março 13, 2008

como funciona o nosso ser?

Uma visão nova e integrada (apesar de bi-partida) do cérebro é-nos apresentada pela neuroanatomista Jill Bolte Taylor numa keynote apresentada em Fevereiro na TED 2008 e que ascendeu imediatamente a estatuto de clássico. Jill Bolte Taylor investiga o cérebro na Universidade de Harvard e é uma das mais importantes cientistas no campo da anatomia do cérebro. Nesta sessão a Drª Jill descreve uma nova forma de olharmos o lado direito e esquerdo do cérebro, mas não só, a sua comunicação plena de linguagem não-verbal, descreve todo o momento em que ela sentiu um AVC durante 4 horas, há 12 anos atrás. Como cientista do cérebro a Drª Jill sentiu-se maravilhada por poder assistir a um AVC no interior do seu próprio cérebro. E é nesta descrição fantástica aqui reproduzida que podemos ver uma cientista, ao mais alto nível, entrar por caminhos tipicamente esotéricos, sem nunca contudo necessitar de mencionar Deus, espíritos, ou vida no além. Julgo que é uma comunicação que não deixa, nem pode deixar-nos indiferentes e que nos obriga a reflectir sobre o nosso lugar neste universo. A ver, e a rever.

4 comentários:

  1. Fez-me lembrar o livro "De Profundis, Valsa Lenta", onde José Cardoso Pires narra, precisamente, um momento idêntico, de AVC, por que passou.

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  2. Realmente, muito bem apanhado, já nem me lembrava desse livro difícil mas belo. Entretanto estive a reler o prefácio de João Lobo Antunes e transcrevo para aqui um frase que demonstra bem o que distingue o relato de JCP e de JBT.

    "Devo dizer-lhe que é escassa a produção literária sobre a doença vascular. A razão é simples: é que ela seca a fonte de onde brota o pensamento ou perturba o rio por onde ele se escoa, e assim é difícil, se não impossível, explicar aos outros como se dissolve a memória, se suspende a fala, se embota a sensibilidade, se contém o gesto. E, muitas vezes, a agressão, como aquela que o assaltou, deixa cicatriz definitiva, que impede o retorno ao mundo dos realmente vivos. É por isso que o seu testemunho é singular, como é única a linguagem que usa para o transmitir. Eu explico-me melhor: o conhecimento científico das alterações das funções nervosas superiores obtém-se em regra por interrogatórios exaustivos, secos, monótonos, e recorrendo a testes padronizados, ou seja, perguntas idiotas cientificamente testadas e estatisticamente aferidas - dizem os autores."
    João Lobo Antunes, Prefácio, in De Profundis, Valsa Lenta, de José Cardoso Pires, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1997

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  3. Lembro-me que o prefácio me marcou muito também.

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  4. Acho incrível como alguém se pode sentir feliz por ter tido a possibilidade de vivenciar um AVC...

    a ciência experiemtal...lol..
    TEnho de pesquisar mais sobre isto.

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