Tarkovsky é visto como um criador único, dotado de uma capacidade expressiva especial no campo da linguagem audiovisual. Contudo, não é o único como ele próprio admite quando reflete sobre as suas grandes influências, que podemos ligar claramente à estética das suas obras. No texto "10 great films that inspired Andrei Tarkovsky", Patrick Gamble dá conta de dez influências essenciais na filmografia do autor: Alexander Dovzhenko, Charlie Chaplin, Jean Vigo, Robert Bresson, Kenji Mizoguchi, Akira Kurosawa, Luis Buñuel, Michelangelo Antonioni, Ingmar Bergman, Sergei Parajanov. O artigo abre com "Terra" de Dovzhenko o que me rendeu logo ali, Tarkovsky tinha razão comparando-se com este, o sensorial e experiencial é vital nesta obra, e é dessa forma que ambos os criadores conseguem nos fazer passar através do interior dos seus personagens, sentir como eles sentem, ver como eles vêem, quase sem ocorrências de expressão verbal.
"Terra" (1930) de Alexander Dovzhenko
Mas o que me fez escrever este apontamento foi o ensaio "Andrei Tarkovsky - Shot By Shot" (2015). Se a recordação da sua obra é suficiente para me fazer viajar, poder escrutinar o trabalho à lupa, como Papantoniou faz neste documental, é francamente impressivo. É verdade que o filme se foca na pedagogia, servindo com excelência esse propósito, mas ao mesmo tempo podermos olhar, ver e sentir pausadamente a linguagem audiovisual de Tarkovsky, é toda uma viagem de emocionalidade racionalizada feita com enorme mestria.
"Andrei Tarkovsky - Shot By Shot" (2015) de Antonios Papantoniou
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