abril 18, 2016

"A Invenção de Hugo Cabret" (2007)

É uma história primorosa capaz de misturar tão bem realidade e ficção como mistura texto e ilustração. Diga-se que o texto não é muito elaborado mas porque é dirigido a crianças, por isso aquilo que mais ressalta em termos estéticos acaba sendo a capacidade de fazer valer os diferentes meios (texto + imagem) para assim contar uma história tão engenhosa como mágica.



O cerne do livro tal como o nome indica parece ser Hugo mas é-o apenas para nos servir de veículo, de acesso empático, a um novo mundo prestes a desvelar-se na nossa frente. O foco verdadeiro é a Arte, no caso concreto a cinematográfica, encarnada na pessoa de Georges Méliès. Assim "A Invenção de Hugo Cabret" funciona mais como uma homenagem ao poder da imaginação e ao uso de um meio para dar forma a essa imaginação, com tudo o que isso envolve e implica na vida de uma pessoa. Não posso dizer muito mais sem estragar o efeito, que é intenso, a que se deve chegar lendo o livro (ou vendo o filme).

Dada a intensidade da história e tema o livro acabou sendo transformado em filme, não como mero exercício de adaptação mas por alguém que ama tanto a arte cinematográfica como o retratado no livro, Martin Scorsese. Daí que o filme não sofra qualquer recuo em intensidade, sendo fiel e emulando muito bem texto e ilustração. O filme vai pouco além do livro, como disse quando vi o filme, mas porque o tema trata a imagem em movimento nada poderia ser mais apropriado para lhe dar expressão que a própria arte cinematográfica.



Podemos dizer que é uma aventura, um sonho de criança, com lugares e portas secretas, com fugas, perdas, tristezas e alegrias, com descobertas, ternura e muito carinho, com mecanismos simples que acabam em explicações complexas capazes de alargar intensamente a visão do mundo que as crianças detêm.

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