais, tendo sido obrigado a retirar as declarações para poder filmar A Separation  Deste modo, esta abordagem cultural do Irão é talvez a abordagem possível, é o meio através do qual Farhadi consegue ainda assim fazer passar o seu mundo.


A construção narrativa em A Separation está ao nível de About Elly  do mais perfeito que podemos encontrar, trabalhando elementos em profundidade, extensão e encenado a uma velocidade incrível. Sempre defendemos o Cinema como uma arte singular, distante do Teatro, que o é, mas aquilo que podemos ver no cinema de Farhadi é a magia do Drama como só o teatro tem sabido criar. Farhadi usa toda a técnica cinematográfica, toda a técnica dramática, e cria uma nova forma de expressar e verbalizar as suas ideias. Podemos dizer que temos aqui uma marca de autenticidade do seu trabalho, será difícil voltar a ver um filme seu sem imediatamente o identificar.


Na história impressiona-nos todos aqueles personagens que como nós procuram apenas viver as suas vidas, trabalhar de forma séria para conseguir o melhor para os seus, mas o acaso, o orgânico das relações sociais, a vida em si, vai-se encarregando de os provocar. Como em About Elly, Farhadi trabalha sobre o fio do mais puro indeterminismo, ninguém quer o mal de ninguém, mas o mais puro acaso, a coincidência de factores sem causa aparente, desenvolve-se e é aqui que Farhadi brilha em todo o seu esplendor narrativo. A matriz narrativa clássica não existe sem causalidade, e Farhadi consegue desenvolver por debaixo dessa causalidade, toda uma rede de não-causalidade, é simplesmente brilhante.

dezembro 15, 2012

Amour, o talento da realização de Haneke

Amour vai aparecer em muitas listas como o filme do ano de 2012, além de vários prémios Haneke levou mais uma Palma de Ouro. Amour é um filme de essência Europeia, não apenas na forma mas também no conteúdo. Trata o assunto do momento, os últimos anos, com uma abordagem cultural claramente nossa. Haneke não é propriamente minimalista, em parte porque não tem pejo em mostrar a decadência da idade para com ela construir a essência do título do seu filme. Por outro lado ao não construir a típica estrutura de causalidade no ecrã deixa no ar muitas interrogações. Se lhe pedirmos para explicar, a resposta é,

"you are asking me to interpret, and I will not. Every meaning is fine, all interpretations are OK. I do not choose between them, because I dislike explanations (..) When I am asked this kind of thing, I usually say I don't know the answer because I don't have such a good relationship with the author."[1]
Haneke foge porque o autor, escritor e o realizador, é ele próprio. Mas se Haneke reage assim é por uma razão muito simples,
"I give the spectator the possibility of participating, the audience completes the film by thinking about it; those who watch must not be just consumers ingesting spoon-fed images. A film cannot stop at the screen. Cinema is a dialogue." [1]
E esta forma de criar sentido audiovisualmente tem os seus frutos. É por demais evidente ler as críticas a Amour e perceber o quão diferentes são as análises de crítico para crítico. Apesar de haver unanimidade sobre a qualidade da obra, encontrei muito pouca unanimidade em redor daquilo que nos é apresentado. Haneke faz-nos o favor de dar um título fortemente sugestivo, que de certo modo tolda a nossa compreensão da obra. Mas é apenas e só isso, nada mais, tudo o resto está à nossa responsabilidade. E cada um verá, sentirá, consoante a sua própria bagagem cultural. A forma como Haneke trabalha obriga a que cada um de nós traga para obra o seu próprio mundo, as suas relações pessoais, os seus mais próximos, porque são esses que servem de suporte à construção de empatia necessária para entrar adentro o filme. Porque o filme claramente também não surge do vazio, o historial de Haneke, tanto cinematográfico como pessoal trouxe-o até aqui. É inevitável pensar em The Seventh Continent, é necessário saber que Haneke foi criado por uma tia que aos 90 anos lhe pediu para a ajudar a morrer, e que este lhe terá dito não o poder fazer por ser seu herdeiro, o que não evitou que esta o tivesse feito por si. Será um filme complicado para jovens, por lhes faltar esse referencial cultural, é-lhes difícil compreender o que está ali a acontecer, ler nas entrelinhas do tempo, não apenas do tempo do filme, mas do tempo daquelas vidas, da vida em si.


Conhecendo o trabalho de Haneke esperamos um determinado finale, pré-anunciado na própria abertura do filme, mas o climax do filme surpreende-nos, incomoda-nos, provoca-nos. Um misto de raiva e tristeza que se apodera de nós, consoante aquilo em que acreditemos. Percebo, mas é muito súbito, é forte, é inevitável ao mesmo tempo que é inaceitável. E o filme ainda assim tudo faz para o anunciar. Aliás Haneke conjuntamente com Trintignant e Riva fazem um trabalho magistral que nos conduz ali. O filme começa calmamente num ambiente culturalmente rico e cheio de possibilidades, que depois inicia um crescendo desvelador do amor incondicional, totalmente carregado nas costas daqueles dois actores. A meio do filme aqueles dois personagens, são dois seres reais de tão impressionantes que são ambos no ecrã, poderiam ser nossos familiares, e é isso que tanto custa. A empatia criada, é feita à custa da total imersão do espectador, do facto deste contribuir para o desenrolar interpretativo daquilo que se passa no ecrã, obrigado a trazer para o centro do filme os seus entes mais queridos, e a colocá-los ali. Dependente da fase da vida em que se veja o filme, teremos um acesso diferente à obra. No meu caso é inevitável ver-me como a pessoa de fora que assiste sem poder, à semelhança de Huppert, a filha que "quer ver", que quer transformar o estado das coisas mas se sente incapaz, que quer falar de "coisas sérias" como se essas pudessem resolver alguma coisa. E é em resposta a essas "coisas sérias" que Haneke puxa para título, o resumo do sentido de tudo aquilo a que assistimos.




Contra algumas ideias que tenho vindo a defender, Haneke demonstra aqui porque apesar de a imagem mostrar em vez de descrever, consegue ainda assim conter tanto poder expressivo como o texto. Haneke obriga o espectador a participar, a envolver-se com a obra, sem o envolvimento o filme não se abre, entende-se, mas não se sente. E julgo que é aqui que reside o talento, muito acima da média, da sua direcção, ser capaz de manter uma obra compreensível, não descendo ao incompreensível pelo minimalismo ou meramente simbólico, mas esculpindo na obra os sucalcos que precisam de ser preenchidos pelo espectador, os sucalcos da empatia e da emocionalidade.


[1] Michael Haneke: There's no easy way to say this…, The Guardian, 4 de Novembro 2012

OffBook: "The Impact of Twitter on Journalism"

A série OffBook resolveu abrir a abrangência da série, deixar de se focar tão rigidamente nos movimentos artísticos para se focar sobre os movimentos criativos em geral. E é nesse sentido que surge este episódio dedicado a The Impact of Twitter on Journalism.



Nem sempre se pensa o jornalismo como uma atividade criativa, provavelmente pela sua relação com o sério, o factual, o objectivo, pouco dado ao lúdico e à experimentação. Mas na realidade o jornalismo é uma actividade que vive da verbalização de ideias que emitem necessariamente uma certa dose de subjectivadade. Nesse sentido o formato jornalísitco também evolui, também se transforma, e também experimenta. Os jornalista são criativos no campo do texto e da imagem com propósitos claros e muito funcionais, em certa medida o carácter da forma jornalística está para criatividade, como o design está para a arte.

dezembro 13, 2012

Cutscenes, "modo de usar"

No passado cheguei a pensar, por pouco tempo, que as cutscenes não deveriam existir na arte dos videojogos. A razão para ter sido apenas breve esta ideia foi porque tal como é dito neste Extra Credits, as cutscenes são uma ferramenta de comunicação como outra qualquer nos videojogos, como tal um criador não se deve autolimitar por mero fundamentalismo. Isto não invalida que não procuremos inovar a linguagem da interactividade, mas esta não pode realizar-se através da mera castração de uma ferramenta de storytelling.


Tal como no Cinema em que continuamos a usar actores em palcos que dramatizam cenas, seguindo aquilo que se faz no Teatro, nos videojogos também podemos utilizar cutscenes que utilizam os princípios cinematográficos. Aquilo que precisamos de perceber é a melhor forma de utilizar essas cutscenes, tal como o cinema fez com o palco, em que deixou de o apresentar filmado em plano geral e passou a colocar a câmara dentro do próprio palco. Ou seja a indústria precisa de compreender quando a cutscene deixa de ser uma ferramenta ao serviço do jogo, e passa a ser um elemento autónomo.


Neste sentido gosto deste Extra Credits do James Portnow, porque procura responder à questão académica, sobre qual será um possível bom uso das cutscenes. São apresentadas duas possibilidades, não sei se são as únicas, mas concordo com ambas:
"1 - The powerlessness of the player"
"2 - Context"
Apesar de Portnow defender que a primeira é menos importante, eu leio o contrário. E dou o exemplo da sequência de abertura do primeiro Max Payne. O facto de me ser retirado o controlo da acção na cena por via das cutscenes, é o que torna tão dramático e brilhante as mortes da família do meu personagem. Nesse sentido, estamos a fazer um uso muito específico e delimitado da cutscene, mas é para mim sem dúvida, uma das suas virtudes mais poderosas, o momento em que nos é retirado o controlo do mundo.

Cena de abertura de Max Payne (2001), vejam a partir de 3m14s. Embora só se possa compreender completamente, jogando o momento.

Quanto ao contexto, é natural que concordo, embora não sinta que seja uma necessidade absoluta. Concordo mais no sentido de as cutscenes não passarem dessa linha de contextualização. Ou seja, criarem o espaço contextual e atmosférico para a narrativa poder acontecer durante a interactividade, mas não irem além disso, correndo o risco de se autonomizarem do próprio jogo.

Extra Credits: Cutscenes

dezembro 10, 2012

Assistant Professor in HCI / Digital Media

The Department of Information Systems, School of Engineering at University of Minho, Portugal is looking for international candidates for one Assistant Professor - Tenure Track (na carreira portuguesa corresponde a Professor Auxiliar de carreira) position in the subject area of Engineering and Technology for Information Systems.


We are specially interested in candidates with a particular relevant CV in the area of Human-Computer Interaction and/or Digital Media to intervene in the context of the Master in Technology and Digital Art and conduct research in those and related areas within the context of the engageLab.

Master student works of 2012 (MTAD)

You can find the call for the position with the details on how to apply in English and Portuguese. The application process is open until the 10th of January, 2013.

School of Engineering at University of Minho

The school of Engineering at University of Minho is located in Guimarães, Portugal.

Guimarães, jointly with Maribor, is the European Capital of Culture in 2012, and was elected by the New York Times one of the 41 places to go in 2011. NYT called it one of the Iberian peninsula's emerging cultural spots.

For any questions and doubts contact Prof. Dr. Pedro Branco: pbranco@dsi.uminho.pt

dezembro 09, 2012

Sangue do Meu Sangue, uma obra-prima

Sangue do Meu Sangue é provavelmente um dos 10 melhores filmes portugueses de sempre. O seu registo é perfeito em toda a linha, realização, montagem, cinematografia, som, direcção de actores, guarda-roupa e claro os actores, os actores a servirem totalmente o cinema de João Canijo.


Apesar de tanta perfeição, não posso deixar de destacar três elementos: a escrita, a realização, e a interpretação de Rita Blanco. Da escrita podemos destacar o emaranhado de nós, a forma como somos levados por entre as vidas daquelas personagens, a narrativa não nos prende a um personagem em particular, antes nos prende à essência da vida ali presente, do seu modo, do seu peso, da sua anunciada tragédia. Claramente que empatizamos, mas cada um segue o personagem mais próximo de si, não existe um centro, porque o centro é a vida, a narrativa não dá corpo a um herói que se manifesta, antes coloca em evidência uma forma de estar na vida, de a encarar, de a viver e sentir. Neste sentido Canijo aproxima-se muito de Mike Leigh, tratando realidades diferentes – Inglaterra e Portugal – mas de forma tão próxima. O que aqui é relevante é o espectador compreender o mundo a partir da perspectiva daquelas pessoas, um universo real, longe da realidade adocicada de telenovela ou mesmo de telejornal. Não deixa de ser estranho no mundo de hoje, termos de ver um filme ficcional para sentir a realidade que um telejornal deixou de ser capaz de nos dar a ver.


No campo da realização, fiquei verdadeiramente impressionado pelo trabalho de Canijo, porque apesar de conhecer o seu trabalho prévio, este têm-se evidenciado mais pela escrita do que propriamente pela realização. Mas aqui ele vai bem mais longe, e chego a pensar que estamos perante uma nova forma de filmar, de algum modo pós-moderna. No sentido em que somos transportados por entre o drama e tragédia por meio de um autêntico festim de diálogos cruzados, colocados em cena de modo simultâneo, não diferentemente do que aconteceria na realidade, mas diferente do que estamos habituados a ver. Até aqui o cinema tem sido assertivo na apresentação das suas ideias, os diálogos não se cruzam, a menos que sejam meramente figurativos, ora aqui isso torna-se parte da estética do filme. Sentimos um certo desejo de colocar o espectador em atividade “multitasking”, tendo de seguir diálogos em simultâneo no ecrã e que surgem por cada canal do estéreo. Não podemos deixar de dar a devida a atenção a cada um deles, mas sentimos que exige de nós, sentimos que o filme nos envolve, nos abraça e nos obriga a entrar adentro dele. A câmara assume o seu papel de narrador mas como se de um autor implícito se tratasse, porque é ela que nos conta, é ela que nos coloca na cena, nós percebemos claramente que estamos ali como que a invadir o espaço privado daquelas pessoas, um espaço do qual a câmara faz parte. A juntar a isto, a construção sonora é irrepreensível, porque assegura uma realidade muito clara do espaço em que estamos, do modo denso e profuso que se vive em cada um dos espaços que nos aparecem. Canijo conseguiu reconstruir "vida" na tela.


Finalmente o trabalho magistral de Rita Blanco, não apenas ela, todos os actores são magistrais de um naturalismo tão perfeito que nos parece que invadimos o seu espaço por meio da câmara. Todos eles integrados, mesmo aqueles que nos habituámos apenas a ver em telenovela, morfoseiam-se e assimilam o personagem, somos incapazes de os descolar do espaço em que se apresentam. Sente-se que isto só poderia ser conseguido com o espaço dado ao improviso, a naturalidade com que as emoções jorram no ecrã não se consegue com diálogo memorizado, tem de ser sentido, tem de ser jorrado no calor da construção da cena, ainda que claro siga directrizes. A cena mais conseguida nestes moldes acontece durante o almoço dos "carapaus do Nini" em que a força emocional da cena atinge um pico intensamente realista, deixando-nos por momentos ansiosos, e com o coração a bater mais rápido. Por outro lado o filme acentua ainda mais este naturalismo com o contraste dado pela família de classe alta que aparece a meio do filme e que se encena, no sentido clássico da palavra, em que não se sente o pulsar da vida, mas apenas e só a fachada construída daquilo que se espera ser uma vida. Ainda assim e no meio de todo este calor interpretacional, Blanco impressiona, porque tem um magnetismo, porque é ela e não uma personagem, porque embora não sendo, parece tanto, que só pode ser. Blanco é a mãe que lutou toda uma vida para dar o melhor aos seus filhos, mas nem sempre as coisas correram da melhor forma, mas ela ali está com uma força tremenda, capaz de continuar a lutar e a tudo fazer para garantir que os seus filhos terão algo melhor do que ela. Aliás, agora que corre na nossa sociedade aquela ideia de que os nossos filhos viverão pior do que nós, é bom que vejam este filme e percebam porque isso não pode ser verdade, porque não o permitiremos, nem hoje, nem nunca.

dezembro 08, 2012

curta, demasiado curta

Trago um pequeno filme que saiu há cinco meses, por altura dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Já o tinha visto antes, mas no seu formato curto de um minuto, só agora descobri que existia uma versão estendida, ou melhor que a versão original tinha 2m40.



Quando vi a versão curta, adorei o 3d, essencialmente a luz e a cor, mas enquanto filme não me pareceu suficientemente forte para perder tempo a partilhar, o que em certa medida explica porque razão um filme tão bom não conseguiu tornar-se viral. Mas vendo agora a versão completa, percebi o que se passava com o filme curto, a animação parecia ser um mero sucedâneo dos vários desportos, sem qualquer contextualização, sem detalhe do ambiente, nem espaço para respirar o ritmo do filme. Esta versão de 2min40 mostra bem porque a Passion Pictures é uma das empresas mais conceituadas internacionalmente no campo dos VFx para publicidade, o filme completo é um verdadeiro deleite.


Comparem com a versão curta.

35 anos de plataformas e géneros

Esta semana analisei na Eurogamer a evolução dos géneros e plataformas dos últimos 35 anos na indústria dos videojogos a partir de dois gráficos realizados por um utilizador do Reddit, o NcikVGG que apresentam uma leitura gráfica baseada em 24 mil títulos que foram listados por vários utilizadores do site VideoGameGeek.


Podem ler a análise no site da Eurogamer.

dezembro 07, 2012

a música visualizada

Understand Music (2012) é um trabalho que procura dar uma forma visual à forma musical, explicando o que esta é por meio de movimento gráfico. É um trabalho curto, mas dada a sua pureza, simplicidade e coerência, posso dizer que é talvez o melhor trabalho que alguma vez vi com este objectivo, que é imensamente complexo, algo que os próprios autores acabaram por reconhecer no seu site.



Produzido por um recém criado estúdio alemão, Finally, dedicado às artes visuais, Understanding Music tenta dar forma visual à musicalidade por intermédio do conceito de livro, e do movimento gracioso de tudo o que se move no ecrã. A tipografia é utilizada de forma brilhante discutindo o que se ouve, mas também o que se vai vendo, dando uma maior profundidade a toda a conceptualização da ideia do que é a música. É um trabalho que demonstra um domínio técnico das artes de ilustração e animação muito apurado, assim como uma enorme sensibilidade estética. Um estúdio que muito facilmente conseguirá vingar em diferentes áreas do design de comunicação.
Music is a good thing. But what we did not know until we started with the research for this piece: Music is also a pretty damn complex thing. This experimental animation is about the attempt to understand all the parts and bits of it. Have a look. You might agree with our conclusion!
Understand Music, (2012) de Finally