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março 30, 2015

O orgânico na natureza das ondas

Ray Collins é mais um daqueles casos que nos obriga a enfrentar de frente os nossos sonhos para nos questionar: "e tu, porque não tentas?" Daltónico de nascença, mineiro numa mina de carvão da Austrália, em 2007 pegou numa máquina fotográfica para fotografar os seus amigos surfistas, e desde então arrecadou mais de uma dezena de prémios. Existem no momento imensos fotógrafos de surf, mas o estilo de Collins é bem distinto, fortemente marcado pela forma da natureza da onda.



Julgo que o que mais me impressiona nesta colecção de ondas-montanha é a sua organicidade, ou seja a enorme irregularidade da superfície contida pelo invólucro da forma da onda, como se a onda apesar de desprovida de vida, por ser feita de água apenas, demonstrasse rasgos de presença, de sentir, de existência. Isto deve-se à beleza da natureza, das ondas, mas não tenhamos ilusões que o enquadramento e o segundo em que são captadas conta tremendamente para nos fazer sentir assim. É um trabalho fotográfico absolutamente sumptuoso.









Podem ver mais imagens no site do autor.

julho 06, 2014

Torna-te artista, agora!

Kim Young-ha (1968) é um dos escritores mais respeitados da Coreia do Sul. Depois de vários anos como professor na Korean National University of Arts resolveu deixar tudo para trás, ir morar para NY e viver apenas da escrita. Nesta TED, “Be an artist, right now!” dada em Seoul em 2010, Kim Young-ha fala sobre os dilemas que nos impedem de nos tornarmos artistas, as amarras que nos prendem, e aquilo que podemos fazer para as quebrar.



Uma frase vai ficar marcada para mim depois de ver esta palestra “The moment kids start to lie is the moment storytelling begins.”. Se nada mais fosse dito de relevo, esta frase teria sido suficiente para justificar o tempo que investi a ver a comunicação. É algo pelo qual já passei em casa, e já me interroguei, não neste sentido, mas nas razões do seu surgimento. Esta explicação apresentada por Kim Young-ha diz muito, se não tudo, sobre aquilo que somos e porque a arte é tão importante, mesmo quando sabemos, e como ele defende no final, respondendo à questão, “Para que serve a arte?”, “But art is not for anything. Art is the ultimate goal. It saves our souls and makes us live happily. It helps us express ourselves…". Isto porque criar arte é acima de tudo um acto que nos permite depurar aquilo que somos, porque o fazemos pela espontaneidade do nosso devir, emergindo do largar das amarras do dever, envolvido por actos de puro brincar. Como diz Young-ha, "just for the fun of it. Sorry for having fun without you”.

junho 18, 2014

Recriação de grande quadro em 3D

O pintor húngaro Gyula Benczúr pintou em 1896 uma representação em grande escala (705x356 cm) da Recaptura do Castelo de Buda em 1686, ocorrida durante a batalha contra o Império Otamano. Entretanto em 2014 Zsolt Ekho Farkas resolveu dar vida ao quadro e recriar o mesmo totalmente em 3D.




Se a obra de Gyula Benczúr impressiona pela dimensão, quantidade de personagens e detalhe histórico (roupas, objectos e local) o trabalho de Farkas não impressiona menos, já que ele não se limitou a recriar uma parte da obra apenas, mas a obra em toda a sua extensão mantendo o seu aspecto visual praticamente intacto. Tanto que se torna quase impossível distinguir a trabalho final 3D do trabalho pintado.

Para a recriação foram modelados 32 personagens no Lightwave que resultaram num total de 8.5 milhões de polígonos. Para conseguir o efeito final tão próximo do quadro original, foi necessário adicionar 8 layers de cor, 8 bump maps, 4 reflection maps, 4 specular maps e 4 normal maps. No total foi gasto um mês inteiro em modelação, 3 semanas para pintar, e mais algumas semanas para o masking e efeitos finais. Mais detalhes e imagens sobre a reconstrução podem ser vistas no Béhance.

Reconstrução da Recaptura do Castelo de Buda em 1686 em 3D (2014)

Entretanto outros trabalhos do género têm sido feitos, o mais próximo deste será sobre Battle of Grunwald de Jan Matejko reconstruída em 3D, mas por 22 pessoas, da empresa polaca Platige. Outros trabalhos de autores como Picasso, Munch ou Van Gogh têm também sido adaptados..

abril 04, 2014

Poema à criatividade e à vida

Grande poema audiovisual de Salomon Ligthelm, um criativo que trabalha em filme e música. Ligthelm recorre ao que melhor sabe fazer, o filme com uma cinematografia soberba e uma música atmosférica, e disserta sobre o cruzamento entre a vida e a criatividade, no pequeno filme "The Great Abyss" (2014).


Quando nos tornamos pais, o nosso mundo muda, o mundo à nossa volta ganha novos sentidos, aprendemos, crescemos, e como diz Ligthelm, "rendemo-nos", mas isso não nos torna menores, antes pelo contrário... Fica o filme, e abaixo o texto que transcrevi.

“I’ve to work hard, to make anything good… Every artist has some form of insecurity… About what they create… Is it good enough? It’s going to stay at the top? Still speak to people? Is it going to loose relevance?

You can’t worry about these things. You have to create, things there are truthful… truthful to yourself, authentic, and honest… and resonant with these experiences and situations that you gone through…

Often wish there I got to hardest things in life. So it makes my heart richer in some layer, questioning my own identity for some reason. I kind of have to deal with my existence being wrapped up by what I do… And I was confronted with that… I realised that when I had a kid… I want to be very okay with being a dad…

‘Have you surrendered yourself to the great abyss’. Have you come to the end of yourself… when you realise it’s not about you… it’s not about all your talents… because all those things form this persuasive reality, where you find all your validation in what you do… and if you surrender yourself to it, then those things don’t become as important, and you find your creativity again. You find out the reason why you create.

Creativity is fathers. It’s not for yourself. It’s to serve others.”