março 08, 2008

conhecimento aberto

Para quem ainda continua a ter receios de dar o salto, fica aqui uma lista que tenho andado a elaborar sobre software multimédia open-source capaz de substituir os grandes nomes do mercado. Naturalmente que esta migração não é simples e levanta muitos receios aos utilizadores. No caso da câmara de Munique, o anúncio de migrar 14.000 máquinas para ambiente Linux foi feito em 2003, mas só em 2006 é que este movimento se iniciou verdadeiramente, mantendo mesmo assim os dois ambientes em funcionamento dado a inexistência de alguns dos softwares utilizados pela câmara para a plataforma Linux.

Desse modo aquilo que proponho aqui tem por base duas questões: existência de versões compiladas para Windows e estabilidade assegurada. Ou seja qualquer um dos software que aqui menciono pode ser utilizado com bastante segurança, a instalação é de grande simplicidade e pode ser utilizado tanto em ambiente Linux como Windows (na maior parte podem ainda ser utilizados em MacOS, contudo as compilações para Mac não são das melhores). Longe vão os tempos em que para fazer uso destes softwares era necessário ter uma base Linux. Claramente que trabalhar sobre uma base linux, abre outras portas, para além de permitir a integralidade da plataforma em ambiente open-source. No entanto sabemos que nem sempre nos podemos dar a essa comodidade, principalmente em ambientes públicos onde as necessidades são muito diversas de utilizador para utilizador.

GIMP -> Adobe Photoshop
Software de grande qualidade, substitui o grande nome da edição de imagem rasterizada, em utilizações básicas e médias, e pode ser utilizado com grande segurança e estabilidade. Ao contrário do Photoshop CS3 não requer 1gb de memória ram o que facilita ainda mais o seu uso em máquinas menos apetrechadas. Está já na versão 2.4, e o download tem apenas 16Mb.

INKSCAPE -> Adobe Illustrator
Software ainda no inicio, apresenta um grande potencial, e está sem dúvida na linha da frente no que toca a comparação ao Adobe Illustrator. Não é aconselhado a ilustradores profissionais, contudo é fortemente aconselhado a todos quanto usam o Illustrator para acções esporádicas.

Audacity -> Adobe Audition
É um dos mais respeitados softwares de edição de som e como tal não apresenta grandes problemas na utilização.


Blender -> Discreet 3D Studio Max
Dos softwares open-source, este foi sem dúvida, o que maior fama adquiriu ao longo dos últimos anos. A sua capacidade para desenvolver modelação e animação de alta qualidade, permitiu-lhe ser utilizado já em filmes de grande orçamento. Possui uma base de utilizadores enorme, no nosso caso, a base de suporte brasileira é tremenda o que facilita a sua aprendizagem e evolução do mesmo. Ou seja, temos aqui um software a custo zero, que consegue em certa medida rivalizar com pacotes de 5000 euros. Para além da modelação e animação 3d, o Blender vem ainda com um motor de jogo. Para ver as verdadeiras potencialidade deste motor, aconselho vivamente uma visita ao site do projecto Apricot.

VirtualDub -> Adobe Premiere
No campo do vídeo VirtualDub é uma grande referência para quem trabalha com ficheiros de compressão MP4, conseguindo aqui superar o Premiere devido à forma como acede aos ficheiros. Acaba no entanto por perder no que toca à montagem elaborada uma vez que não possui interface de composição. Deste modo o VirtualDub ainda não pode ser encarado como um software de edição vídeo em toda a sua plenitude.

OpenOffice -> Microsoft Office
É conhecido há bastante tempo e muito utilizado mundialmente, é a grande base de suporte ao Linux no sentido em que este pacote que permite criar uma base de utilizadores e não apenas "desenvolvedores". Quando a câmara de Munich se converteu ao Linux, essa conversão tinha como base a convesão à plataforma, mas no essencial às ferramentas de trabalho OpenOffice.

Finalmente temos ainda o browser Firefox que substitui na perfeição o Internet Explorer, apesar de o próprio IE ser também gratuito. Aliás, não se trata de uma mera substituição, em muitos factores como, rapidez no desenho das páginas e inovação no design da interface o Firefox tem andado à frente do IE. Uma das funcionalidades mais interessantes presente no Firefox e ausente do IE é o dicionário de português, actualizado regularmente, que permite a correcção em tempo-real dos textos escritos em páginas web, tal como nesta janela do blog onde escrevo neste momento.

O maior problema na área do multimédia continua a ser o vídeo e a interactividade. O Blender tem um motor de game 3d, mas não substitui um regular programa de hypermedia como o Flash ou Director. Ao nível da composição visual vídeo não existe nada que se aproxime do conceito do After Effects. Contudo e como se pode ver acima, na generalidade dos casos, podemos já socorrer-nos de software aberto que acreditamos ser um dos pontos mais importantes a marcar na defesa da inclusão digital.

Links de listas de software Open-source

OS-Infoguide (produzido pela Câmara de Munique)
List of Open-source Software Packages
List of open-source games
The Simple Dollar

março 07, 2008

Sci-fi, o último bastião literário

Um texto que já queria ter aqui referenciado mas ainda não tinha tido tempo, de Clive Thompson escrito para a revista Wired de Fevereiro e intitulado Take the Red Book - Why sci-fi is the last bastion of philosofical writing. E porquê esta necessidade de o referenciar, porque é um daqueles textos que em pouco mais de 700 palavras consegue apresentar sinteticamente várias ideias de relevo e que nos apontam para possíveis e diferentes caminhos de reflexão.

Primeira ideia, que não é do Thompson, mas que ele referencia a partir do conto sci-fi After Siege de Cory Doctorow. apresenta uma questão de grande actualidade, relevo e profundidade.
What would happen if physical property could be duplicated like an MP3 file? What if a poor society could prosper simply by making pirated copies of cars, clothes, or drugs that cure fatal illnesses?
Já me tinha colocado esta mesma questão em relação ao futebol, e se fosse possível sintetizar o espectáculo do futebol num ficheiro mp3, o que aconteceria a essa indústria, aos ordenados multi-bilionários. Aqui Doctorow vai mais longe, porque extravasa o domínio do entertainment e entra em áreas restritas a lobbies poderosíssimos como a industria automóvel, militar ou da saúde. As consequências desse efeito são segundo a via escolhido pelo autor um pouco catastróficas, de qualquer modo, julgo que haveria lugar para se pensar este mundo alternativo num outro modelo, mais equitativo, talvez.

A segunda ideia desenvolvida por Thompson apresenta outra ideia que me acompanha a algum tempo relacionada com o factor, ou a capacidade da literatura em envolver o leitor num ambiente ficcional. Podemos dizer que o cinema se tem socorrido em muito da forma, que em grande parte é só efeitos-especiais, mas se assim não fosse, não estaríamos perante o mesmo problema que Thompson aqui apresenta,
From where I sit, traditional "literary fiction" has dropped the ball [..] throughout my twenties I voraciously read contemporary fiction. Then, eight or nine years ago, I found myself getting — well — bored [..] Why? I think it's because I was reading novel after novel about the real world. And there are, at the risk of sounding superweird, only so many ways to describe reality. After I'd read my 189th novel about someone living in a city, working in a basically realistic job and having a realistic relationship and a realistically fraught family, I was like, "OK. Cool. I see how today's world works." I also started to feel like I'd been reading the same book over and over again.
Ou seja, parece que a ficção deu lugar à simulação de mundos tão reais como a realidade, tão próximos dos leitores por forma a atingi-los pela via da familiaridade com o tema que se esqueceram que é necessário surpreender e é necessário que a ficção transporte o leitor para um outro nível, que acima de tudo consiga desenvolver o questionamento no leitor.

A última ideia do artigo surge como resposta a estas duas questões, e que dá nome ao artigo, apresentando a ficção científica como o último reduto literário para um imaginário saudavel e estimulante. Thompson sintetiza mesmo este género de um forma bastante interessante e actual tendo em conta os ambientes de simulação proporciondados pelos jogos digitais.
If you run a realistic simulation enough times — writing tens of thousands of novels about contemporary life — eventually you're going to explore almost every outcome. So what do you do then? You change the physics in the sim. Alter reality — and see what new results you get. Which is precisely what sci-fi does. Its authors rewrite one or two basic rules about society and then examine how humanity responds — so we can learn more about ourselves. How would love change if we lived to be 500? If you could travel back in time and revise decisions, would you? What if you could confront, talk to, or kill God?
Uma definição que se aproxima dos ideais professados por John W. Campbell um dos mais conhecidos editores de contos de FC da história e que dizia aos escritores da Astounding Stories: "If you can't make 'em possible, make 'em logical. If you can't research it, extrapolate it!". Assim este artigo de Thompson aponta deliberadamente um caminho de fuga à banalidade do quotidiano em busca de "food for thought", e daí mesmo o subtítulo, em alusão à "red pill" e "blue pill" de The Matrix.

março 02, 2008

Blender e After Effects

Spot publicitário realizado pela empresa brasileira ZQuatro Animação fazendo uso de duas das ferramentas mais interessantes da actualidade no domínio da composição digital, o Blender e o After Effects. O Blender serve a modelação e a animação 3d e é open-source ou seja completamente gratuito, já o After Effects entra na pós-produção do filme e é o software da área mais acessível, não existindo alternativa open-source. Em baixo podem ver a comparação entre a performance realizada pelo actor e efeito da mesma quando replicada via rotoscoping no personagem animado. O filme pode ser visto aqui.

[a partir de BlenderNation]

março 01, 2008

fibreculture

O journal Fibreculture, de acesso livre, publicou recentemente uma colecção de ensaios da 7th International Digital Arts and Culture Conference. Podem encontrar aqui artigos Jim Bizzocchi, Tracy Fullerton, Celia Pearce com temáticas como o Ambient Video, Retrogaming, Art Against Information. Obrigado Manuel.

fevereiro 29, 2008

cry realtime

A Crytek, vencedora do prémio Best Technology da GDC deste ano, fez uma demonstração na GDC 2008 do seu portentoso motor de rendering, CryENGINE2, fazendo uso de um dos mais memoráveis spots publicitários da Sony e replicando-o em todas as dimensões visuais só que desta vez com a acção a decorrer em tempo-real. É mais um paço em frente no realismo, o que está aqui em questão nem é tanto o fotorealismo mas a capacidade de gerar esse mesmo fotorealismo em tempo real. Ou seja, seria possivel utilizar este spot no ambito de um jogo e colocar um personagem controlado pelo jogador a tentar apanhar as bolas ou a correr a frente delas durante a queda das mesmas. Sobre as implicações deste real-time sobre os ambientes virtuais veja-se este manifesto do colectivo Auriea Harvey & Michaël Samyn.
Entretanto alguém já se encarregou de realizar um filme comparativo com inserts alternados dos dois filmes e enviar para a GameTrailers.com, deixo aqui para verem.

UPDATE: Entretanto na conversa com um colega dei-me conta que temos um português a trabalhar no desenvolvimento deste poderoso motor de jogo 3d , o Tiago Sousa.




[download do filme original, 25mb]
[a partir de No Fat Clips!!!]

transcendendo a matéria

Mais uma obra-prima de motion design dos estúdios Dvein de Barcelona. Vale a pena ver e rever, depois do belíssimo trabalho realizado para o OFFF 2006 (que este ano se realiza em Lisboa), chega-nos agora este trabalho para a TOCA ME Design Conference 08, em Munich. O titling foi feito por Alex Trochut mais um talento de Barcelona a seguir com atenção. Para uma ideia do que está por detrás do filme vejam as imagens 1, 2, 3.



[vídeo download 13,7mb]
[a partir de Motionographer]

fevereiro 28, 2008

o nanofuturo

Acabo de receber uma óptima sugestão do Vinicius Mano sobre um trabalho desenvolvido conjuntamente entre a Nokia Research Center (Finlândia) e o Nanoscience Centre da University of Cambridge (UK). Juntos lançaram o conceito Morph que pretende ser um movimento especulativo sobre o uso de nanotecnologias. Um conceito que estará em exibição no The Museum of Modern Art (MoMA) em Nova Iorque de 24 de Fevereiro a 12 de Maio de 2008.

O conceito pretende demonstrar como será o futuro através do uso das nanotecnologias. O foco deste trabalho está centrado nos aparelhos móveis, dado o natural interesse da Nokia, e embora eu prefira destacar as propriedades do Flexible & Changing Design, o que está aqui em evidência, acima de tudo, é o modo como o futuro será diferente no que toca à relação Homem / Tecnologia. Há já alguns anos que Ray Kurzweil apregoa estas alterações e agora aqui com esta especulação transformada em conceito e comunicado em vídeo é possível perceber de um modo facilitado os possíveis impactos.



[vídeo download, 46Mb]

fevereiro 25, 2008

Jobs #9

Full-Time Tenure Track Faculty Position - Game Design
Bloomfield College

Application Due: 03/31/2008

The Creative Art & Technology program at Bloomfield College is announcing an opening for a full-time tenure track position in Game Design. This position will play an essential role in shaping and teaching in a new and popular curricular sequence in game design offered at the undergraduate level. This is an excellent opportunity for those interested in exploring the future of media and communication design in an academic environment that encourages an interdisciplinary approach and is open to collaboration and experimentation.

The individual hired will spearhead research in cutting-edge areas: interactive graphics and animation, interactive visual narrative, visual displays for everyday systems, gaming systems. The candidate will have a demonstrated record of experience in game design or interaction design through projects and/or research. Doctoral or Master's degree in a relevant discipline and/or equivalent professional standing and industry experience in media and/or gaming and a creative and/or scholarly record with emphasis on visuals for digital media. Teaching experience with a demonstrated interest in curricular development is a plus and a sample of a syllabus is required.

The candidate will demonstrate knowledge of, and research interest in interaction-design, game design, animation and motion graphics, mobile media, user-centered design and the social implications of technology. We are looking for a person who has an active engagement with the game design and/or interaction design industry and the critical and theoretical
implications of the field.

CAT is an interdisciplinary program, which includes concentrations in video, animation, music technology, fine arts, theater, graphics, multi - media and the Web. Bloomfield College, a small liberal arts college in New Jersey, is located 30 minutes from NYC.

Application Deadline: March 31, 2008; if not filled, every FOUR weeks thereafter until search is closed. Anticipated start date is July 1, 2008.

Application Procedure: Send a letter of interest, relating experience and interests to the opportunities and requirements of the position, CV and names, addresses and telephone numbers for three professional references, via email only to tonderlaya_furman@bloomfield.edu. Representative media products, demos of work or publications, sample syllabi and official transcripts should be sent via regular mail to Toni Furman, Administrative Assistant to the Associate Dean, Academic Affairs, Bloomfield College, 467 Franklin Street, Bloomfield, NJ 07003.

Application Information Postal Address:
Toni Furman
Bloomfield College
467 Franklin Street
Bloomfield, NJ 07003
Phone: 973-748-9000
Email: tonderlaya_furman@bloomfield.edu