A primeira vez que li o artigo,
Porque nos viciamos em jogos estúpidos da Sábado, ignorei, entretanto voltou a chegar-me o texto e por isso não pude deixar de o trazer aqui, dado a quantidade de erros, e juízos mal-formados que contém. Algo que na verdade não admira nesta revista nem nesta jornalista. Aqui há uns meses eram os
estudantes universitários que eram ignorantes, agora são os videojogos que são estúpidos.
O artigo começa da melhor forma, a jornalista que diz que nunca jogou videojogos porque não gosta, é a eleita pela Sábado para escrever um artigo sobre algo que parece ser a nova descoberta da revista, e que é o "facto" de não só os videojogos de
smartphones serem estúpidos, como também parece que viciam! Pois porque ao que parece a Sábado ainda duvida que os jogos para
smartphones viciem, mas lá que são estúpidos não há dúvidas. Mesmo quando Jason Kapalka refere que os jogos em que a Sábado está interessada, são reconhecidos pela comunidade de criadores, jogadores e académicos, como Jogos Casuais (Casual Games), a jornalista não hesita em dizer que não, estes jogos são estúpidos ele é que "não se atreve a chamar-lhes estúpidos". O que não se percebe é que passamos o artigo todo sem nos apresentarem um único argumento para qualificar os jogos de "estúpidos".
É verdade que aqui há uns meses um
jornalista do NYT publicou um artigo levantando a questionabilidade do interesse formativo dos jogos para
smartphones, e na altura designou-os de "estúpidos". Mas sobre o que ele quis dizer, e sobre o que está ali em causa
discuti já amplamente o assunto na Eurogamer.Pt. Não me parece que a jornalista da Sábado tivesse lido o artigo do NYT, porque se o tivesse lido teria percebido o quão mais amplo é o mundo dos videojogos. Mas isso talvez fosse pedir demais a quem não gosta de videojogos mas tem de escrever sobre eles como ganha pão.
Mas se a questão da categorização dos jogos é feita no ar, sem qualquer argumento que sustente a designação, a demonstração de que este viciam é ainda mais hilariante. Porque é que os jogos de
smartphones viciam,
"porque são baratos ou até gratuitos; porque estão incorporados num dispositivo portátil do qual não nos separamos ao longo do dia; e, sobretudo, porque é fácil ganhar."
Mas aqui a Sábado tentou jogar seguro, foi buscar um especialista em Psiquiatria, que em vez de explicar o que é o fenómeno da adicção fala sobre jogos sem saber do que fala. Segundo o especialista o problema está na gratificação constante, e compara o aumento de vício do PC para os jogos smartphones, como da Roleta para as Slot-machines. Isto é insano. Compara o incomparável. Inicialmente ainda pensei que se estivéssemos a falar de Farmville até poderia aceitar a questão da "gratificação constante", mas saltar para os exemplos de Casino é jogo sujo. Porquê? Simplesmente porque numa slot machine ou numa roleta a recompensa não é feita em função de nenhuma acção que mereça a compensação.
Ou seja enquanto em Angry Birds eu tenho de escolher intelectualmente as melhores estratégias de entre: os pássaros que me são dados, os materiais que estes destroem, a ordem em que os posso jogar, a direcção em que os vou lançar, a força com que os vou lançar, e o timing em que vou activar as suas propriedades específicas. Na Slot Machine, o único pensamento que tenho de realizar é saber se ainda tenho moedas para continuar. Em ambos busco a recompensa, mas o modo de chegar até ela é completamente diferente.
Modos de Pensamento Lógico
Num videojogo a recompensa é dada em função de um conjunto de acções lógicas executadas de modo adequado pelo jogador, seguindo as regras, procurando dar respostas aos problemas apresentados pelos jogos, enquanto na slot-machine a recompensa é pura sorte. Ou seja como nada explica as recompensas das Slot-machines, para os indivíduos menos resistentes a este tipo de estímulos, torna-se impossível parar, porque o seu cérebro não consegue perceber o que se está a passar, e exige mais libertação de dopamina. Por isso os americanos designam o jogo de casino com uma terminologia distinta dos jogos de tabuleiro, nos casinos temos o Gambling, (em Portugal também utilizamos uma expressão por vezes distinta - Jogos de Azar) enquanto nos videojogos temos o Gaming ou Playing.
O artigo está repleto de pérolas, como por exemplo que,
Grand Theft Auto (o polémico jogo para computador em que se ganham pontos por atropelar velhinhas na passadeira e roubar carteiras).