à esquerda, edição de 31.07.2007; à direita, edição de 01.08.2007
Se não tivessem morrido no mesmo dia e com espaçamento noticioso de um dia, será que Antonioni não teria tido direito ao mesmo tratamento que teve Bergman por parte da imprensa. Enquanto Bergman teve direito ao topo da manchete e com um preenchimento da mancha da ordem dos 70% no Público de 31 de Julho e com 4 páginas interiores. No dia seguinte o Público dedica na sua manchete apenas a parte inferior, ocupando cerca de 40% da mancha total e tendo no seu interior apenas 3 páginas.
Mais em detalhe, a capa de 30.07 é uma capa de cariz artístico, socorre-se do espaço do logo, destaca o nome do realizador em letras de primeiro nível, brancas sobre um fundo extenso negro. Já a de 31.07, reassume o traço visual informativo e relega Antonioni para um segundo plano noticioso, como que a dizer-nos, "já ontem dedicámos o espaço ao cinema, por isso hoje voltemos ao mundo do real". Não que as noticias sobre o Darfur me desmereçam valor, mas é evidente que o destaque dado às noticias do P2, no topo, eram perfeitamente dispensáveis, tal como tinha sido com Bergman. Antonioni está ao nível de Bergman e sobre isso não devem restar quaisquer dúvidas.
Apesar de tudo, não posso deixar de reconhecer que o Público deu o destaque desejado e merecido a ambos ao contrário de outra imprensa que parece continuar a preferir relegar a cultura para os cantos em detrimento do crime ou mexerico político. Agradeço também o facto de terem publicado parte dos textos aqui dedicados a Bergman e Antonioni, nas folhas do jornal na rubrica Blogues em papel (1 e 2).
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