junho 18, 2018

Cinema visceral

"Mommy" (2014) é um filme magistral. O seu realizador, Xavier Dolan, não é muito querido nos meios da crítica, muito por causa da sua atitude agressiva e arrogante, que em parte surge aqui refletida no protagonista de "Mommy". Não sei das pequenas histórias dessa sua arrogância, mas sei que aquilo que ele nos oferece neste texto audiovisual é único, tanto na forma como no conteúdo, e digo-o sem ter de referir que este filme foi feito com apenas 25 anos.



O filme é apresentado num pequeno quadrado de 1:1, como se fosse um vídeo do Instagram, e no entanto ao longo de duas horas e vinte minutos, não existe um único minuto de tédio, um único minuto em que paremos de nos interessar pelo destino daqueles personagens e do que poderá acontecer a seguir. Dolan cria todo um universo em redor de uma mãe, um filho violento e hiper-ativo, e uma vizinha. Graças ao formato do enquadramento tudo é colocado nas costas dos atores, são eles o centro, interessando pouco os espaços, o filme está completamente focado no sentir dos personagens e estes sentem como poucos. O filme é poderosamente emocional, tudo está sempre à flor da pele, mesmo quando não nos revemos nos papéis, nas pessoas, não podemos deixar de compreender por que se comportam como comportam, não são poucos os momentos de pura visceralidade. Existe um claro excesso estilístico não apenas do enquadramento que por tentar aprisionar a realidade torna-a ainda mais explosiva, mas também da saturação forte e da montagem rápida, ao que se junta alguma música pop para intensificar a emocionalidade pela familiaridade, tudo isto puxado por belíssimos desempenhos dos atores.




Mais um filme visto no FilmIn

Sem comentários:

Enviar um comentário