março 14, 2008

Damásio vs. Descartes

Um estudo da equipa de Peter Bossaerts, Human Insula Activation Reflects Risk Prediction Errors As Well As Risk, publicado na edição de Março 2008 do Journal of Neuroscience argumenta mais um ponto em favor da teorização proposta por Damásio, derrubando mais um bloco da teoria de Descartes sobre a relação Emoção/Razão.
"Using functional imaging during a simple gambling task in which we constantly changed risk, we show that an early-onset activation in the human insula correlates significantly with risk prediction error and that its time course is consistent with a role in rapid updating. Additionally, we show that activation previously associated with general uncertainty emerges with a delay consistent with a role in risk prediction." [1]
ou seja,
“Contrariamente ao que enuncia a teoria de Descartes, a emoção pode ser um elemento constitutivo da racionalidade, sendo o seu objectivo o de medir o risco no contexto”, explicou, à agência France Presse, Peter Bossaerts, professor da EPFL [2]
A pouco e pouco o suporte empírico baseado na biologia humana vai destronando algum do pensamento clássico meramente baseado na análise e observação pessoal dos eventos (Filosofia) ao mesmo tempo que vai derrubando alguns mitos que concebem o Homem suportado por uma agenda cultural (Ciências Humanas) substituindo-os por bases naturais, biológicas, predeterminadas mesmo que de argumentação evolucionista.


[a partir de Ciência Hoje]

março 13, 2008

como funciona o nosso ser?

Uma visão nova e integrada (apesar de bi-partida) do cérebro é-nos apresentada pela neuroanatomista Jill Bolte Taylor numa keynote apresentada em Fevereiro na TED 2008 e que ascendeu imediatamente a estatuto de clássico. Jill Bolte Taylor investiga o cérebro na Universidade de Harvard e é uma das mais importantes cientistas no campo da anatomia do cérebro. Nesta sessão a Drª Jill descreve uma nova forma de olharmos o lado direito e esquerdo do cérebro, mas não só, a sua comunicação plena de linguagem não-verbal, descreve todo o momento em que ela sentiu um AVC durante 4 horas, há 12 anos atrás. Como cientista do cérebro a Drª Jill sentiu-se maravilhada por poder assistir a um AVC no interior do seu próprio cérebro. E é nesta descrição fantástica aqui reproduzida que podemos ver uma cientista, ao mais alto nível, entrar por caminhos tipicamente esotéricos, sem nunca contudo necessitar de mencionar Deus, espíritos, ou vida no além. Julgo que é uma comunicação que não deixa, nem pode deixar-nos indiferentes e que nos obriga a reflectir sobre o nosso lugar neste universo. A ver, e a rever.

março 12, 2008

jogos independentes

Trago aqui o jogo Gesundheit! de Matt Hamill, vencedor do Student Showcase e assim presente no 2008 Independent Games Festival Games. Um jogo interessante por duas razões: estética e simplicidade. Ou seja socorre-se de uma espécie de desenho manual para dar um toque rústico ao objecto que é adocicado pela música de floreado barroco e depois tem como objectivo central a resolução de movimentos no espaço visual dadas certas restrições. O vídeo permite ver vários níveis e percepcionar o objecto, de qualquer modo é possível jogar os 12 níveis fazendo o download aqui. O jogo foi realizado na plataforma AGS (para plataforma Windows apenas) contudo poderia ter sido facilmente implementado em Flash, apesar de o AGS ser gratuito e trazer vários scripts de jogo já previamente definidos.



[a partir de Functional Autonomy]

março 11, 2008

corpo interactor

Trago aqui um trabalho, YMYI - You Move You Interact, realizado por João Martinho Moura e Jorge Sousa no âmbito da cadeira de Projecto Integrado I do Mestrado em Tecnologias e Arte Digital. Um trabalho inteiramente realizado com recurso a open tools, neste caso o Processing e o Super Collider. O conceito do projecto segundo os autores roda à volta da criação de um espaço interactivo
(..) onde se pretende criar um diálogo corporal com um sistema artificial, do qual resulta uma performance sincronizada entre um corpo real e um objecto virtual (..) onde o utilizador desenvolve um processo criativo com base nos gestos e movimentos do seu corpo (..)
O que é verdadeiramente interessante neste projecto é a abordagem à interactividade fazendo uso de todo o corpo, procurando levar o experienciador a sentir-se integrado no novo mundo criado, evitando a ligação entre mundos, ténue, que se cria através das mãos, apenas. Esta é uma área que começa a ganhar novas dimensões no campo da investigação em realidade virtual e no qual Mel Slater é um dos mais importantes nomes.

Tratando-se de uma instalação interactiva o vídeo abaixo não transmite a essência sensória e perceptiva da obra contudo permite-nos perceber superficialmente do que estamos a falar. No entanto para quem estiver interessado poderá sempre deslocar-se ao Fórum da Maia de 29 de Março a 14 de Abril, 2008 onde este e outros projectos da mesma cadeira estarão expostos para serem experienciados.


YMYI - You Move You Interact

março 10, 2008

o nosso cérebro coloca-nos em risco

Mais uma excelente campanha de alerta, da Transport for London, capaz de nos ensinar em breves segundos algum conhecimento valioso que nos pode ajude a tomar consciência do risco e a evitar o controlo, errado, exercido pela nossa percepção visual. Para quem trabalha questões visuais este é um assunto linear, contudo quando aplicado em questões práticas a linearidade pode facilmente dar lugar à imprevisibilidade.



[a partir de AdFreak]

é a simplicidade, estúpido

Num artigo hoje publicado na ReadWriteWeb faz-se a previsão da ascensão e domínio da Apple sobre a Microsoft apontando várias razões para tal. De todas as apontadas a que mais me chamou a atenção foi sem dúvida uma questão que me tem apoquentado nos últimos tempos e que diz respeito ao crescente aparecimento de linguagens sempre que uma nova plataforma de trabalho aparece (Java, C, C#, C++, Javscript, Lingo, LUA, Python, AJAX, SQL, PHP, Pascal, Fortran, Assembler, Basic, HTML, XHTML, DHTML, etc). Assim o que Alex Iskold refere neste artigo é a inteligência da Apple ao ter evitado dar saltos entre diferentes linguagens na evolução do seu sistema ao contrário da Microsoft que tem tentado acompanhar e impor muitas vezes sem sucesso, perdendo por vezes as batalhas contra outras linguagens (como o Java da Sun). Uma guerrilha que me faz lembrar a recente discussão Blu-ray ou HD-DVD, ou seja não existe um verdadeiro interesse em fomentar o incremento da utilização, mas antes em criar novas tecnologias, e assim justificar o trabalho dos batalhões de engenheiros informáticos.

Metaforicamente podemos pensar que existem de um lado os exércitos preocupados com o conteúdo e do outro os preocupados com a forma. Os primeiros querem apenas potenciar os materiais disponiveis facilitando o acesso alargado dada a estabilidade e permanência do conhecimento no tempo. Os segundos, preocupam-se maioritariamente com a potencialização do sistema, incremento de possibilidades e propriedades esquecendo que não dão tempo a quem vai utilizar para que este possa verdadeiramente utilizar todas aquelas novas capacidades. Aliás só mesmo assim faz sentido que cada vez que uma nova versão aparece seja necessário criar manuais adaptados aos utilizadores antigos para que eles percebam o que se alterou. Para quem não consegue ver o problema por detrás das linguagens, peço apenas que pensem no Office 2003 e no Office Vista e percebam o quanto a forma mudou, mas o conteúdo produzido pelo software continua idêntico.


Não estou aqui a defender uma atitude conservadora faze à evolução tecnológica. Julgo antes que o que potencia estes modelos de desenvolvimento não são as necessidade dos utilizadores e nem mesmo dos programadores mas antes de um mercado capitalista que não pode apresentar números negativos no final do ano e que por isso necessita de lançar no mercado objectos novos que contenham algo apelativo por forma a convencer os utilizadores a embarcar, nem que para isso se tenha de abdicar da estabilidade e conhecimento adquirido. No caso do Office nada de novo no horizonte, as diferenças estão mesmo na interface que geram burburinho e criam a curiosidade nos utilizadores e depois a artimanha da mudança de tipo de ficheiro que obriga à evolução do parque instalado para poder realizar a leitura dos ficheiros que se vão partilhando.

março 09, 2008

noiva em movimento

Delicioso trabalho que nos chega dos alunos da Vancouver Film School realizado para a cadeira de Motion Design. Bridesmaids é um relato em movimento gráfico sobre os requisitos que uma noiva necessita de preencher para poder chegar ao altar em várias culturas.

Para além de um excelente trabalho com um design limpo, harmonia de tons, bons enquadramentos e um belo trabalho tipográfico, os autores criaram um blog onde depositaram todos os segredos por detrás da criação do trabalho e nesse mesmo blog é possivel descobrir mais alguns dados interessantes. Recomendo vivamente a sua leitura atenta.

criatividade gráfica

Com o mesmo sentido estético e inovador apresentado pelos mais recentes artefactos publicitários flash da Ikea, chega-nos agora este fabuloso pequeno rubi da Adobe sobre o pacote CS3. Um artefacto a estudar com atenção dado seu carácter evolutivo no panorama publicitário, ou melhor na publicidade interactiva. A linguagem é cinematográfica, mas a interactividade, ainda que reduzida está lá e permite a participação do experienciador. Aliás temo em parte que exista alguma dificuldade em catalogar o objecto, porque este poderia ser facilmente catalogado de animação, filme, jogo, brinquedo, publicitário, etc. Artefacto criado por Mike Kellog para a Adobe e que deve ser visto aqui.

interrompendo o tempo

Neste filme da agência australiana George Patterson Y&R para a Schweppes podemos ver uma vez mais como a técnica de desaceleração da realidade continua a impressionar-nos (gravado a 10,000 frames/segundo). Uma técnica que permite desvendar a realidade apresentando dados novos deslocados do tempo real, gerando o espectáculo em toda a sua magnitude. Com uma direcção criativa de Ben Coulson, música dos Cinematic Orchestra e os efeitos a cargo da Fin Design.
Schweppes - Burst


[a partir de Creativity Online]
[vídeo alta qualidade em No Fat Clips]