novembro 10, 2007

FACOM, Bahia

A convite do José Mamede, actual director do Departamento de Comunicação da FACOM fiz escala em Salvador para dar uma segunda conferência na Universidade Federal da Bahia. Agradeço desde já o convite e toda a disponibilidade demonstrada para me receber. Aqui tive a oportunidade de confrontar o campus de luxo da UNISINOS com um campus de uma Universidade pública do Brasil e ver as abissais diferenças. Apesar de possuir um campus também enorme as condições são diametralmente opostas colocando-nos face aos problemas que o país atravessa.

Assim no dia 9 e depois de ter viajado mais 4000 km em direcção ao norte fiz mais uma palestra, desta vez orientada para um público mais preocupado com questões de comunicação e cinema. Optei assim por abordar as questões da Cinematografia Virtual e da inclusão de agentes autonomos no desenvolvimento de novas técnicas criativas fílmicas. Mais uma vez o público reagiu muito positivamente no final colocando questões pertinentes provocando a reflexão em grupo sobre as temáticas apresentadas.

O almoço no Yemanjá serviu para discutirmos a crise do sistema educativo universitário brasileiro provocada pelo aumento exponencial das universidades privadas. O mercado publicitário aqui no Brasil está carregado de propaganda de universidades privadas que vendem o sonho de um grau, de um papel. Numa grande parte destes casos os cursos nem reconhecidos são, no entanto as pessoas continuam a inscrever-se apenas para poderem ter um papel que confere um suposto grau. Para tratar deste problema o governo de Lula resolveu implementar um sistema chamado de Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) que vai aumentar as vagas nas universidades públicas para o dobro ou mais inclusive com a criação de cursos nocturnos tudo em favor de um ensino público gratuito. Por causa disto já se prevê falências no sistema privado, mas os problemas tambem se prevêem no sistema publico onde o corpo docente nao tem capacidade para aguentar uma duplicação de serviços. Alguns alunos entraram numa revolta tendo mesmo ocupado a Reitoria da UFBA e que neste momento já dura há mais de um mês.

Ainda sobre o sistema de ensino brasileiro fiquei a saber que se prepara para adoptar um sistema semelhante ao sistema de Bolonha embora com algumas variações que me parecem bem mais inteligentes. A redução da licenciatura a 3 anos, com mudança de nome para Bacharelato. O aluno é depois convidado a fazer 2 anos de Profissionalizaçao caso decida ir para o mercado de trabalho directo ou então 2 anos de mestrado caso pretenda continuar na investigação. Depois virá o Doutorado. Realmente faz muito mais sentido que um curso de 3 anos tenha designação de bacharelato e não de licenciatura e depois que os Mestrados possam ser divididos em áreas de profissionalização ou de investigação permitindo que continue a existir uma centelha de qualidade científica nos mestrados e que esta não seja meramente relegada para o 3º ciclo.

Salvador. 9 de Novembro 2007

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