agosto 30, 2018

Pippi das Meias Altas (1945)

Confesso que comprei e li este livro apenas por surgir na lista das 100 Obras Literárias do Mundo compilada pelo Instituto Norueguês do Nobel. A Astrid Lindgren foi um dos 54 autores que contribuíram para a definição da lista, falecendo no ano de publicação da mesma (2002). Confesso ainda que a Pipi não faz parte do meu imaginário de criança, apesar de conhecer o nome desde sempre, só fiquei a conhecer o universo quando os meus filhos, há um par de anos, andaram a ver a série na televisão.

Esta edição da RdA apresenta-se numa belíssima capa dura. 

Dito isto, a minha aproximação à obra foi neutra em termos nostálgicos, embora influenciada pela respeitabilidade que a lista lhe confere. Tendo o texto sido escrito para um público com 7 anos, dificilmente poderia sentir muito a leitura, por isso procurei mais compreender de que era feita e como comunicava com o seu público-alvo.

Existe aqui uma fórmula evidente: o exagerar das capacidades, ações e intervenções da protagonista, que vão servindo os leitores mais novos com doses de surpresa, espanto e muito humor. A estrutura do livro é feita de quadros simples que definem um dia, e em cada dia existe um acontecimento que marca a experiência das crianças. A escrita segue raciocínios simples, por vezes limitando-se a descrições em sucedâneo mas que se ajustam à idade.

Quanto ao conteúdo, e principalmente a personagem, tenho de dizer que sai bastante do discurso politicamente correto a que nos temos habituado, tanto para os dias de hoje como em 1945. Aliás, na altura gerou fortes reações dos pais e escolas, e hoje continua a fazê-lo, basta ler algumas resenhas aqui no GoodReads. A Pipi é altamente irreverente, não se dobra a nada nem a ninguém, o que não deixa de ter um lado positivo, nomeadamente por ser uma menina. Quantas personagens femininas existem no nosso imaginário capazes de impor respeito a rufias, ladrões e polícias, que não têm medo de nada, nem sequer fantasmas. Não admira que a Pipi se tenha tornando num enorme símbolo do feminismo.

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