Foram pela primeira vez identificados padrões neuronais que identificam emoções discretas. Até agora não tinha ainda sido possível identificar, com nenhum método, emoções discretas. A razão para isso é que temos conseguido medir a atividade, mas continuamos a não conseguir identificar a valência que a pessoa atribui à atividade visceral. Por isso muita da investigação que se faz na área continua dependente de auto-relatos dos sujeitos. A repetirem-se estas leituras, poderemos estar próximos de novos caminhos possíveis de investigação em muitas áreas.
O trabalho foi conduzido por Karim Kassan na Carnegie Melon e foi publicado no artigo, Identifying Emotions on the Basis of Neural Activation (2013) está disponível no PLOS One sob Creative Commons.
julho 15, 2013
julho 12, 2013
Para onde vai a inteligência artificial?
O que é a inteligência artificial? Neste novo episódio da OffBook ficam algumas respostas a esta, e a muitas outras questões sobre a evolução da IA.
O mais importante sobre o que é a IA, e o que será futuro desta, aparece logo ao início quando Yann LeCann diz que depois de muitas décadas a investir na criação de árvores de regras ("If... Then... Else..."), compreendemos que a IA não poderia nunca ser um mero pacote, ainda que gigantesco, de dados inseridos dentro de um sistema. Em termos comparativos, o nosso cérebro não nasce carregado de informação, antes se constrói no tempo. Daí que se tenha chegado à conclusão de que,
Aliás, isto vem de encontro a tudo aquilo que se vem discutindo a propósito do conhecimento e da informação online. Porque na realidade, a informação até pode estar à nossa disposição, mas isso não nos torna, de todo mais inteligentes. A inteligência e o conhecimento, são processos que se constroem, e reconstroem continuamente, com esforço e tempo.
Por outro lado Gary Marcus, refere uma conclusão ainda mais interessante a propósito da IA, e que assenta na ideia de que esta evoluirá cada vez mais, sem ter em conta o aspecto humano. Na verdade já tínhamos assistido a isto mesmo no filme de Kubrick, com o Hal 9000. Mas a conclusão final de Marcus, é que não só o aspecto será menos humano, como a IA acabará por evoluir para um novo tipo de inteligência completamente diferente de nós. Aqui, não consegui deixar de pensar nos discursos a propósito da vida alienígena, as mais que prováveis diferentes formas e lógicas de pensamento.
O mais importante sobre o que é a IA, e o que será futuro desta, aparece logo ao início quando Yann LeCann diz que depois de muitas décadas a investir na criação de árvores de regras ("If... Then... Else..."), compreendemos que a IA não poderia nunca ser um mero pacote, ainda que gigantesco, de dados inseridos dentro de um sistema. Em termos comparativos, o nosso cérebro não nasce carregado de informação, antes se constrói no tempo. Daí que se tenha chegado à conclusão de que,
"learning is probably the most essential caracteristic of intelligence"Esta não é apenas uma conclusão central para a IA, mas sobre nós mesmos, sobre o que consideramos ser a Inteligência. No fundo o essencial da nossa inteligência, define-se pela capacidade, ou facilidade, com que apreendemos o exterior. Porque somos aquilo que construímos no tempo, aquilo que absorvemos aos poucos, aquilo que nos ajuda a compreender o lugar que habitamos.
Aliás, isto vem de encontro a tudo aquilo que se vem discutindo a propósito do conhecimento e da informação online. Porque na realidade, a informação até pode estar à nossa disposição, mas isso não nos torna, de todo mais inteligentes. A inteligência e o conhecimento, são processos que se constroem, e reconstroem continuamente, com esforço e tempo.
Por outro lado Gary Marcus, refere uma conclusão ainda mais interessante a propósito da IA, e que assenta na ideia de que esta evoluirá cada vez mais, sem ter em conta o aspecto humano. Na verdade já tínhamos assistido a isto mesmo no filme de Kubrick, com o Hal 9000. Mas a conclusão final de Marcus, é que não só o aspecto será menos humano, como a IA acabará por evoluir para um novo tipo de inteligência completamente diferente de nós. Aqui, não consegui deixar de pensar nos discursos a propósito da vida alienígena, as mais que prováveis diferentes formas e lógicas de pensamento.
julho 11, 2013
Shots Of Awe #07 - "Love, Loss and Symbolic Death"
O amor, e a sua perda. Do ser completo, da plenitude, do preenchimento à obsessão estética.
"Quando perdemos o amor, quando acabamos com alguém com quem nos preocupámos… em que sentimos a promessa de ser para sempre, a promessa de eternidade… como pode ser assim… como pode inexistir… para onde foi… para onde foi…"
Aceder a todos os episódios anteriores da série.
"Love is the 'italization' of experience".
Shots Of Awe #07 - Love, Loss and Symbolic Death
Aceder a todos os episódios anteriores da série.
viagem espacial interstelar
Belíssima viagem, ao futuro próximo das viagens interestelares com Project Kronos (2013) de Hasraf HaZ Dulull. Existe um problema na realização de missões longas que está relacionado com a nossa biologia. Nesse sentido o Project Kronos é uma espécie de tentativa de dar a volta ao problema, mantendo o ser humano no centro.
O filme, funciona como um documentário, ainda que saibamos que é falso pois situa-se em 2035, mas está bem conseguido, porque nos leva a levantar as barreiras da descrença, e por momentos a acreditar no que estamos a ver. Ou pelo menos, a equacionar, a possibilidade daquilo que nos está a ser apresentado, vir um dia a ser possível.
Genevieve Okupniak do Short of the Week criticou a ausência dos três actos no storytelling, mas discordo completamente. É verdade que inicialmente nos sentimos um pouco perdidos, mas é aí que reside a magia do storytelling. A forma como foi desenhado o enredo, ficamos totalmente a mercê do que nos vai sendo revelado, e à medida que se aproxima do final, só queremos saber mais, e mais, e mais. Ou seja, objectivo narrativo, totalmente atingido.
Se tiverem interesse, em indagar mais sobre o conteúdo do filme, deixo o link para um texto de Greg Fish do weird things, que discute os muitos "se's" do filme.
O filme, funciona como um documentário, ainda que saibamos que é falso pois situa-se em 2035, mas está bem conseguido, porque nos leva a levantar as barreiras da descrença, e por momentos a acreditar no que estamos a ver. Ou pelo menos, a equacionar, a possibilidade daquilo que nos está a ser apresentado, vir um dia a ser possível.
Genevieve Okupniak do Short of the Week criticou a ausência dos três actos no storytelling, mas discordo completamente. É verdade que inicialmente nos sentimos um pouco perdidos, mas é aí que reside a magia do storytelling. A forma como foi desenhado o enredo, ficamos totalmente a mercê do que nos vai sendo revelado, e à medida que se aproxima do final, só queremos saber mais, e mais, e mais. Ou seja, objectivo narrativo, totalmente atingido.
Project Kronos (2013) de Hasraf HaZ Dulull
Se tiverem interesse, em indagar mais sobre o conteúdo do filme, deixo o link para um texto de Greg Fish do weird things, que discute os muitos "se's" do filme.
julho 10, 2013
videojogos e a Apple
Muito interessante a entrevista, How Steve Wozniak’s Breakout Defined Apple’s Future da Game Informer. Ficamos compreender como é que a Apple seguiu um caminho distinto dos restantes desenvolvedores de computadores em termos de ligação ao mundo do audiovisual. Wozniak revela nesta entrevista que quando desenhou o Apple II, o fez de modo a este poder correr jogos numa televisão, e com cores.
Questiono-me se não estará aqui razão pela qual a Apple se aproximou tanto das questões relacionadas com a imagem, com a cor, com o audio, no fundo com tudo aquilo que veio a definir a Apple como a marca de computadores para designers e artistas. Fica um excerto abaixo, depois leiam a entrevista, e vejam o vídeo da mesma na Game Informer.
There was a [color] TV set on the factory floor. They only used black and white TVs for their games, and this TV set wasn’t playing a game, but it had a dot going from left to right and right to left. As it moved, it was changing colors. I’m just sitting there thinking: color. It was hypnotizing, like a psychedelic light show at a concert. An idea popped in my head: a little way to put out a digital signal with ones and zeroes...my god, I have 16 different colors. There had never been a book that talked about color digitally. It wasn’t allowed. It wasn’t done. But I designed every single thing in the Apple II [to make] it possible. One little $1 chip could generate color instead of a $1,000 color-generation board – right out of the computer memory to the display. [That] was another trick I thought of that had never been done.This stuff had never, ever been thought of for a home computer that was affordable. But I just determined that my computer had to be a game machine. I called my BASIC [a programming language – Ed.] “Game BASIC.” You could go back on every note I ever wrote; I called it Game BASIC. My whole idea was, if you write a language that can play games, it can do all the things computers do, like financial stuff. I don’t know what companies use computers for; I only know what I like to use them for, and it’s games.
I knew that I had a machine with a microprocessor that could do a million things a second, move those bits around on the screen and make things move and play games and all. I thought, “I wonder, with my slow BASIC, can I write a game that’s playable?” Breakout. I’d done Breakout for Atari. I knew Breakout.
I built paddle hardware into the Apple II deliberately for the game of Breakout. I wanted everything in there. I put in a speaker with sound so I could have beeps like games need. So, a lot of the Apple II was designed to be a game machine as well as a computer. That is the way to get it to people, to get people to start buying these machines.
I called Steve Jobs over to my apartment, and we sat down on the floor next to the cables snaking into my TV that had the back off of it so I could get wires inside, and I showed him how I could change the colors of things, change the shape of the paddle, and change the speed of the ball with an easy BASIC command. He and I looked at each other – we were both kind of shaking, because we knew that the world of games was never going to be the same. Now [games] were software. Until then, there weren’t software games in the arcades. Now that animated games were going be software – oh my god. And [the fact] that a fifth grader could program in BASIC and make games like Breakout? This was going to be a new world; we saw it right then.
julho 09, 2013
o génio criativo
Depois de ter aqui falado de emergência, trago uma TED que vai no sentido oposto, que procura a razão do sentir, não na biologia, nem na ciência, mas no esotérico, num quasi-paranormal. Admito que a meio da conferência quase desisti e desliguei, mas mantive até ao final. Acabou por ser uma palestra muito interessante, com alguns dados bastante curiosos sobre a nossa cultura (ex. Olé, vem de Ala), mas essencialmente porque nos apresenta uma perspectiva da criatividade, nada académica, mas a partir do interior do sentir de uma artista. Elizabeth Gilbert escreveu o bestseller "Eat, Pray, Love".
Na verdade, o que me entusiasmou nesta TED foi a análise que fiz do que Gilbert descreveu, como o génio. Uma personagem imaginária, externa a nós, que nos serve quando estamos inspirados e conseguimos fazer algo brilhante. O lado funcional, é que nos torna humildes, quando criamos algo genial, não fomos nós, mas o nosso génio. Por outro lado é excelente em termos terapêuticos porque quando o trabalho é menos bom, podemos dizer que não é só culpa nossa, mas do génio que não fez o seu trabalho.
Na verdade, o que me entusiasmou nesta TED foi a análise que fiz do que Gilbert descreveu, como o génio. Uma personagem imaginária, externa a nós, que nos serve quando estamos inspirados e conseguimos fazer algo brilhante. O lado funcional, é que nos torna humildes, quando criamos algo genial, não fomos nós, mas o nosso génio. Por outro lado é excelente em termos terapêuticos porque quando o trabalho é menos bom, podemos dizer que não é só culpa nossa, mas do génio que não fez o seu trabalho.
"Na Grécia e Roma antigas - as pessoas não acreditavam que a criatividade vinha dos seres humanos. As pessoas acreditavam que a criatividade era um espírito divino criador que vinha para os seres humanos de uma fonte distante e desconhecida, por razões distantes e desconhecidas. Os gregos chamavam a estes espíritos divinos e assistentes da criatividade, "demónios". Sócrates acreditava que tinha um "demónio" que lhe transmitia sabedoria, a partir de longe.Pensei que a uma determinada altura Gilbert procurasse teorizar o assunto, mas esqueci-me que ela é uma criativa, não uma académica. Nesse sentido, enquanto ela explicava a ideia de um pensamento, uma inspiração que se aproxima de nós, e que tudo tentamos fazer para agarrar, e assim criar algo único, algo surpreendente, que nos transcende, eu só pensava que isto que ela descrevia, só podia ser o momento em que o nosso cérebro está a juntar os vários pedaços de ideias dispersas no nosso cérebro. O momento em que o processo de remix se inicia, e começamos a atribuir estrutura, e a nossa consciência tenta desesperadamente dar-lhe um significando, um padrão, uma representação.
Os romanos tinham a mesma ideia, mas chamavam a este tipo de espírito criativo desencarnado, génio. O que é fantástico porque os romanos na realidade não pensavam que um génio era um indivíduo particularmente esperto. Eles acreditavam que um génio era uma espécie de entidade mágica divina, que vivia literalmente nas paredes do estúdio do artista, que saía, e invisivelmente assistia o artista no seu trabalho e moldava o resultado desse trabalho.
E depois veio o Renascimento e tudo mudou, tivemos esta grande ideia, de colocar o ser humano, como indivíduo, no centro do universo, acima de todos os deuses e mistérios, não havendo mais espaço para criaturas místicas que ditavam a vontade divina. Este foi o início do humanismo racional, as pessoas começaram a acreditar que a criatividade vinha completamente do próprio indivíduo. E pela primeira vez na história, começámos a ouvir as pessoas referirem-se a este, ou aquele artista, como sendo um génio, em vez de "ter" um génio."
"[Tom Waits] contou-me um dia ia a conduzir na auto-estrada em Los Angeles, e foi quando tudo mudou para ele. Ele ia acelerando e, de repente, ele ouve um pequeno fragmento de melodia, que entra na sua cabeça como inspiração, que vem elusivo e tentador, e ele quere-o, sabem, é lindo, e ele procura-o mas não tem maneira de o conseguir. Não tem um papel, não tem um lápis, não tem um gravador."
julho 08, 2013
o poder da música clássica
Provavelmente já viram esta TED, The transformative power of classical music, mas eu só agora tive esse prazer, e que prazer. Benjamim Zander é um comunicador brilhante, a forma como usa toda a sua linguagem corporal conjuntamente com um perfeito sentido rítmico de storytelling, torna a sua palestra um momento inesquecível. Preparem-se para umas boas gargalhadas!
Mas como acontece sempre nas TED, não é apenas a forma, mas é o que aprendemos com estas pessoas. Zander começa por explicar como funciona a evolução do processo de aprendizagem da música. Deste modo tendo cá em casa uma pequena que vai no seu segundo ano de música, foi muito interessante compreender o que acontece.
Mas como acontece sempre nas TED, não é apenas a forma, mas é o que aprendemos com estas pessoas. Zander começa por explicar como funciona a evolução do processo de aprendizagem da música. Deste modo tendo cá em casa uma pequena que vai no seu segundo ano de música, foi muito interessante compreender o que acontece.
Na realidade, o que aconteceu foi que os impulsos foram reduzidos. Vejam, na primeira vez, a criança toca com um impulso em cada nota. Depois, com um impulso a cada duas notas. A criança de 9 anos coloca um impulso a cada 4 notas. E a de 10 anos, um impulso a cada 8 notas. A de 11 anos, um impulso na frase inteira.Depois disto, Zander discute o modo como o storytelling se constrói através de frases musicais. Em palco e juntamente com o público, vai tocando e construindo ideias, e nós vamos construindo sentidos na nossa cabeça, para aquilo que vamos ouvindo. Zander leva-nos através da música, e nós ficamos ali completamente agarrados. O melhor fica guardado para o final, quando a música de Chopin sobe ao ponto mais elevado da musicalidade e interpretação narrativa, Zander coloca toda a sala num profundo silêncio. Fica ainda a definição de sucesso de Zander, algo que vale a pena reflectirmos, e pensar todos os dias que acordamos, qual é a nossa função, qual é o nosso objectivo,
Sabem, eu tenho uma definição de sucesso. Para mim, é muito simples. Não está relacionada com riqueza, fama ou poder. Está relacionado com a quantidade de olhos brilhantes que eu tenho à minha volta.
julho 05, 2013
Shots Of Awe #06 - Life Emergence
O processo através do qual a vida emerge é algo que continuamos a admirar, que continua a surpreender-nos, sem termos ainda a menor noção sobre como acontece. A centelha que acende, que nos torna conscientes, que nos torna ligados, que nos torna "nós".
Este é o sexto episódio da série web de Jason Silva, Shots of Awe, e é dedicado ao conceito de emergência.
Shots Of Awe #06 - Life Emergence
julho 04, 2013
a empatia e a moral estão inscritas na nossa biologia
Ainda não foi há muito que aqui falei dos estudos de Paul Bloom sobre o lado negro da moral. Hoje trago a TED de Paul Zak, Confiança, Moralidade e Oxitocina, sobre o seu trabalho em redor da chamada "molécula da moral". Em ambos os casos, verifica-se que a selecção natural, dentro da espécie humana, nos tem conduzido a uma optimização biológica que tem como objectivo máximo a criação de seres profundamente sociais. A espécie tem progredido em função da sua capacidade para gerar laços, comunidade, colaboração, interdependência, entreajuda, e tudo aquilo que congrega, e une cada ser humano ao outro. Então porque raio teimamos no isolamento?
A base do nosso sistema moral, aqui defendido por Zak, assenta em duas moléculas, a Oxitocina e a Testosterona. Sendo a a Oxitocina responsável por gerar Empatia, enquanto a a Testosterna é responsável por gerar o seu contrário.
É inevitável não pensar em todas aquelas campanhas que vamos vendo um pouco pelas cidades mais cosmopolitas, em que as pessoas vivem cada vez mais isoladas, de oferta de abraços grátis. É uma realidade que estes nos comovem, nos fazem sentir, mesmo quando não conhecemos o outro, porque o abraço é um elemento físico de toque, fundamental no estabelecimento de empatia.
Se preferirem ver a palestra com legendas em português, vejam directamente no site TED.
A base do nosso sistema moral, aqui defendido por Zak, assenta em duas moléculas, a Oxitocina e a Testosterona. Sendo a a Oxitocina responsável por gerar Empatia, enquanto a a Testosterna é responsável por gerar o seu contrário.
"Mostrámos que a infusão de oxitocina aumenta a generosidade em transferências monetárias unilaterais em 80 por cento. Mostrámos que aumenta os donativos para a caridade em 50 por cento. Também investigámos formas não farmacológicas de aumentar a oxitocina. Que incluem massagens, dança e orações… sempre que aumentámos a oxitocina, as pessoas abriram as suas carteiras voluntariamente e partilharam dinheiro com estranhos.Já sabíamos que aquilo que gera um psicopata é a sua incapacidade para sentir Empatia. Agora ficamos a saber que aquilo que gera um psicopata, é a sua incapacidade biológica para gerar Oxitocina.
Mas porque é que fazem isso? O que é que sentem quando o cérebro é inundado de oxitocina? Para investigar esta questão, fizemos uma experiência em que as pessoas viam um vídeo de um pai e do seu filho de quatro anos, e o seu filho tem cancro terminal no cérebro. Depois de verem o vídeo, eles avaliaram as suas emoções e deram amostras de sangue antes e depois para medir a oxitocina. A mudança na oxitocina previu as suas emoções de empatia. Por isso é a empatia que nos liga às outras pessoas. É a empatia que nos faz ajudar as outras pessoas. É a empatia que nos faz morais."
"Descobrimos, testando milhares de indivíduos, que cinco por cento da população não liberta oxitocina quando estimulada. Se houver dinheiro na mesa, eles ficam com ele todo… Têm muitos dos atributos que têm os psicopatas."Outra grande questão é que a Oxitocina pode ser inibida. Ou seja, não se trata de nascer apenas com um problema genético. A falta de carinho, a violência e o abuso destroem a capacidade de gerar oxitocina. Aliás, não é por acaso que uma grande parte dos psicopatas são pessoas que sofreram abusos de alguma forma.
"Há outras formas de o sistema ser inibido. Uma é através de cuidados afectivos inadequados. Estudámos mulheres abusadas sexualmente, e cerca de metade não libertam oxitocina quando estimuladas. Precisamos de cuidados afectivos suficientes para este sistema se desenvolver devidamente. Além disso, o stress elevado inibe a oxitocina."Finalmente o mais interessante sobre a molécula oposta, a testosterona, é que o Homem possui 10 vezes mais que a mulher, assim como a mulher possui 10 vez mais oxitocina. Ora, será preciso alguma coisa mais para se perceber, de uma vez por todas, que a forma como um Homem e uma Mulher reagem emocionalmente, e logo racionalmente, são diferentes? Depois disto ainda haverá alguém que se sinta capaz de evocar a Cultura, e a formatação da sociedade, para dizer que estes são os responsáveis pelas diferenças que existem entre género? É claro que existem variações, existem mulheres com níveis maiores de testosterona, e homens com níveis maiores de Oxitocina. Mas a realidade é que estamos perante diferenças do foro biológico, que condicionam fortemente aquilo que somos.
"Há outra forma de a oxitocina ser inibida, que é interessante através da acção da testosterona. Em experiências, administrámos testosterona a homens. E em vez de partilharem dinheiro, eles tornaram-se egoístas… Agora pensem nisto. Significa que, dentro na nossa biologia, temos o yin e o yang da moralidade. Temos a oxitocina que nos liga aos outros, que nos faz sentir o que eles sentem. E temos a testosterona. E os homens têm 10 vezes mais testosterona que as mulheres, por isso os homens fazem isto mais que as mulheres, temos testosterona que nos faz querer punir as pessoas que se comportam imoralmente. Não precisamos de Deus ou do governo para nos dizer o que fazer. Está tudo dentro de nós."Para fechar quero apenas deixar a receita que Zak deixa, a quem quiser ser mesmo feliz nesta vida, e que consiste num acto diário simples, mas poderoso, Zak recomenda "oito abraços por dia."
É inevitável não pensar em todas aquelas campanhas que vamos vendo um pouco pelas cidades mais cosmopolitas, em que as pessoas vivem cada vez mais isoladas, de oferta de abraços grátis. É uma realidade que estes nos comovem, nos fazem sentir, mesmo quando não conhecemos o outro, porque o abraço é um elemento físico de toque, fundamental no estabelecimento de empatia.
TED Talk de Paul Zak, "Trust, morality and oxytocin" (2011)
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