janeiro 03, 2011

Um Blog, porquê?

Acabo de ler a Lista de dez conselhos para quem quer começar um blog de António Granado e julgo que vale a pena replicar aqui esses conselhos.

1. Um blog tem de ser um compromisso sério e livre

2. Um blog deve ter um tema e explorá-lo profundamente

3. Blogar deve ser partilhar conhecimento e ter gosto nisso

4. Postar com frequência deve ser uma preocupação

5. Um blog é um espaço público, não é uma conversa de amigos

6. Um blog tem uma voz própria e deve ser coerente com essa voz

7. Antes de começar um blog, pensar duas vezes

8. Vale a pena apostar num domínio próprio e brincar com as ferramentas

9. Um blog pode ser a porta de entrada na profissão de jornalista

10. Os blogs não estão fora de moda

Gostei desta listagem de conselhos, sincera e honesta e que fazem da blogosefera o espaço de partilha de conhecimento que é nos dias de hoje.
Dos 10 conselhos e aplicados ao caso do Virtual Illusion excluiria os últimos 3.
O ponto 8 sobre o domínio é interessante mas não é tudo, além de que um dominio próprio é no meu entender já uma deturpação do carácter do blog. Isto no sentido em que um blog é parte de uma comunidade alargada que partilha uma mesma plataforma, logo uma mesma identidade no seu link.
Quanto ao 9, é interessante para todos os que trabalhem na área, de resto, o blog será cada vez mais um elemento relevante de análise num portefólio.
E o 10, porque não é um conselho, antes uma constatação, como tal não se enquadra nesta lista.

Resumo Cinema 2010

Melhores 10 filmes produzidos em 2010


1 - Inception, Christopher Nolan
2 - Copie Conforme, Abbas Kiarostami
3 - Shutter Island, Martin Scorsese
4 - Buried, Rodrigo Cortés
5 - Black Swan, Darren Aronofsky
6 - The American, Anton Corbijn
7 - Alice in Wonderland, Tim Burton
8 - Scott Pilgrim vs. the World, Edgar Wright
9 - Toy Story 3, Lee Unkrich
10 - The Social Network, David Fincher

Foram 243 filmes vistos em 2010, mas apenas 36 filmes produzidos em 2010 (seguindo as datas da IMDB). Ficam de fora vários trabalhos produzidos em 2010 e que não tive ainda oportunidade de visionar, tais como: The King's Speech; 127 Hours; Biutiful; Winter's Bone; Rabbit Hole; Tron: Legacy; It's Kind of a Funny Story; Another Year; Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives; Carlos; The Autobiography of Nicolae Ceausescu; Film socialism; Somewhere.
A vantagem de listar todos os filmes que vemos é poder no final de um ano olhar para trás e analisar em maior detalhe o que se fez, o que se privilegiou, a experiência em geral.

Origem dos filmes (243)

Tipologia das notas atribuídas aos filmes (243)


Divisão por géneros dos filmes (243)


[Para ver todos os 243 filmes veja a Lista Geral de Filmes]

janeiro 01, 2011

Filmes de Dezembro 2010

Dezembro teve dois filmes brilhantes, com duas interpretações femininas impressionantes, da parte de Juliette Binoche (Copie Conforme) e Natalie Portman (Black Swan). Em breve deixarei aqui um artigo sobre o cinema de 2010.

xxxxx Copie Conforme, 2010, France, Abbas Kiarostami, Drama

xxxxx Black Swan, 2010, USA, Darren Aronofsky, Drama


xxxx The Social Network, 2010, USA, David Fincher, Biopic
xxxx Scott Pilgrim vs. the World, 2010, USA, Edgar Wright, Comedy
xxxx The American, 2010, USA, Anton Corbijn, Drama

xxxx Buried, 2010, Spain, Rodrigo Cortes, Thriller
xxxx Despicable Me, 2010, USA, Pierre Coffin, Chris Renaud, Animation

xxxx Afterschool, 2008, USA, Antonio Campos, Drama
xxxx Guns, Germs and Steel, 2005, USA, Jared Diamond, Documentary
xxxx The Squid and the Whale, 2005, USA, Noah Baumbach, Drama


xxx Tangled, 2010, USA, Nathan Greno, Byron Howard, Animation

xxx Solomon Kane, 2009, France, Michael J. Bassett, Adventure
xxx El secreto de sus ojos, 2009, Argentina, Juan José Campanella, Drama

xxx Abrazos Rotos, 2009, Spain, Pedro Almodovar, Drama
xxx Deux jours à tuer, 2008, France, Jean Becker, Drama


xx Carriers, 2009, USA, Àlex Pastor, David Pastor, Horror
xx Dolan's Cadillac, 2009, USA, Jeff Beesley, Crime
xx Armored, 2009, USA, Nimród Antal, Crime
xx New Moon, 2009, USA, Chris Weitz, Fantasy
xx The Brothers Bloom, 2008, USA, Rian Johnson, Adventure
xx Bienvenue chez les Ch'tis, 2008, France, Dany Boon, Comedy
xx
The Longest Yard, 2005, USA, Peter Segal, Comedy

x Expendables, 2010, USA, Sylvester Stallone, Action
x Piranha 3D, 2010, USA, Alexandre Aja, Horror
x Star Crossed, 2009, Portugal, Mark Heller, Drama
x Whatever Lola Wants, 2007, Canada, Nabil Ayouch, Drama


[Nota, Título, Ano, País, Realizador]
[x - insuficiente; xx - a desfrutar; xxx - bom; xxxx - muito bom; xxxxx - obra prima]

[Lista Geral de Filmes e Ligações IMDB]

dezembro 30, 2010

2010 visto do Cinema em 4, 5 e 6 minutos

É com muito agrado que volto a trazer aqui trabalho de pessoas não profissionais, de pessoas que deram a conhecer o seu trabalho via online, neste caso YouTube. Nesse sentido vamos cada vez mais habituando-nos à ideia da criação pela comunidade para a comunidade.

Nos últimos anos e no final de cada ano, montagens de imagens dos filmes estreados nesse ano, surgem no YouTube realizadas por amantes de cinema. O YouTube começou em 2005, e a primeira montagem que consigo encontrar data do ano de 2006 criada por Matthew Shapiro, na altura com 14 anos, e que desde então e no final de cada ano, nos vem dando o privilégio de ver uma retrospectiva de um ano inteiro em pouco mais de quatro minutos:2006, 2007 action, 2007 drama, 2008 e 2009 .

Em 2008 Kees van Dijkhuizen, também aluno do secundário, em Hague, Holanda, juntou-se a esta aventura e criou uma retrospectiva mais ousada que a de Matthew Shapiro, alargando de 4 para 6 minutos, trabalhando já não apenas a imagem, mas também o som, e com uma banda sonora mais rica, além de passar dos cerca de 100 filmes de Shapiro para cerca de 300 representados. Assim e desde então tivemos: 2008 e 2009.

Este ano de 2010, os habituais 2010 The Cinescape de Shapiro e o Cinema 2010 de Dijkhuizen foram acompanhados por Filmography 2010. Criado por Gen Ip, de Vancouver, Canada, aluna universitária em Comunicação, assumindo que seguiu os passos de Dijkhuizen e Shapiro, produziu a montagem sensação deste final de ano cinematográfico no YouTube, é de todas estas retrospectivas a mais vista de sempre, com 2 milhões de hits, dobrando o recorde de quase 1 milhão de hits de Cinema 2009 de Dijkhuizen.

Reconheçamos desde já o valor deste tipo de trabalho. Apesar de não existir criação de imagem propriamente dita, o trabalho de montagem executado tanto por Shapiro, Dijkhuizen como por Gen Ip é altamente expressivo, e capaz de construir uma mensagem própria. Nomeadamente os trabalhos 2009 e 2010 são trabalhos de edição de uma qualidade impressionante. Juntar cenas de cerca de 300 filmes é já de si algo muito, muito trabalhoso, mas ainda assim conseguir criar sentido dessa gigantesca montanha de cenas, atribuir-lhe uma lógica, sonorizar a mesma fazendo uso de sons originais e adicionando novas camadas, é sem dúvida um trabalho dantesco que tem de ser reconhecido, elogiado e promovido.

E foi-o ainda recentemente pela Fox que contratou Dijkhuizen para realizar um trabalho dentro do género, de retrospectiva dos 15 anos de produção da Fox Searchlight. Sobre este trabalho de Dijkhuizen, é possível ver como ele se destaca no talento para a montagem vendo os dois trabalhos de retrospectiva presentes na página comemorativa dos 15 anos da Searchlight. Dijkhuizen destaca-se totalmente da outra montagem, tal como nos seus projectos anuais pela capacidade em criar sentido e coerência a partir de imagens dispersas, fazendo uso da sonoridade, imagem e mensagem de cada cena, de cada filme.

Sobre o processo de criação destas retrospectivas cinematográficas, Dijkhuizen refere 300 horas como o tempo investido para produzir Cinema 2010, Gen Ip refere 2 meses para Filmography 2010. No concreto e como se chega a um trabalho destes, Dijkhuizen diz-nos,
"I’ve reached a stage now where I can literally see images in my head during each track, so I make these little mini-edits in my head when I listen to my iPod on the bus... from then on it’s try try and try."

Parece algo simples, mas é algo que requer não apenas uma enorme motivação e paixão pelo cinema e pela montagem mas requer uma enorme vontade de fazer, capaz de suportar horas e horas de trabalho até atingir o ponto requerido. Aliás ele diz-nos isso mesmo, "Making a video like this requires time and passion that most people just don’t have. They like to think that they do, but they don’t." Nem mais.

Sobre os objectivos destes trabalhos, para além do reconhecimento pela comunidade, Gen Ip sintetiza bem dizendo
"Film is a fantastic storytelling medium so when you can put multiple movies together and make them work cohesively, the result can be quite revealing about the culture and society that they come from."
Vendo os trabalhos deste ano, 2010, podemos dizer que possuem estilos bem diferentes. Shapiro continua colado ao facilitismo de editar tudo sobre uma música apenas, apesar disso faz um bom trabalho de crescendo seguindo em total sintonia o clímax da musica, conseguindo produzir o tal sentimento de "nostalgia" que Dijkhuizen elogia em Shapiro. Já Dijkhuizen optou este ano por ser menos abrangente focando-se em algumas obras chave para construir a unidade do conjunto das cenas. Gen Ip é quem mais arrisca porque abre totalmente o leque, constrói todo trabalho dividido em várias categorias, juntando assim grupos de imagens em momentos temáticos. Eu diria que van Dijkhuizen com a sua terceira montagem faz algo já mais profissional, a experiência e também o talento permite-lhe criar um objecto mais uno, integrado e compacto. Por outro lado Filmography 2010 de Gen Ip atinge provavelmente os 2 milhões de hits graças ao primeiro minuto que é um dos minutos mais bem conseguidos de todas estas retrospectivas de qualquer um dos autores mencionados. Visual, sonora e musicalmente (Ratatat ajuda) perfeito.

Vejam agora os três trabalhos de 2010 e façam boa viagem.




Cinescape 2010 de Matt Shapiro




Cinema 2010 de Kees van Dijkhuizen




Filmography 2010 de Gen Ip



Informação adicional
Entrevista a Gen Ip
Entrevista a Kees van Dijkhuizen

dezembro 28, 2010

de American a Scott Pilgrim

Em dia de semi-pausa, vi dois filmes com sentido estético totalmente oposto, visual e narrativamente falando, The American (2010) e Scott Pilgrim vs. the World (2010).

The American é um filme lento, que nos imprime um tempo pausado e nos faz entrar adentro do personagem excepcionalmente bem desenhado por George Clooney. Sentimos o filme como uma brisa realista, voando sobre nós que nem uma borboleta por entre um riacho e flores de Outono. É uma obra de mestria total do tempo e ritmo narrativo, visualmente forte e sedutora. Somos deleitados pela lentidão narrativa que nos transporta e nos leva a compreender quem é aquele personagem e precisamente do que precisa ou o que procura, sem nunca o dizer, sem sequer o tentar, apenas nos levando a sentir.


Por outro lado Scott Pilgrim vs. the World é todo um oposto, ritmo acelerado, realidades não consistentes, de pura fantasia com acções sem consequência, e ainda assim o que tem então um filme destes para nos arrebatar? É um filme que pertence a toda uma nova geração de cineastas americanos independentes, que utilizam o melhor da arte do espectáculo de Hollywood subvertendo-a para comunicar ideias simples e despretensiosas. É um filme feito à imagem de Wes Anderson (Rushmore,1998; The Royal Tenenbaums, 2001), Jason Reitman (Thank You for Smoking, 2005; Juno, 2007) e muito, mas mesmo muito de Kevin Smith (Mallrats, 1995; Chasing Amy,1997; Dogma, 1999).

Scott Pilgrim um herói de BD é totalmente transportado para o cinema, literalmente e visualmente falando. Mas toda esta forma de falar cinematograficamente está cheia de intertextualidades provenientes de sitcoms (Seinfeld), videojogos (Pac-man, Street-Fighter, Zelda), e comics (Marvel e Manga). No final do filme, no momento em que a Espada já não assume o lado do Amor mas do Auto-respeito, fez-se luz, "this is it, this is Gamefication". Era a linguagem do cinema a assumir a totalmente e de forma explicita e sem pudor a gramática dos videojogos.

Claramente que este não é um filme para todos, precisam de trazer na bagagem a cultura dos videojogos, dos comics e das sitcoms e algum humor. Mas The American também não é para todos exige contenção, paciência e gosto pela arte.


O que retenho dos dois filmes? Uma experiência enriquecedora, capaz de me tocar e despertar ideias e motivações. O que os une? A competência expressiva.

Denis Dutton (1944-2010)



É com muita pena que escrevo aqui sobre a morte de Denis Dutton. Tinha há pouco mais de um mês deixado aqui um texto, feito com entusiasmo, sobre as ideias de Dutton, "Somos matéria, feita do tempo". Mas é isso mesmo, somos matéria desta eternidade, e com ela vivemos assim como com ela morremos.

dezembro 27, 2010

Blink de Malcolm Gladwell

Malcolm Gladwell é jornalista de profissão mas escreve sobre ciência, constrói pensamento sobre conhecimento que se vai construindo nas áreas da sociologia, psicologia, economia entre outras. Em 2005 foi eleito pela Time uma das 100 pessoas mais influentes.

Em Blink (2005) o conceito que nos traz é denominado por thin slicing. Aqui Gladwell define que é possível extrapolar conhecimento em profundidade a partir de "pequenas porções" extraídas do objecto em análise. Ou seja a sua tese diz-nos que não precisamos de muita informação para determinar os resultados de uma investigação. E mesmo até que muita informação pode ser contra-producente porque pode gerar confusão e entropia.

Isto claramente que levantou objecções à saída do livro, e ainda hoje, porque vai contra tudo aquilo que defendemos em ciência, que precisamos de informação em profundidade e extensão para podermos tomar posições

Na minha opinião existe alguma verdade nestas afirmações, mas o conceito de Gladwell é ele também muito interessante e real. Isto porque aquilo que nos é dito é que a produção de decisão sobre uma pequena quantidade de matéria de um assunto não pode ser produzida por qualquer um, mas é-o apenas possível por quem possui consigo já enormes quantidades de conhecimento e saber prévio sobre aquele mesmo assunto. Assim e no fundo o que Gladwell advoga aqui é algo bem conhecido da psicologia e até utilizado pelos algoritmos de inteligência artificial, o "case-based reasoning". O sistema de análise da situação, socorre-se da base de dados de casos semelhantes enfrentados previamente, memorizados no seu todo ou em parte, para associar ao que está a ver e a receber naquele momento para emitir um primeiro juízo, ou percepção.

Claro que como nos vai dizer Gladwell estas pessoas quando realizam esta reflexão são incapazes de explicar porque "sentem" que aquele será o resultado, mas tudo para elas indica que assim será.
O livro está depois repleto de casos explicativos deste aparente poder de "recortar as pequenas porções", de análises num piscar (blink) de olhos. Desde o especialista que consegue dizer se um casal se vai divorciar, em apenas 60 segundos de observação de comportamentos, ao polícia que consegue ler no comportamento do agressor, em segundos, se este irá puxar o gatilho.


Um dos casos mais interessante é o que abre o livro sobre o Kouros do museu Getty da California. A análise de autenticidade desta estátua grega foi realizada seguindo os trâmites mais elaborados e detalhados até chegar ao momento em que o museu pagou 7 milhões de dólares pela mesma. Contudo quando apresentada a alguns dos especialistas na arte estes imediatamente percepcionaram algo de errado com a estátua. Problema: não saberem explicar detalhadamente porquê, porque é um sentimento e não uma cognição. A verdade é que posteriormente com mais análise descobriu-se que realmente a estátua não tem uma proveniência fidedigna, tendo sido criado um embuste em toda a sua história. Continua no entanto no museu porque a técnica utilizada é de tal modo bem conseguida que engana facilmente qualquer pessoa menos experimentada, e provavelmente dado o valor investido pelo museu.


UPDATE 08.2011:
Dentro desta linha ver a análise realizada ao livro How we Decide (2009) de Jonah Lehrer

dezembro 23, 2010

Esculpir a Água

E aqui está uma tecnologia nova, a fazer surgir uma nova forma de arte. As câmaras de alta-velocidade que permitem capturar o movimento em ultra slow motion permitem criar algo até agora impossivel, Esculturas de Água. É magnifico o trabalho de Shinchi Maruyama que ao atirar água e tintas para o ar captura instantâneos que nos tocam.


Vejam o vídeo e depois sigam para a galeria e entrevista.

Feliz Natal, interactivo

Seguindo o mantra do nosso laboratório EngageLab, "demo or die", aqui ficam três experiências interactivas alusivas ao natal deste ano criadas por membros do laboratório.
E já agora aproveito para desejar um Feliz Natal 2010 a todos.

Experiência por JM

Experiência por NZ

Experiência por PB