fevereiro 25, 2008

biodegradável

Para quem ainda não percebeu o que significa o conceito de um produto biodegradável, fica um filme publicitário da Toyota. A ideia da rotação contínua em 360º funciona na perfeição para demonstrar a passagem do tempo e para além de belíssimo funciona como um verdadeiro objecto de aprendizagem.
Sobre o filme em si, é necessário assinalar o trabalho de recriação de um efeito visual que desse a noção de passagem do tempo. Ou seja aquela sensação que estamos habituados a ter quando vemos apenas algumas imagens de horas e horas de filme. Assim o realizador Erich Joiner diz como foi criado o efeito:
"Between every frame, the whole art department and Bob and I would run in and move even little blades of grass about a half-inch, so that it jittered around like time-lapse photography. [..] (para os actores) we got the actors in a rhythm, counting off to them where they would repeat their motions. On a one-count, they'd put their right foot down on a mark; on two, their left foot; on three, they'd bend down, put a leaf on. We'd repeat that seven or eight times. Then we'd take the first frame of take one, the second frame of take two, etc. For the eighth frame, we'd go back to take one. The result is the jitter." (in Boards)


[em alta resolução]

fevereiro 24, 2008

HD e PS3 em 2008

Em tempos vaticinei aqui o futuro dos suportes HD, apontando o Blu-ray como um vencedor à partida. Durante quase um ano a Toshiba evidenciou esperanças de poder ganhar a guerra, nomeadamente pelo fracasso inicial do lançamento da PS3. Os media ajudaram, em todo o lado se podia assistir ao crucificar da PS3 e Sony inclusive até se chegou a apontar a saída de Kutaragi da Sony por causa do fracasso de vendas. Contudo o tempo acabou por dar razão a quem soube esperar pacientemente. Não que a Sony não tenha jogado quase todas as cartas de que dispunha, nomeadamente descer a PS3 dos iniciais 599 euros para 399. Ou seja, oferecendo um leitor HD por um preço imbatível. Agora que o formato HD-DVD se rende e sai do mercado, é a vez da Microsoft anunciar que deixará de produzir os seus leitores HD-DVD.

Apesar de não antever uma necessidade no futuro imediato deste suporte, dentro do médio prazo a Microsoft terá de se render ao Blu-ray da PS3 uma vez que este será o único formato HD disponível. Isso será duro de encarar numa guerra que se joga a todos os níveis. Já na guerra PS3 e Wii muito se começou por dizer que a PS3 era só mais do mesmo, muita potência de cálculo sem interesse. As pessoas queriam algo para além do realismo e isso a Wii conseguia dar. É pena que o entusiasmo tenha durado tão pouco, como alguns de nós esperavam. No quadro comparativo das médias obtidas nas reviews de jogos pode ver-se a Wii a um nível bastante abaixo das suas congéneres. Existe mesmo quem já diga que o potencial da consola estará a ser melhor explorado por estudantes universitários do que pela própria Nintendo.

E como na guerra de consolas o que está em causa e sempre esteve são os jogos acima das propriedades da consola em si, a consola funciona como mero portal de acesso ao mundo ficcional do jogo, este é assim mais um apontamento que não poderemos ignorar nesta guerra.

À esquerda a capa de Março, 2007 com a PS3 vítima de um tomate. À direita a capa de Março, 2008 com a PS3 elevada à condição de rainha das consolas.

Sobre este assunto julgo que a análise das capas da EGM, a do lançamento da PS3 em Março, 2007 e a de Março, 2008 poderá trazer mais alguma luz sobre os momentos que se vivem no mercado de consolas. Aliás o editorial de Março, 2008 assume declaradamente um mea culpa pela capa de há um ano atrás.

Só para finalizar e voltando ao HD, a ter em conta que mesmo o Blu-ray terá dificuldades em superar o estatuto do DVD. Não só pela existência de imensos conteúdos em DVD que dificilmente verão um novo investimento ser realizado apenas com vista a transcrição para Blu-ray (muito do cinema do ínício do século XX, cinema independente ou o world cinema que não tem grandes vendas) mas também pela evolução do mercado de conteúdos on-line. Se para alguns, como eu, o futuro passa pela grande Biblioteca Digital Mundial onde todos os conteúdos (jogos, livros, música, cinema, televisão, rádio...) se concentrarão e aos quais poderei aceder sempre que quiser e a partir de qualquer parte do mundo, outros ainda acalentam a mística do objecto físico e dos velhos hábitos. Basta olhar para o mercado da música e verificar que essa é a realidade actual, mesmo quem ainda compra o CD, prefere copiar para um suporte digital de fácil transporte e acesso que lhes permita ouvir a música em qualquer lugar e em qualquer momento sem receios de danificar as preciosas caixinhas ou brochuras.

fevereiro 23, 2008

Urso para Padilha

Mais um trabalho, aqui analisado, que acaba de ser premiado. Tropa de Elite (2007) de José Padilha recebeu, na semana que passou, o Urso de Ouro para o Melhor Filme do 58º Festival Internacional de Cinema de Berlim. O júri presidido por Costa-Gravas decidiu unanimemente e sem grandes dúvidas e contra todas as expectativas da imprensa especializada pela escolha do filme de José Padilha. A cerimónia de entrega dos prémios pode ser vista aqui.

fevereiro 22, 2008

salão de jogos

Reportagem da TSF, Salão de Jogos, sobre os videojogos e a realidade social portuguesa desta indústria emergente. Com convidados da indústria, da academia e jogadores a TSF apresenta-nos um programa rico em informação e bastante actual.

Gostei particularmente da forma como a pedopsiquiatra Ana Vasconcelos expôs o propósito do entertainment, ainda que não o tenha feito com essa intenção. Ou seja, esta referia-se, ao facto de as crianças passarem todo um dia em correrias e ambientes repletos de stress que nada mais fazem que é contribuir para o aumento da ansiedade por via da imprevisibilidade do que vai acontecer a seguir e que desse modo os videojogos ou o cinema funcionam como verdadeiros momento de relaxe e tranquilização do espírito no sentido em que lhes fornecem segurança. Uma segurança baseada na previsibilidade do que vai acontecer a seguir e quanto mais previsível esta for, mais controlado será o ambiente pela criança e desse modo mais tranquilizante.


É deste modo que julgo que podemos definir o Entretenimento. Ou seja, ele não pretende ocupar áreas cognitivas dedicadas ao trabalho, poluídas por stress, mas antes funcionar como momento de apaziguamento da psyche, momentos de puro controlo sem lugar para o destronar de expectativas.

Um aparte pessoal, esta exposição de Ana Vasconcelos fez-me recordar a razão pela qual eu deixei de ver futebol ou qualquer outro desporto na televisão ou ao vivo, há cerca de 20 anos atrás. Lembro-me perfeitamente do stress que alguns jogos geravam, as expectativas que se criavam o quão difícil era para mim lidar com elas em face da frustração. Por esse motivo decidi conscientemente, não mais prestar atenção a essas formas de entretenimento e concentrar-me fundamentalmente no cinema e artes. No cinema, e lembro que era principalmente na sala escura, podia fugir da minha realidade e viajar, conhecer outros mundos, outras realidades, outras sociedades e culturas. Encher-me de alegrias e tristezas, tudo dentro de um ambiente contido no tempo e no espaço que apenas se expandia quando a minha fantasia e imaginação assim o permitiam. Ou seja, a previsibilidade que aqui se fala, não está no fruto da mensagem mas antes na relação com o artefacto, esta relação é conhecida, existe uma literacia envolvida e apreendida que nos faz sentir á l'aise durante o processo de interacção.

[ligação a Literacia Digital]

fevereiro 21, 2008

Portal, o grande vencedor

Depois de termos elogiado o design, criatividade e inovação por detrás de Portal, eis que a GDC 2008 confirma esse valor, atribuindo-lhe 3 dos 10 prémios deste ano. Jogo do Ano, Melhor Game Design e Inovação, é caso para uns entusiastas parabéns aos criadores do jogo.


A lista de vencedores do 8th Annual Game Developers Choice Awards foram,

2007 Best Game Design
Portal (Valve)
Kim Swift, Realm Lovejoy, Paul Graham

2007 Best Visual Art
BioShock (2K Boston/2K Australia / 2K Games)
Scott Sinclair, Shawn Robertson, Andrew James

2007 Best Technology
Crysis (Crytek/Electronic Arts)
Cevat Yerli, Douglas Binks, Timur Davidenko, Martin Mittring

2007 Best Writing
BioShock (2K Boston/2K Australia / 2K Games)
Ken Levine, Emily Ridgway, Joe McDonagh, Susan O'Connor

2007 Best Audio
BioShock (2K Boston/2K Australia / 2K Games)
Eric Brosius, Pat Balthrop, Emily Ridgway, Justin Mullins

2007 Best Debut
Crackdown (Real Time Worlds / Microsoft Game Studios)
Ramon Gonzalez, Violetta Sanchez, Rafael Diaz, Jose Guerra

2007 Innovation
Portal (Valve)
Kim Swift, Erik Wolpaw

2007 Best Handheld Game
The Legend of Zelda: Phantom Hourglass (Nintendo / Nintendo)
Eiji Aonuma

2007 Best Downloadable Game
Flow (thatgamecompany / Sony Computer Entertainment)
Kellee Santiago, Jenova Chen, Martin Middleton, Hao Cui, John Edwards,
Nick Clark

2007 Game of the Year
Portal (Valve)
Kim Swift, Erik Wolpaw
Prémios especiais:

Lifetime Achievemacent Award
Sid Meier
Pioneer Award
Ralph Baer
Ambassador Award
Jason Della Rocca


A lista dos nomeados está aqui.

fevereiro 20, 2008

delicious

Antes de sair para o aeroporto aqui ficam dois momentos visuais e sonoros que nos transcendem. Deliciem-se.


De um motion graphics director, Pierre Michel, Fire Flower, é um spot publicitário que transpira sensualidade.

E do colectivo Zwei linke Hände, formado por dois alunos da German Film School, Alexandra Zühlke and Sven Heck fiquem com Water is my Eye. Uma curta que respira harmonia de cores, traço e introspecção. [a partir de CG Talk]


A character, who became unbalanced is being lead to a mysterious cathedral. Touching the sacred waterdrop he releases the birth of man and woman first
united as one who are separated and begin falling in love...

fevereiro 18, 2008

HP e a tecnologia no ensino

Cá vai mais um resumo live a partir de uma conferência. Hoje estou na 2008 HP Technology for Teaching Worldwide Higher Education Conference na Estancia Hotel La Jolla (San Diego), California, USA. A impressão da primeira manhã de dois dias, é o entusiasmo da HP não partilhado pelos investigadores. Estamos aqui todos a ouvir dizer que os Tablets PCs são fantásticos e que são revolucionários e que podem aumentar a colaboração entre estudantes, que podem aumentar a atenção, o interesse, a motivação. Isto é sustentado com estudos de algumas Universidades de peso como a Duke ou a Virginia Tech que parecem ter recebido financiamentos chorudos para estarem aqui a falar desta forma.


Na verdade se isto me parece estranho a mim, aos colegas do Brasil, Espanha, Itália ou UK não parece ser tão estranho aos americanos que estão mais habituados a estas fortes investidas da indústria sobre os investigadores fornecendo-lhes recursos e ao mesmo tempo pedindo de volta dados que sustentem e aumentem as vendas dos produtos. Acima de tudo fala-se de dados, e gráficos de dados, métodos de analisar e medir os dados. Existe um forte interesse nos dados, com o selo de cada Universidade por forma a poderem ser utilizados mais tarde como "produto comprovado cientificamente".


Existe algo que não consigo deixar de apontar com muita estranheza e apreensao, se esta é acima de tudo uma conferência sobre novos modelos de ensino e aprendizagem nas Universidades, como é que praticamente todos os investigadores são provenientes de Engenharia e Ciências da Computação. Onde está a Psicologia e as Humanidades e as Ciências Sociais, aqueles que não usam a tecnologia por norma nas suas aulas. Pois porque nós usamos a tecnologia sempre, com Tablets ou sem Tablets, as nossas aulas têm por base o computador. Mas interessava era ver aqueles que ainda se recusam a usar máquinas, e a usá-las para actividades diárias que não necessitam obrigatoriamente do computador. Perceber aí em matérias menos esquemáticas e mais conceptuais como é que poderemos dar um melhor uso à tecnologia.

Por agora deixo-vos com uma interessante frase da Gloria Rogers, executiva da ABET, Inc, que esteve a falar extensivamente sobre métodos de quantificação de dados e de procura da verdade científica. Adorei quando ela disse, Communicate, Communicate, Communicate. You need to tell your story.

machinima, para ficar

Faz algum tempo que não via nenhum filme machinima, apesar de terem potencial, sempre se mostraram repletos dos problemas de linguagem emocional que os jogos contém, nomeadamente ao nivel da comunicação não-verbal. No entanto tenho a dizer que fiquei não só surpreendido mas contente com o facto de estarmos a assistir a uma mudança desta realidade. Agradeço ao Manuel Pinto pelo envio do artigo de Eva Domiguez no La Vanguardia no qual esta refere o facto de o machinima estar a ultrapassar as barreiras do próprio medium chegando a fazer parte de séries televisivas e anúncios comerciais, no entanto e apesar de achar isso interessante, julgo que o mais importante é perceber que temos aqui uma potencial nova ferramenta criativa. Além disso julgo mesmo que esta nova ferramenta poderá vir a ser utilizada no ensino da linguagem audiovisual e até interactiva, muito brevemente. Dois excertos são citados, um deles apesar de possuir toda a gramática audiovisual aplicada sofre tremendamente ainda com a ausência de um acompanhamento efectivo do drama visual, falo de A Few Good G-Men. Uma cena, já clássica do filme, A Few Good Men, de confronto verbal entre Tom Cruise a Jack Nicholson e onde aqui se pode ver tudo aquilo que vai faltando aos jogos para chegar aos niveis de expressão dramática do cinema. A outra sequência é a abertura do filme American Beauty, batizada aqui de Machinima Beauty, menos dependente da expressão dramática porque o que está em causa é a exteriorização dos dilemas do protagonista, ou seja a projecção dos seus problemas sobre o real que o rodeia. Sendo também uma sequência mais de exposição e introdução aos factos e menos de conflicto/climax como a anterior suporta-se muito melhor e faz-nos acreditar que dentro de algum tempo conseguiremos mais e melhor. Eu pelo menos fiquei a acreditar, vejam e retirem as vossas conclusões.



fevereiro 14, 2008

em nome de S.Valentim

Não tenho por hábito fazer referências festivas, mas não podia deixar de marcar este dia com o mais recente filme da Psyop. Vindo de uma empresa publicitária, a mensagem é de grande relevância e cada vez mais actual aqui aliada ao humor negro ganha toda uma dimensão e ajuda a uma fácil compreensão da ideia. Bem hajam, os corações palpitantes.




[em alta resolução]