Mostrar mensagens com a etiqueta ilustração. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta ilustração. Mostrar todas as mensagens

fevereiro 14, 2013

OffBook: "The Art of Illustration"

Acaba de sair um dos mais apetitosos episódios da série OffBook, The Art of Illustration (2013). Enquanto via os curtos 7 minutos tirei mais de 50 screenshots para usar neste pequeno texto, quando normalmente me fico pelos 10, raramente indo além dos 20. Este indicador diz bem do que podem esperar encontrar dentro deste pequeno documental.



Além da enorme quantidade de trabalho que poderão ver, temos ainda entrevistas com a talentosa Yuko Shimisu, com Sean Murphy o criador de Punk Rock Jesus (2012), com Molly Crabapple e ainda Steven Guarnaccia o director do curso de Ilustração da Parsons New School. Gostei de dois reparos sobre o trabalho do ilustrador deixados por Yuko Shimisu,
"A minha maior preocupação como ilustradora surge quando tenho uma ideia para uma ilustração, se essa ideia puder resultar melhor como fotografia então não é uma boa ideia...
O objectivo é que a ilustração leve o leitor a parar na página, e queira ler o artigo..."
Yuko Shimisu




"Illustrators articulate what a photograph cannot. Using an array of techniques and styles, illustrators evoke stories and meaning in a variety of mediums, from editorial illustration in magazines and newspapers, to comics books, to activist media. And as their tasks over the years have become less informational and more expressive, their individual voice as artists becomes all the more critical and beautiful, revealing an exciting and awe-inspiring age of illustration."
OffBook

fevereiro 11, 2013

folhas e corpos

Fiquei encantado com a beleza das ilustrações da espanhola Beatriz Martin Vidal. Podem ver o seu trabalho na sua página pessoal, no seu blog ou no DeviantArt. Adoro nomeadamente a sua obsessão com as folhas de flores e o modo como as representa entrosadas com os corpos humanos, e como trabalha o contraste de cores das flores com o dos corpos.

Capa do livro Little Red (2012) Beatriz Martin Vidal

Sequência do livro Little Red (2012) de Beatriz Martin Vidal


Ilustração de Beatriz Martin Vidal para o livro Birgit (2011) de Gudrun Mebs

Ilustração de Beatriz Martin Vidal para o livro Birgit (2011) de Gudrun Mebs


Ilustração de Beatriz Martin Vidal para o livro El Pacto del Bosque (2010) de Gustavo Martín Garzo

Ilustração de Beatriz Martin Vidal para o livro El Pacto del Bosque (2010) de Gustavo Martín Garzo

dezembro 25, 2012

A História do Natal

Acabei de ver The Real Story of Christmas (2010) no Canal História que achei muito interessante por apresentar em detalhe o modo como terá nascido um mito, socorrendo-se das leis da natureza e das capacidades criativas do ser humano. O que mais me vem impressionando nos últimos ano é a força do Natal, que para os Europeus é essencialmente uma festa cristã, mas se festeja em praticamente todo o mundo, mesmo onde a religiosidade não está presente. Sentia falta de compreender como e porquê. Aqui fica um resumo do documentário, entretanto cruzado com informação que recolhi online.


A origem aparece nas comemorações pagãs do Solstício de Inverno, que aconteciam na semana de 21 de Dezembro na zona norte do globo. Desde de há milhares de anos que existem festas de inverno por esta altura, tornando esta data uma das mais populares muito antes do nascimento de Jesus. A data de 25 de Dezembro foi escolhida como o ponto alto para estabelecer os nascimentos de vários deuses ligados à ideia do renascer, já que o Solstício marca o início do crescimento da duração de luz. No caso de Jesus, não existindo forma de confirmar a data precisa do nascimento, no século IV optou-se por esta data por celebrar o nascimento da luz, e provavelmente também terá sido escolhida pela sua enorme popularidade.


Dada a sua associação ao festejos pagãos a festa do nascimento de Jesus nunca se realizou em ambiente de recolhimento e calma, antes pelo contrário. As festas pagãs de rua, com muito álcool e entretenimento continuaram até aos séc. XVII e XVIII quando houve várias tentativas de banimento, tanto da festa de rua como do nascimento de Jesus. Essas proibições não conseguiram os seus efeitos, e as tradições acabaram por emergir novamente, embora agora mais recolhidas, mais familiares.

Nascimento do Pai Natal (Santa Claus)


É uma lenda americana, nascida em Nova Iorque mas de base europeia. Mais concretamente o Natal moderno é baseado num pequeno texto do nova-iorquino Clement Clarke Moore, "A Visit from St. Nicholas" publicado em 23 de Dezembro, 1823. O poema serviu para criar um standard em redor da aparência do Pai Natal, as meias na chaminé, o transporte do pai natal e o facto de ele trazer brinquedos.

'Twas the night before Christmas, when all through the house
Not a creature was stirring, not even a mouse;
The stockings were hung by the chimney with care,
In hopes that St. Nicholas soon would be there;
The children were nestled all snug in their beds,While visions of sugar-plums danced in their heads;
And mamma in her 'kerchief, and I in my cap,
Had just settled our brains for a long winter's nap,
When out on the lawn there arose such a clatter,
I sprang from the bed to see what was the matter.
Away to the window I flew like a flash,
Tore open the shutters and threw up the sash.
The moon on the breast of the new-fallen snow
Gave the lustre of mid-day to objects below,
When, what to my wondering eyes should appear,
But a miniature sleigh, and eight tiny reindeer,
With a little old driver, so lively and quick,
I knew in a moment it must be St. Nick.
More rapid than eagles his coursers they came,
And he whistled, and shouted, and called them by name;
"Now, Dasher! Now, Dancer! Now, Prancer and Vixen!
On, Comet! On, Cupid! On, Donder and Blitzen!
To the top of the porch! to the top of the wall!
Now dash away! Dash away! Dash away all!"
As dry leaves that before the wild hurricane fly,
When they meet with an obstacle, mount to the sky;
So up to the house-top the coursers they flew,
With the sleigh full of toys, and St. Nicholas too.
And then, in a twinkling, I heard on the roof
The prancing and pawing of each little hoof.
As I drew in my head, and was turning around,
Down the chimney St. Nicholas came with a bound.
He was dressed all in fur, from his head to his foot,
And his clothes were all tarnished with ashes and soot;
A bundle of toys he had flung on his back,And he looked like a peddler just opening his pack.
His eyes — how they twinkled! His dimples, how merry!
His cheeks were like roses, his nose like a cherry!
His droll little mouth was drawn up like a bow
And the beard of his chin was as white as the snow;
The stump of a pipe he held tight in his teeth,
And the smoke it encircled his head like a wreath;
He had a broad face and a little round belly,That shook when he laughed, like a bowlful of jelly.
He was chubby and plump, a right jolly old elf,
And I laughed when I saw him, in spite of myself;
A wink of his eye and a twist of his head,
Soon gave me to know I had nothing to dread;
He spoke not a word, but went straight to his work,
And filled all the stockings; then turned with a jerk,
And laying his finger aside of his nose,
And giving a nod, up the chimney he rose;
He sprang to his sleigh, to his team gave a whistle,
And away they all flew like the down of a thistle,
But I heard him exclaim, ere he drove out of sight,
"Happy Christmas to all, and to all a good-night." 
A Visit from St. Nicholas, (1823) Clement Clarke Moore, texto reeditado em 1844
O texto é baseado em duas personagens da história ocidental, São Nicolau da Grécia e Sinterklaas (Sinter Claes) dos países baixos (Holanda, Bélgica e Luxemburgo), ambos reconhecidos pela sua graça de oferecer. São Nicolau oferecia presentes em segredo, deixava moedas nos sapatos das pessoas sem elas saberem. Sinterklaas era o santo castigador, vinha no inverno para dar presentes aos rapazes que se tinham portado bem.

São Nicolau e Sinterklaas

No século XIX a tradição germânica de trazer árvores para dentro de casa e decorá-las chega a Inglaterra por via do casamento entre a Rainha Victoria e o Principe Albert de origem germânica. Assim em 1848 é publicada uma ilustração com família real em redor de uma árvore decorada com velas. Essa mesma ilustração foi copiada, sendo retirados os elementos reais, como a tiara de Victoria ou o bigode de Albert, para conferir um visual de família americana e foi publicada em 1850 num formato de grande distribuição nos EUA, e assim se fez nascer o mito da Árvore de Natal.

Ilustração de 1850

Em 1863 Thomas Nast, caricaturista americano, nascido na Alemanha, vai criar a primeira imagem do Pai Natal baseada no texto de Clement Clarke Moore, utilizando as feições e barbas do Deus Odin.

Primeira imagem à esquerda de 1863, segunda de 1881. Ambas de Thomas Nast.

O desenho final do ícone do Pai Natal vai surgir já no início do século XX por Norman Rockwell que cria a sua primeira imagem do Santa Claus para o Saturday Evening Post em 1916, e ao longo das décadas seguintes aperfeiçoará a imagem ao ponto de a tornar num padrão internacional.

Norman Rockwell, 1939

Podem ver o documentário The Real Story of Christmas (2010), de 45 minutos, completo na Amazon mediante pagamento, ou no Youtube em partes: Parte 1, Parte 2, Parte 3, Parte 4, Parte 5.

dezembro 07, 2012

a música visualizada

Understand Music (2012) é um trabalho que procura dar uma forma visual à forma musical, explicando o que esta é por meio de movimento gráfico. É um trabalho curto, mas dada a sua pureza, simplicidade e coerência, posso dizer que é talvez o melhor trabalho que alguma vez vi com este objectivo, que é imensamente complexo, algo que os próprios autores acabaram por reconhecer no seu site.



Produzido por um recém criado estúdio alemão, Finally, dedicado às artes visuais, Understanding Music tenta dar forma visual à musicalidade por intermédio do conceito de livro, e do movimento gracioso de tudo o que se move no ecrã. A tipografia é utilizada de forma brilhante discutindo o que se ouve, mas também o que se vai vendo, dando uma maior profundidade a toda a conceptualização da ideia do que é a música. É um trabalho que demonstra um domínio técnico das artes de ilustração e animação muito apurado, assim como uma enorme sensibilidade estética. Um estúdio que muito facilmente conseguirá vingar em diferentes áreas do design de comunicação.
Music is a good thing. But what we did not know until we started with the research for this piece: Music is also a pretty damn complex thing. This experimental animation is about the attempt to understand all the parts and bits of it. Have a look. You might agree with our conclusion!
Understand Music, (2012) de Finally

novembro 30, 2012

CONFIA, e a Imagem versus Texto

Está a decorrer a I Conferência Internacional em Ilustração e Animação em Ofir, organizada pelo IPCA, sob a direcção da Paula Tavares, Paul Wells e Pedro Mota Teixeira. Entretanto aproveitei o hiato de espera pelo jantar para escrever um pouco sobre as ideias que pulularam durante esta tarde pela conferência.


Ao final da tarde estive a presidir a uma mesa na qual pudemos discutir questões em redor das camâras virtuais, e o seu poder para se mostrar a si próprias. Ou seja, pegando no exemplo de abertura de Fight Club em que a câmara sai de dentro do cérebro de Edward Norton, para nos mostrar algo impossível com uma câmara real. Até que ponto neste campo as câmaras se estão a limitar a mostrar em vez de contar, era a questão lançada.

Imagem da sequência de abertura de Fight Club (1999)

O autor do texto perguntava até que ponto a mimeses deixa de se diferenciar da diegeses. Na mesa seguinte surgiu uma nova discussão que veio de encontro a esta lógica da diegeses e mimeses, e que nos falava sobre a diferença entre a ilustração e o texto, e o facto da ilustração conseguir comunicar ideias que o texto parece não estar apetrechado para fazer.
"A verbal metaphor, because it can be imagined differently by each reader, might not be strong enough to overcome established assumptions. However, actually seeing that metaphor creates a more concrete experience." (Susan M. Hagan)

É fácil pensar nos filmes da RSA Animate em que as ideias são transformadas em ilustrações para percebermos o quanto esta afirmação pode ser real. A facilidade com que acedemos ao conteúdo da comunicação quando esta ganha corpo visual. Por outro lado não posso deixar de confrontar isto com as ideias com que me tenho debatido recentemente e que vão num sentido contrário, ou talvez não, depende da abordagem. A minha ideia é de que a imagem por ser mais fácil de apreender se torna mais limitada na capacidade para comunicar sentidos mais complexos.


Veio isto a propósito de uma Ted X - The Mystery of Storytelling de Julian Friedmann na qual se defendia que o filme de Hollywood se tem vindo a tornar mais visual, e nesse sentido os seus filmes contêm sensivelmente apenas 2/3 do diálogo dos filmes Europeus. Este abaixamento do diálogo não é algo que surja do plano criativo, mas tem sido mais uma imposição mercantilista no sentido de tornar os filmes acessíveis em todo o planeta em termos línguisticos. Ora o que me debato, e lanço aqui a questão, é até que ponto o facto de tornar o filme mais visual e menos dialogado, se impôs como uma limitação gramatical da linguagem cinematográfica, que ao ficar impedido de usar o texto se viu incapaz de atingir camadas de sentido mais complexas, talvez só acessíveis pela linguagem. Sobre isto tenho discutido com as minhas colegas do projecto engageBook. O exemplo dado pela Ana Lúcia, é muito relevante,
“Quando alguém diz ou escreve Árvore. Todos aqueles que ouvem ou leem, visualizam na sua cabeça uma árvore diferente. Quando por outro lado se plasma a palavra numa imagem, todos na audiência veem mentalmente a mesma árvore.”
Assim temos que o texto, em vez de fechar uma ideia, de a limitar, abre-a muito mais. Neste sentido podemos dizer que o texto é pela sua natureza formal, uma obra sempre minimal. Ou seja o texto consegue estimular no leitor quase sempre um universo de sentidos em diferentes camadas (a tal Obra Aberta (1962) de Umberto Eco), algo que a imagem só consegue fazer quando se agarra ao lado mínimo do visual, quando de algum modo se esconde e não mostra o que tem para dizer.

Uma imagem vale mil palavras. Será?

Além disto o texto tem ainda um outro poder muito importante, que é o facto de que: quando Eu ouço a palavra “árvore”, eu vejo a Minha “árvore”, e não a do autor da ilustração. Neste sentido a capacidade para se ligar afectivamente é mais ampla no texto do que na imagem. Se assim é, resta à imagem como única porta de salvação ficar-se pelo convencionado, pelo cânone, para conseguir chegar a todos, para conseguir tocar a todos. Talvez isto explique em parte, porque o Cinema e os Videojogos se fazem cada vez mais de sequelas. Mas enfim, isto daria para muito mais discussão, e muito provavelmente em breve  voltarei aqui a este tópico.

novembro 04, 2012

do comic para a animação interactiva

The Art of Pho (2012) nasceu como uma história de banda desenhada criada por Julian Hanshaw e chega-nos agora na forma de motion comic. Antes da banda desenhada Julian Hanshaw trabalhou como animador em algumas das séries infantis mais premiadas de sempre, nomeadamente Charlie & Lola e Yoko! Jakamoko! Toto!. Mas agora o trabalho de animar o comic de Julian Hanshaw ficou a cargo da fantástica Lois van Baarle de quem tenho vindo a seguir o trabalho aqui.


Em termos de motion comic trata-se de um formato em ascenção à custa da web, e que procura de algum modo criar uma nova linguagem na área dos comics. A variabilidade do formato é grande, temos tido desde simples movimentos atribuídos a objectos e personagens mantendo os quadros dos livros, até trabalhos com grande detalhe de animação e som. No caso de Art of Pho para além da excelência de animação que se desenvolve a partir de um cruzamento perfeito com a gramática do comic, temos ainda a qualidade da banda sonora que contribui imenso para a atmosfera, mais mais interessante que isso, foram ainda desenhados acessos interactivos à obra que desenvolvem um sentido participativo no espectador/leitor.


A componente interactiva joga aqui um papel fundamental no modo como a linguagem da animação e dos comics se cruzam, facilitando esse processo, colando a estática de uma com a dinâmica da outra, e em cima de tudo isso contribuindo para engajar mais fortemente o espectador/leitor/jogador. Podemos chamar de animação interactiva, dificilmente se pode qualificar de jogo, mas é simplesmente arte da interactividade. Mesmo a forma como o layout é desenhado é feito no sentido de criar espaço para a participação do interactor. Não temos uma tela cheia, temos muito espaço negativo que vai sendo preenchido de forma animada, e em que por vezes somos chamados a contribuir.

Making of "The Art of Pho"

O tema da banda desenhada surgiu de uma viagem de Julian Hanshaw ao Vietnam em 2006 aonde ele se sentiu envolvido por toda uma outra cultura que mexeu consigo, e o levou a criar o livro The Art of Pho. Pho é o nome dado a uma espécie de sopa vietnamita, e é à volta dela que a narrativa se desenrola, construindo toda uma lógica de análise das relações humanas e da descoberta das raízes de cada um.

Prancha do livro, The Art of Pho (2010)

Em termos visuais é uma obra de autor com uma clara marca na atmosfera, cor e traço. Sentimos que entramos ali, e nos deixamos perder no mundo de Pho. Por outro lado e como diz o próprio Julian, a Lois conseguiu muito bem capturar o essencial da série, e dar-lhe vida, não apenas dinâmica, mas criar pequenas participações com o espectador que o ligam mais ao coração da narrativa. O livro era já muito visual, mas aqui essa dimensão ganha ainda mais relevo, juntamente com a música e a interação.


Vejam os 8 episódios no site do Submarine Channel, e depois vejam o Making Of. E se quiserem mandem vir o livro da Amazon.

outubro 28, 2012

jogo BBC Leonardo

A BBC resolveu produzir a segunda temporada da sua série, Leonardo (2011-2012), para crianças sobre as aventuras de Leonardo da Vinci em Florença e para a sua promoção criou um jogo web. Atraiu-me o facto de fazerem um jogo para promover a série, mas no final acabei por me deslumbrar com a arte de Lois van Baarle de quem ainda há pouco tempo aqui falei.

"the series follows the adventures of the teenage Leonardo da Vinci and his friends in 15th century Florence"

O jogo em si, apesar de ser para crianças limita-se ao básico, corridas num trilho. A variação da perseguição acontece por via do meio de transporte utilizado - moto, submarino, asas e tanque. A ideia até está engraçada, nomeadamente com o facto de a cada corrida conseguirmos instrumentos para construir a próxima invenção de Da Vinci, mas acaba por falhar no modo como estrutura o propósito das corridas, e pior ainda no modo como nos conduz no puzzle de construção de cada máquina. As peças são jogadas para ali e não existe qualquer elemento que permita aferir lógica na construção nem sentir que estamos a progredir. Ou seja, torna-se numa experiência de pura tentativa e erro, perdendo todo o sentido de jogo.




Apesar de tudo a arte de Lois salva o jogo. Toda a história é contada em belíssimas ilustrações 2d criadas por Lois, sendo apenas as corridas realizadas em ambientes 3d de muito menor interesse visual. O jogo é um bom exemplo do que não deve ser feito em termos de design de jogo, por outro lado não posso deixar de enaltecer o interesse da BBC em criar um pequeno jogo para promover a série, o que demonstra uma clara aposta na diversificação de conteúdos e interesse nas novas formas de comunicação.

Jogo de corrida com asas em 3d

Podem jogar no site da BBC e ver mais arte do jogo no site da Lois.

outubro 15, 2012

a arte de Lois

Depois de ontem deixar aqui uma reflexão à volta do talento surgiram algumas conversas no Facebook a propósito do talento não inato para o desenho. Nesse sentido trago aqui o trabalho da ilustradora holandesa Lois van Baarle (1985). A minha grande questão não é saber se o talento é inato, mas é antes dar conta da motivação intrínseca, da necessidade de encontrarmos a nossa predisposição para o mundo porque acredito que é ela que leva o criador a ir muito além dos demais. Interessou-me a arte de Lois mas interessou-me também as suas palavras sobre si e sobre o seu trabalho que conferem o que eu penso. Deixo abaixo essas palavras por entre alguns dos seus melhores trabalhos de ilustração.

Este é um dos últimos trabalhos e demonstra um domínio da luz impressionante.

Alguns de vocês conhecerão Lois van Baarle da animação de fim de curso na Utrecht School of the Arts, Trichrome Blue (2009), mas é na ilustração que ela brilha, e é interessante ver como ela conseguiu criar uma marca própria. Se virem os vários trabalhos da artista no DeviantArt poderão perceber a sua identidade a evoluir no tempo. Quando vemos os seus desenhos actuais sente-se imediatamente a forma dos rostos e olhos e os temas sempre muito ligados à água e às formas enroladas. As cores são outro ponto importante, muito saturadas e a atirar para o excesso de vermelho e laranjas. Por outro lado ela controla muito bem os altos níveis de saturação através da luz, criando zonas de sombra muito expressivas o que contribui para uma dramatização das cenas e demonstra também o amadurecimento da sua arte. É ainda muito interessante analisar o modo como ela desenha a forma feminina, muito mais próxima da forma feminina natural, em forma de pêra invertida. Ancas largas e peito mais delgado em contra-ciclo com o que alguns artistas masculinos nos costumam presentear.



Motivação Intrínseca: [link]
I’ve been drawing my entire life, ever since I was a tiny little kid. It was always something I enjoyed doing and put a lot of time into, which helped me to develop my skills gradually. I started drawing digitally with a mouse when I was 15 and got my first tablet when I was 16, after which I spent a sizeable portion of my free time drawing digitally. All of this was self-taught. When I was 18 I decided to study animation in college, which taught me how to animate, but didn’t teach me a great deal about drawing (besides the influence that animating naturally has on how someone draws). So in short, I taught myself how to draw by spending a lot of time doing it.


Manter-se Motivada: [link]
A few people have approached me with the question of how I stay creative and motivated when I'm in an artblock (which is a phase where you feel unable to draw). Personally, since creating artwork and animation is my profession, I have no choice but to keep creating things, so it's impossible for me to stop drawing entirely even if I don't feel like it. I think it's important to always keep drawing and stay productive even if you are not happy with the results. Usually you'll look back on what you've made later on and be proud of it; at the very least it's important to keep moving forward and strive for improvement. It also helps to find a starting concept for your artwork, such as drawing from life, doing a commission, or participating in forums that choose random subjects for people to sketch. I've always found that making rough sketches (usually based on reference photos) helps me to overcome feelings of artblock and keeps my creativity flowing.



Julgo que para ajudar a criar um ambiente propício à envolvência que estas imagens da Lois merecem, deixo a sua curta de animação, Trichrome Blue, para verem ou reverem, vale sempre a pena rever.

Trichrome Blue (2009) de Lois van Baarle

outubro 01, 2012

ilustração de André Caetano

Descobri agora o trabalho do André Caetano via Paulo Sales e adorei. André Caetano tem 29 anos, vive em Coimbra e é formado pela Escola Universitária de Artes de Coimbra em Design de Comunicação. O seu trabalho divide-se entre a ilustração institucional, a ilustração para livro, e a banda desenhada.

Ilustração para o livro Sem Palavras (2010)

O que gosto particularmente no seu trabalho é o uso de traço grosso, bastante acentuado, que dá vida e dinamismo aos seus elementos. É interessante como o mancha do traço é tão proeminente em alguns dos seus desenhos contribuindo assim para um aumento da intensidade dramática da ilustração. Depois claro que a cor é fabulosa, adoro o facto de trabalhar com temperaturas de luz muito quentes que fazem por vezes até cores frias parecerem quentes, dá-lhe um ar muito aconchegador.

Ilustração para o livro Sem Palavras (2010)

Ilustração para o livro Versos de Respirar (2009)

Mais trabalhos podem ser vistos no seu site, blog, ou no Behance.

Ilustração para o livro Para ti Pai(2011)

Ilustração para o livro Para ti Mãe (2011)

The Ink Forest