maio 30, 2019

Ciência do movimento visual

Por esta altura já todos percebemos que vivemos numa realidade criada pela nossa cognição, montada sobre muitas ilusões, desde a história do vestido azul e dourado às imagens estáticas que se movem, passando pelos vieses cognitivos, tudo distorções sobre o modo como interpretamos o real que decorrem da ligação entre os nossos sistemas perceptivo e cognitivo. Contudo existe sempre espaço para novas surpresas e esta que a Wired nos traz agora é bastante interessante, nomeadamente para todos os que trabalham no domínio da imagem em movimento, particularmente em animação.



No vídeo podemos ver como o processamento visual das imagens na mesma frequência do movimento, permite aceder movimentos completamente distintos, incluindo alterações de direção de movimento. Claro que quem trabalha no audiovisual já viu isto, basta pensarem na última vez que filmaram uma roda de bicicleta ou de um carro, ou quando filmamos plataformas giratórias como as dos parques infantis. Mas ver o efeito na água é não só mais instigante como nos permite compreender muito melhor o que está a acontecer com o nosso cérebro quando ele está a processar o movimento que recriamos por meio dos 12 ou 24 frames. A percepção capta as imagens e a cognição interpreta as mesmas, quando os objetos mudam de lugar, a cognição cria uma história mental que explica que estão em movimento e que esse movimento decorre numa determinada direção. Por isso, se na percepção ocorrer alguma variação incoerente pode acontecer que o nosso cérebro comece a ver movimentos contrários aos que estão verdadeiramente a acontecer.


"Inside the Science Behind This Crazy Water-Based Illusion" (2019) da Wired

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