Cyril Pedrosa nasceu em Poitiers, França, em 1972, filho de pais portugueses. Com uma paixão pelo desenho desde pequeno, de Asterix a Hugo Pratt, será com a leitura dos comics americanos que descobre o que quer ser quando for grande, desenhador. Faz o curso numa das escolas mais emblemáticas do mundo da animação, a
Gobelins - L'Ecole de L'Image. Daí salta para os estúdios da Disney em Paris, para trabalhar como
inbetweener em
The Hunchback of Notre Dame (1996). Demonstradas as suas capacidades, chega a animador-assistente em
Hercules (1997). Pouco depois encontra David Chauvel que o irá levar de volta ao mundo da banda desenhada.
Esta é a pequena história do surgimento de um dos autores de banda desenhada franceses, com raízes portuguesas, mais interessantes da atualidade. A sua passagem pela animação claramente que deixou marcas que não podemos deixar de notar, principalmente no dinamismo gráfico e atmosferas criadas pelas suas imagens estáticas.
(Portugal, quadro da página 165)
Em 2008 recebe o prémio
Essentiels d'Angoulême pelo extraordinário album
Trois Ombres (2007), que no ano passado o levou a convite a Belo Horizonte, Brasil aquando da sua publicação em português. Depois em 2009 recebe o prémio
Tournesol pelo album
Autobio de caracter mais ecológico.
(Portugal, quadro da página 172)
Mas a consagração total do trabalho de Pedrosa chegará em Setembro de 2011, com um título que nos é muito caro, nada menos que
Portugal. Depois de logo em Outubro ter recebido o
Le Point de la BD, ontem, recebeu
o prémio Fnac BD 2012 no 39º Festival International de la Bande Dessinée d’Angoulême, escolhido de entre 58 candidatos.
(Portugal, página 180)
Um trabalho que começou por
publicar online, de modo totalmente gratuito. Ainda que de modo a proteger o seu trabalho, mantivesse apenas cinco capítulos online, à medida que ia desenhando mais, ia apagando os anteriores. Assim se forem ao site neste momento, encontram apenas completos os últimos 5 capítulos dos 32, mas quem acompanhou o trabalho de Pedrosa pode ler todo o livro de modo gratuito. Para livro de banda desenhada ficou enorme, são 260 páginas, o que para muitos editores daria para criar vários tomos.
(Portugal, quadro da página 186)
Portugal surge depois de uma viagem a Portugal para revisitar familiares, acabando por se tornar na história do próprio livro. Aliás os livros de Pedrosa tem quase sempre algo de autobiográfico, e este não é diferente.Talvez seja mesmo essa característica do autor, que consegue atribuir tanta autenticidade às suas histórias. Portugal reveste-se de discussões do quotidiano existencialistas, sem enredo de fundo que motive a leitura. É mesmo pelo prazer puro da descoberta das peculiaridade de cada personagem que vamos seguindo página após página.
(Portugal, página 200)
Por outro lado não posso deixar de enaltecer a qualidade estética do seu trabalho. O seu trabalho da cor é de uma enorme intensidade atmosférica, que associado à excelente composição visual de cada quadro lhe conference grande carga dramática, capaz de nos transportar de imediato para dentro do desenho. Aliás Pedrosa descreve o seu trabalho, da forma como me sinto enquanto leitor do mesmo. Aqui fica parte de um texto que escreveu para a sua apresentação no Brasil, e um
making of do livro
Portugal que o próprio editou para usar numa palestra para os alunos do Maryland Institute College of Art nos EUA.
Desenhamos, e abracadabra, desaparecemos.
É exatamente disso que se trata. Aquele que desenha não pensa mais. Ele esquece de si mesmo e se incorpora, corpo e espírito, na ponta de seu lápis, ao contato do papel. [fonte]
Making of do livro Portugal por Cyril Pedrosa, legendado em inglês