março 29, 2009

Arte em Manchester

Durante a curta visita para dar aulas a Manchester aproveitei para ver a exibição de "Ten Drawings by Leonardo da Vinci from the Royal Collection" na Manchester Art Gallery. Não que as minhas expectativas fossem muito elevadas, mas como é natural qualquer coisa em que génios como Leonardo tenham tocado despertam sempre a atenção. Ainda para mais no caso desta exposição específica, podemos ganhar um mais aprofundado conhecimento da obra no site da Royal Collection do que vendo os desenhos ao vivo. Isto porque estes não podem ser expostos a muita luz e como tal a legibilidade não era das melhores. Destaco aqui apenas um dos desenhos, aliás o único que me despertou verdadeiro interesse dos 10. Aliás são 12, mas são apresentados como 10, porque dois deles estão desenhados nas costas de outros dois.

A skull sectioned, Leonardo da Vinci, Itália, 1489

O que Leonardo tentou fazer neste desenho foi localizar no cérebro o ponto nevrálgico do chamado "senso comune". O chamado ponto de interface entre a mente e o mundo. Para poderem ver o trabalho em detalhe aconselho vivamente uma visita ao site da Royal Collection que fez um excelente trabalho na sua reprodução digital e na interface de acesso.

Para além desta exibição gostei de ver alguns trabalhos das galerias permanentes, nomeadamente europeus do século XVII e XVIII. Ao contrário do que acontece com os desenhos do Leonardo, alguns dos trabalhos que mais gostei não me atrevo a colocar aqui a sua imagem porque as reproduções são muito fracas, nomeadamente as pinturas de grande detalhe e de grande diversidade de cor como Work, de Ford Madox Brown, Inglaterra, 1852 ou The Chariot Race, de Alexander von Wagner, Alemanha, 1882.

Sir Thomas Aston at the Deathbed of his Wife painting, John Souch, Inglaterra, 1635

Autumn Leaves, Sir John Everett Millais, Escócia, 1856

Sappho, Charles-August Mengin, France, 1877

1 comentário:

  1. Não deixa de ser interessante notar que um génio como foi Leonardo Da Vinci, na sua época, contribuiu para o estabelecimento de importantes conceitos que ainda nos dia de hoje vigoram. O pormenor com que ele desenhava denota uma dedicação incomparável, e acima de tudo, uma insaciável curiosidade em entender o significado da realidade. Sempre ouvi falar no Leonardo como um dos maiores génios da História da humanidade, criador de obras eternas como a Mona Lisa e outras afins. No entanto, olhando com mais detalhe para estes esboços de sentido elaborados pela sua pessoa, interrogo-me sobre a forma como via o mundo, isto é, que processo cognitivo tinha? Porque nem toda a gente observa a realidade com tanto detalhe ainda mais com a determinação que tinha, e daí talvez ainda tenha, em expressar apenas o seu ponto de vista. Talvez seja este o segredo de toda a criatividade artistica: simplesmente desenhar a forma como observamos o mundo. Na linguagem informática era fácil dizer que estes desenhos são um output do input que os olhos de Da Vinci percepcionavam.

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