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janeiro 25, 2013

a cor da natureza (actualizado: 8bits x 12 bits)

Meet Me in Big Sur (2013) de Andrew Julian apresenta uma beleza visual absolutamente impressionante. A cada novo plano é como se sentíssemos a beleza da natureza entrar-nos pelos olhos adentro. Deixamo-nos levar pelas imagens.


O filme apresenta paisagens de várias zonas da costa oeste americana, nomeadamente o Big Sur que fica a meio do estado da California. Grande parte das imagens apresentam o contraste entre as montanhas e o oceano, a fazer lembrar a nossa costa Alentejana.





A paisagem é soberba, mas o que torna o filme tão impressionante é a qualidade da fotografia e o tratamento da cor. As imagens foram obtidas com uma Blackmagic Cinema Camera, que é uma câmara de cinema digital capaz de debitar 1 Terabyte por cada 2 horas de filme. Algumas das imagens aqui apresentadas são tão perfeitas no enquadramento, na luz e na cor ao ponto de sentir que não existiria alternativa capaz de as tornar melhores. Sente-se que a saturação das cores é levada a um máximo de perfeição. Inebria-nos sentir estas imagens decorrer em frente de nós, direi mesmo, provavelmente mais belas que o próprio local. Pena que a montagem não acompanhe, mas ainda assim valeu bem fazer o download da versão de 800 mb e ver num Full HD de 40', impressionante.

Meet Me in Big Sur (2013) de Andrew Julian


Actualização 26.01.2012
Depois de partilhar o artigo no Facebook gerou-se uma discussão interessante com o Leonel Morgado sobre o facto de estarmos a ver imagens com HDR ou não. Foi depois o Nicolau Pais que nos esclareceu que a Blackmagic Cinema Camera não possui HDR, mas em sua vez pode gravar em formato RAW a 12 bits, quando as restantes câmaras conseguem apenas 8 bits. O vídeo acima é esclarecedor do detalhe que se consegue a mais, mas para se ter uma ideia mais concreta do que separa os 8 bits dos 12 bits, aconselho vivamente que vejam os vídeos que o Nicolau Pais partilhou: Comparing the Cinema Camera: Part 2, The Impact of 12-bit RAW e ainda Comparing the Cinema Camera & 5D Mk III. Deixo duas imagens que demonstra claramente a diferença do detalhe capturado a 8bits e 12bits, comparando com a 5d. Agradeço ao Nicolau a partilha destes vídeos.



novembro 29, 2012

video via instagram

Não é propriamente revolucionário, mas o interessante é percebermos que é possível criar vídeo a partir de qualquer tecnologia de produção visual. O Instagram é uma rede social de fotografias que tem a particularidade de colocar à disposição dos utilizadores um conjunto de filtros retro que transformam e marcam todas as fotos que ali entram. Estes filtros tornaram-se imediatamente numa imagem de marca da própria rede. Aliás o Instagram conseguiu em poucos anos roubar a mística que a Polaroid tinha criado no mundo das fotos físicas. Usando as mesmas dimensões de uma fotografia Polaroid, e aplicando filtros conjugados de transformações da saturação/desaturação, de brilho, contraste, e sharpening, o Instagram criou uma identidade formal própria na apresentação de fotografias. Com todo este sucesso era inevitável que alguém se lembrasse de criar um vídeo com recurso a esta aplicação.


“The First Ever Music Video Filmed Entirely Using Instagram"

O vídeo foi criado por Arturo Perez para a banda mexicana The Plastics Revolution. Foi fotografado na cidade de São Francisco mas ao contrário do que chegou a circular na rede, as fotografias não foram feitas com um iPhone, mas antes com uma Canon 7D, só depois foram colocadas no iPhone 4s para serem convertidas para o Instagram. O que era inevitável, pois existem partes do vídeo que só poderiam ter sido feitas com outras máquinas muito mais rápidas ou então no formato de vídeo. Arturo Perez refere assim que usou a Canon 7d, para poder fazer uso da sua capacidade de fotografar 7 imagens por segundo. Deste modo foram feitas 45 mil fotos na Canon, das quais foram seleccionadas 1905 para ser convertidas para Instagram e são essas que aparecem neste vídeo.

novembro 15, 2012

Sublime "Swimmer" [filme completo]

Swimmer (2012) de Lynne Ramsay faz parte de um conjunto de quatro curtas comissionadas pela BBC Films, Films 4 e Jogos Olímpicos para serem exibidos durante as actividades culturais dos jogo 2012 em Londres. Os restantes três filmes foram: A Running Jump by Mike Leigh; What If de Max Giwa e Dania Pasquini; e Odyssey de Asif Kapadia.


Vi apenas Swimmer, mas a julgar pelo que li e pelo trailer das quatro curtas, será o mais elaborado na forma, e por isso claramente o que mais me interessa aqui. Aliás, só o facto de ser um trabalho da Lynne Ramsay torna o filme de imediato obrigatório. Foi quem nos trouxe Ratcatcher (1999), Morvern Callar (2002) ou o mais recente We Need to Talk About Kevin (2011).


Como é típico no trabalho de Ramsay estamos perante uma obra minimalista, aqui mais ainda do que nas suas longas. O filme constrói-se a partir de um nadador que atravessa diferentes zonas geográficas a nado, enquanto a câmara o segue, vamos ouvindo ao fundo algumas vozes que dão pequenas pistas sobre o que está a ser a apresentado. Mas a grande magia de todo o filme assenta no brilhantismo da fotografia que é absolutamente arrebatadora, sendo que o design de som não lhe fica propriamente atrás. A curta é toda ela forma, arte e estética pouco diz linearmente, procura antes de mais fazer-nos sentir, colocar-nos num estado emocional preciso, tocar-nos e deixar-nos a reflectir sobre aquele mundo que acabámos de visitar.


Podemos dizer que a fotografia de Natasha Braier é de um enorme extremismo, porque leva o chiaroescuro a um patamar técnico que eu julgo nunca ter visto antes. Não estamos apenas perante o contraste entre o escuro e o claro, mas entre o verdadeiramente preto e um branco imensamente brilhante. Impressiona, os nossos olhos colam-se nos brilhos das gotas de água translúcidas que voam em redor da pele do corpo do nadador, e por momentos parecemos incapazes de dali retirar o olhar. Se gostaram, percam-se pelo sítio da directora de fotografia.


O filme passou em várias salas em Inglaterra e depois na BBC, contudo ainda não está disponível para adquirir em lugar algum. Consegui apenas ver uma cópia gravada da BBC. A Natasha Braier, a directora de fotografia, colocou entretanto um excerto de 5 minutos do filme no Vimeo, mas foi obrigada a reduzir o excerto para 2 minutos (o filme tem uma duração total de 16 minutos). Diz-nos que o filme deverá sair no início do próximo ano em DVD e diz ainda, para quem tiver ficado encantado como eu com a fotografia, que a revista American Cinematographer trará um artigo dedicado ao filme já em dezembro.

Swimmer (2012) de Lynne Ramsay 


ACTUALIZAÇÃO 13.12.2012
Saiu o artigo na American Cinematographer escrito pela Jean Oppenheimer que conversou com Natasha Braier e nos dá mais detalhes sobre as câmaras utilizadas, filme, e locais. Deixo um excerto do artigo, que podem encontrar na edição de Dezembro da revista.





ACTUALIZAÇÃO 19.11.2018

O filme completo pode ser visto online, aqui abaixo.

outubro 17, 2012

esvaziando imagens

Ross Ching partiu do conceito criado por Matt League na área da fotografia Empty LA para criar o seu conceito Empty America que consiste em retirar carros de estradas normalmente muito movimentadas. O trabalho de Ching distingue-se por passar da imagem estática à imagem em movimento. Ching é licenciado em Cinema pela Universidade do Estado de San Diego.


Apesar de tecnicamente ser o mesmo efeito de League o impacto é distinto. O trabalho de League é gerador de uma atmosfera mais inquietante que o de Chin e isso naturalmente prende-se com a menor quantidade de informação que temos numa imagem única versus várias imagens. Ambos os trabalhos nos interrogam, mas o facto de continuar a existir movimento natural do vento, das nuvens, dos semáforos cria uma espécie de esperança. Esperança de que uma centelha de vida ainda exista por ali. Já em League sendo estático essa esperança não surge, e por isso estranha-se mais, incomoda-nos mais. Depois o adicionar da música com um carácter ligeiro, ambiente, e sem grande expressividade acalma-nos e relaxa-nos face ao que estamos a ver.


San Francisco Time Lapse é o seu segundo trabalho com esta técnica. O primeiro tinha sido exactamente sobre LA, Running on Empty (2010). Desta vez Ching foi pedagógico e criou um vídeo explicativo sobre o modo como o fez. Como poderão ver abaixo a técnica é extremamente simples, mas com efeitos poderosos. O trabalho é fundamentalmente desenvolvido no Photoshop e After Effects. O Photoshop serve para criar as áreas vazias, e o After Effects para garantir a mistura com os efeitos de time-lapse. O essencial aqui é a base de qualquer processo de animação, muita paciência e muita atenção ao detalhe.




Making of

outubro 11, 2012

retratos de escola no mundo

O fotógrafo Julian German iniciou uma colecção fotográfica chamada, Classroom Portraits, em 2004, na qual realiza os comuns retratos de turma, mas em escolas espalhadas pelo globo. Tenho a dizer que senti um enorme impacto ao ver as imagens pela primeira vez. Emoções e questões apoderaram-se de mim. Julgo que estas aparecem muito bem definidas num texto de Tom Shakespeare para a Archive Magazine sobre a colecção.

Alemanha
“…the power of the images is in their direct connection to the viewer. We remember our own schooldays and wonder what happened to our own classmates. By presenting different pupils, different schools, different year groups, Germain asks questions about contemporary educational practices and social divisions. Already we can imagine the life trajectories of some of these young people. Here are faces full of hope and promise. Here also, is the silent threat of failure. Aspiration competes with apathy…..” Tom Shakespeare. Archive Magazine, October 2005
Arábia Saudita

 Argentina

Bahrain 

Brasil

 Cuba

Inglaterra

Holanda

Japão

Nigeria

Peru

Qatar

Taiwan

USA (1)

USA (2)

Yemen (1)

Yemen (2)

[Via Fubiz]

março 16, 2012

Méliès, Selznick e VFX em Hugo (2011)

Tenho lido em algumas críticas que Hugo (2011) espelha bem a vida de Martin Scorcese no Cinema, o que apesar de poder concordar ligeiramente me parece ingrato, no mínimo, fazer-se este tipo de análises sem reconhecer devidamente os autores de Hugo Cabret. E estes em meu entendimento são dois, Brian Selznick e Georges Méliès.


Brian Selznick publicou em 2007 o livro ilustrado, The Invention of Hugo Cabret, que era um híbrido entre o livro de banda desenhada e um livro de ficção escrito. O livro foi recebido com críticas de excelência, arrecadou imensos prémios. No vídeo abaixo podem saber muito mais sobre o livro, mas podem também ver páginas do livro, desenhos, saber sobre o que motivou a criação deste livro. E o que me mais me impressionou quando descobri o livro, depois de ter visto o filme, foi que o filme era uma adaptação fortemente fiel ao que já estava no livro. Aqui nem há lugar à interepretação da escrita, é que os enquadramentos, os elementos visuais, os personagens, tudo está lá. A única coisa que falta é o tratamento cromático, de que falarei já a seguir. Ora assim sendo, vejo aqui muito pouco de Scorcese. Seu é a realização que é de excelência, mas tudo o resto tem pouco de seu.


Quanto a Georges Méliès, é ele quem dá vida para além da mera fantasia ao filme. Tudo o que vemos no filme sobre Méliés é verdade, o que me levou a pensar por várias vezes, porque é que o filme em vez de se chamar Hugo, não se chamou Méliès, ou pelo menos não tinha o seu nome no título, sendo uma tão grande homenagem. Méliès não é apenas um dos pioneiros do cinema a par com os Irmãos Lumiere, é também o verdadeiro pai dos Efeitos Especiais em Cinema. Aquilo que ele conseguiu fazer no início da arte, sem condições praticamente nenhumas, só foi possivel graças a uma inventividade, criatividade, e imaginação fora do comum. Mas para mais detalhes sobre quem foi Méliès, retirei um excerto do meu livro Emoções Interactivas (2009) e deixo-o aqui para que possam ler e compreender melhor quem era Méliès.


Finalmente a questão cromática. Estranhamente aquela que mais me impressionou na primeira vez que vi o filme. O filme utiliza a técnica fotográfica que emula o processo de Autochrome criado pelos Irmãos Lumiére em 1903. Uma técnica, que ao longo do filme, cheguei a confundir com o agora chamado processo de HDRI. A razão dessa minha confusão estava relacionada com a quantidade assustadora de saturação em vários tons que o filme contém. Só depois de ter lido uma entrevista com Robert Richardson o director de fotografia de Hugo, é que percebi que o que temos aqui a acontecer é uma fusão entre as cores do processo de autochrome a tender para o tom da pele, com uma total predominância de iluminação a azul. Por isso temos ao longo do filme várias vezes esta sensação de HDRI, nomeadamente porque por vezes temos no cenário vermelhos e azuis muito presentes.



A técnica antiga em película tinha como características o facto de criar uma aparência Impressionista, com ar de algum Pontilhado. Visto mais de perto as partículas de cor, pareciam quase ruído sobre a imagem. Ora isto depois quando criado digitalmente, passa a poder ser controlado em todo o seu detalhe. O objectivo do autochrome hoje no digital, pode servir mais para garantir um visual próximo da película, evitando a limpidez do digital. Mas quando trabalhado, pode conseguir-se esta saturação forte com diversas cores, como se estivéssemos a trabalhar com diferentes exposições.



Três imagens do mesmo plano. A primeira é o ficheiro directo retirado da câmara digital Alexa. A segunda imagem é o primeiro tratamento realizado na câmara com os valores de LUT (valores que permitem ter uma ideia final da imagem em termos de cor e densidade). Finalmente a última imagem é, aquela que nós vimos no cinema, já com o tratamento de Autochrome. [Imagens da revista American Cinematographer]

Finalmente para terminar, encontrei um making of criado pela Pixomondo, que foi a empresa que tornou possível a criação do filme no formato 3D. Neste making of podem ver-se imensos detalhes fascinantes de composição digital, e alguns dos planos sequências, nomeadamente o final que impressiona bastante, ainda para mais sendo filmado em 3D. São 9 minutos, que valem a pena ver e rever.

Making of Hugo (2011) da Pixomondo

fevereiro 04, 2012

Elena Kalis, artista conceptual de fotografia debaixo de água

Elena Kalis nasceu na Rússia, mas vive nas Bahamas, tendo feito do seu novo habitat o lugar ideal para criar um novo mundo fotográfico. A artista de fotografia aparece várias vezes rotulada como conceptual underwater photographer, o que captura totalmente a essência do seu trabalho.


Elena diz-nos que a sua maior inspiração é o oceano,
“The ocean. It’s vast and multifaceted. One day it is bright, sunny and fun. Yet there is another side which is darkness, unconsciousness, death. I can never get tired from it and it is my main daily dose of inspiration.” (fonte)




Na verdade nós também não nos cansamos de admirar as suas fotografias, muito por causa dessa variação e diversidade de formas. Existe algo de mundo de sonho, de surreal que nos espanta e cola às imagens. É estranho mas funciona como se estivéssemos a olhar para o outro lado do espelho. Um local que nos reflecte com curvaturas dinâmicas, semi-aprisionados num líquido que circunda os corpos.






São raras as pessoas que não sentem fascínio pela água, e logo não se sentirão atraídas por estas imagens. É difícil explicar porquê, o mais básico será dizer que foi dali que viemos, que nascemos no liquido, aprisionados por um útero. É uma explicação que não me satisfaz, mas quando penso em paralelos, fotografia no ar, ao vento, no gelo dificilmente nos conseguem tocar desta forma. Por isso talvez exista aqui algo palpável. É verdade que nos estudos que temos feito em termos emocionais, a água e o oceano apelam fortemente à nossa serenidade e calma, e isso não será de todo indiferente ao que sentimos com estas imagens.






Mas não é apenas a água e o oceano, muita da beleza das suas imagens deve-se também à modelo que tem sido central em muito do seu trabalho, a sua filha Sascha. Uma jovem que podia ser qualquer um de nós na sua infância ou adolescência, encarnando o nosso passado, nostalgia e fantasia.


O trabalho da Elena Kalis tem sido utilizado como inspiração para quadros, capas de livros, e tem surgido em várias revistas, e pode ser admirado no seu site, no deviantART, no Flickr, no 500px.